Prestes a assumir um noivado indesejado, a sonhadora Alice, que passa a infância visitando um mundo mágico e todo especial, acaba sendo atraída e mais uma vez retorna para viver finalmente sua viagem derradeira a Terra dos Sonhos.
Crítica – Por Arnaldo V. Carvalho
—> A nova versão de Alice no País das Maravilhas deixou de ser uma viagem encantada de sonhos que beiram ao psicodélico e faz os adultos pensarem ao mesmo tempo em que diverte as crianças e o lado adulto de cada um, para tornar-se mais um ultra-utilizado clichê da protagonista que cai num mundo polarizado entre bem e mal, e resolve a situação pelo lado do bem.
A película dirigida por Tim Burton, é uma aventura “sessão da tarde”, que se apropria do ambiente e dos personagens do original de Lewis Carrol.
Infelizmente, tal apropriação não preserva a inteligência por trás da loucura onírica observada originalmente em cada personagem, como a lagarta, o chapeleiro, a lebre, o coelho, ou os irmãos Tweedle. Agora, eles aparecem mais humanizados, enigmáticos, sujeitos à regras mais próxims de um mundo lógico, não sonhado. Aparecem por vezes, inclusive, sem adicionar qualquer função à história, talvez para no máximo saudar saudosistas fãs do clássico Disney ou dos livros de Carrol. Personagens geniais são sumariamente descartados, outros aparecem de forma anacrônica em relação ao filme original – como a lagarta azul, que segue lagarta mesmo após ter virado borboleta nas histórias de criança de Alice (sem problemas, caso a mesma não tivesse sido reportada no próprio filme como tendo acontecido anos antes).
Johnny Depp, sem dúvida o queridinho de Burton, como sempre faz seu papel de modo brilhante. O problema é que aqui, seu personagem foi “esticado” para muito além do que deveria, e responde por uma fração do filme que chega ofuscar a personagem principal. O chapeleiro maluco, trama, é transforado em uma espécie de “artista traumatizado”, que vive no máximo uma “loucura” 100% consciente.
Fato é que não se soube decidir por continuar uma história ou criar uma totalmente nova. Fica esquecido que Alice, para os personagens originais, é “Mariana”, e em oposição, todo o Mundo dos Sonhos está a espera da “verdadeira Alice”, ou ainda a “Alice certa”.
A nova rotina de provações por que passa Alice, agora uma moça a entrar na fase adulta não tem a marca do inusitado; Alice também é sempre maior que seus desafios: estar perdida não a desespera. Tudo fica parecendo fácil demais.
A rainha branca não parece de fato boa, somente.. Manipuladora. Mesmo assim, ela é parece ser a opcao possível na hora de se tomar posicao… Sim, o filme sai da idéia de um mundo inconsciente a revelar aspectos não tão claros na mente da Alice menina, como seu próprio crescimento, seus medos etc., e torna-se, como já dito tão somente mais uma guerra entre “bem e mal”.
E assim, finalmente Tim Burton desenlouquece o mundo dos sonhos, e o torna previsível.
Pequenas pérolas cômicas, visual impressionante, e o desejo de que em algum momento o filme traga de volta a magia de Alice de Lewis Carrol, ou mesmo do clássico desenho animado da Disney impede que você desista do filme no meio do caminho.
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Mudanças na produção, falha na divulgação: Imagens da pré-produção se mostram diferentes do apresentado no filme. Nessa image, a rainha branca está com batom carmim.. No filme, vemos um tom quase negro.

Aqui, em mais uma foto típica de pré-produção, já temos o que será a versão final da cor da boca da Rainha Branca; Por outro lado, esqueceram de encolher o corpo (ou aumentar a cabeça) da Rainha Vermelha
NOTA 5 ou ** (duas estrelas!)
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Imagens maneiras do filme:
http://i178.photobucket.com/albums/w268/lamenza/alice-maravilhas-01.jpg
http://conversademenina.files.wordpress.com/2009/08/alice-no-pais-das-maravilhas-filme1.jpg