Publico com orgulho e exclusividade texto do amigo Francisco Miranda. Que seja lido com carinho. Que estimule a consciência.
Arnaldo.
A RESISTÊNCIA AO “O QUE É”.
Dois amigos estavam caminhando, quando um deles percebeu que um individuo estava sendo tragado pela areia movediça. Ele se debatia muito e pedia desesperadamente por algum socorro. Então, o mais jovem dos amigos quis logo ajudá-lo, muito agitado e procurando uma corda para jogar para o infeliz que estava já muito exausto. Nisso, o mais velho e talvez mais experiente disse: espere um pouco, primeiro vamos dizer ao nosso amigo que está afundando que precisa parar de se debater tanto, pois à medida que ele se apavora e se debate, mais afunda. Então, falaram de uma maneira calma para que ele não se debatesse muito e com esta medida, parou de afundar e logo jogaram uma corda que o salvou daquele atoleiro.
Mais tarde, depois desse episódio, o mais novo elogiou o amigo por ter dado uma boa orientação que, afinal de contas, ajudou muito na salvação daquela pessoa. Porém, o amigo mais velho disse o seguinte: infelizmente, na nossa vida, por força dos instintos, queremos usar no plano psicológico dos mesmos instrumentos que usamos no plano físico, sempre resistindo a alguma agressão que vem de fora, ou melhor, sempre resistindo a alguma coisa que poderá nos levar à morte. No plano psicológico, a coisa é bem diferente, voltando ao incidente do nosso amigo que se salvou, ele teria que parar de se debater também, mas não precisaria pedir nenhum socorro, a não ser uma boa orientação, pois neste caso, para se salvar e se sentir bem e integrado, teria que afundar literalmente e morrer, o que não deixa de ser paradoxal, pois desta maneira, todos os processos egotistas findariam e ele nasceria de novo, mais estruturado. É assim que o processo é realizado em toda terapia bem feita, quando o individuo tem que aceitar o que é, a sua verdadeira realidade, o seu verdadeiro eu, que o levará a morte psicológica. Então, em todos os processos semelhantes ao exemplo da areia movediça, claro, no plano psicológico, temos que perceber que a solução encontra-se na não resistência, quando temos que encarar o que é, sem qualquer máscara, sem qualquer condenação, justificativas e outros mecanismos de fuga do momento existencial.
Niterói, 24 de março de 2010
Francisco Miranda.
* Francisco Miranda é psicólogo