Já tem algum tempo que os adeptos naturalistas, terapeutas, naturebas de plantão, etc., vem indicando o uso tecidos a base de fibra de bambú, seguindo a idéia de serem mais ecológicos, naturais, hipoalergênicos, etc – e tão respiráveis como o algodão. Dentre toalhas, meias, cuecas, guarda-sóis, camisetas, meias, vestidos, etc., a peça que mais se destacou sem dúvida foi a calcinha, que é sempre vendida em lojas como uma alternativa ao algodão, e sempre sobre o apelo do “natural”. O tecido tem uma maciez e uma elasticidade que o tornam realmente muito aprazíveis ao primeiro contato – e por isso mesmo destaca-se em peças que entram em contato direto com a pele, caso de calcinhas e meias. Consegue fixar cores bonitas também. Mas… é uma fraude.
Sim, as roupas de fibra de bambu na verdade são peças de VISCOSE, onde no fabrico se adiciona celulose proveniente de algum vegetal. As indústrias chinesas, pela abundância e facilidade do bambú, passaram a adotar essa planta como fornecedora de celulose para seus tecidos… E teve a “feliz idéia” de anunciar aos quatro ventos que havia surgido um novo tecido, baseado na fibra de bambú; e lhe atribuiu propriedades fantásticas que são simplesmente… propriedades fantasiosas. Sério isso né?
Pois é.
Para piorar, a Viscose utiliza em sua fabricação o dissulfeto de carbono, um produto altamente nocivo ao meio ambiente, e para complicar de vez, algumas das anunciadas propriedades, como proteção contra Ultra Violeta (UV) e propriedade antibacteriana também são engodos.
É propaganda enganosa, de ecológico não tem nada, e de tecido naturalzinho tem muito pouco. Da próxima vez que for comprar uma roupa e verificar que ela é “de fibra de bambú”, portanto… Pense duas vezes.
Arnaldo V. Carvalho
PS: Pesquisei bastante antes de publicar esse texto, que deveria ser enorme e cheio de detalhes técnicos. Mas tais textos já existem, são bem feitos e muito completos. O principal nome a denunciar a farsa do tecido de bambú no Brasil é Hans-Jürgen Kleine, e sua denúncia figura dentre as demais de grande clareza e relevância que constam abaixo.
Sites que você precisa ler se quiser saber mais:
http://www.ecotece.org.br/conteudo.php?i=46
http://www.sitiovagalume.com/bambu/bambusc/a-fraude-das-falsas-fibras-texteis-de-bambu/
http://www.nossoambiente.com/index.php?exe=noticia¬icia_id=365
http://sindara.net/2010/03/tecidos-ecologicos-fibra-de-bambu/
No Fashion BUSINESS RJ (janeiro de 20011)a empresa BAMBOO R MARLES propagou que já estavam produzindo tecido biodegradável, ecologicamente correto usando como matéria prima a fibra de bambu.
Depois de ler essa matéria, fico pensando como podem deixar uma empresa desse porte distribuir brindes com amostras dos “prováveis tecidos de fibra de bambu”, para um evento ligado à moda, tão importante e que nós enquanto professores, na área de Moda, incentivamos nossos alunos a participarem e terem informações erradas.
Parabéns pelo artigo tão informativo.
Pois é Célia, não tenho nada contra o tecido, só sou contra a propaganda enganosa! Fico satisfeito quando recebo mensagens como a sua, pois é a prova de que temos muitos professores interessados em bem informar, não engolindo tudo o que a indústria passa como “suprema verdade”.
Um abraço, sucesso e prosperidade sempre!
Arnaldo
Mas esse tecido pelo menos refresca como dizem ? por que pior que tudo isso é ter que suportar um calor dos infernos tendo que usar camisas e uniformes de tecidos comuns e quentes, (nem todo mundo tem carro com ar condicionado e trabalha no fresquinho).
A respiração da fibra de bambu não é boa como o algodão mas é razoável, um pouco menos que o cotton talvez…
Gostaria de saber como eu posso comprar malha de diversas cores da fibra do bambu. Com boa qualidade.
Se faz de tudo para justificar preços ,vale muito se informar antes …foi o que fiz, se houver algo publicado rebatendo com esta pesquisa gostaria de saber.
Tenho uma camiseta feita com malha de bambu e fico surpresa com as informações acima! Em relação à ação térmica, não tenho do que reclamar. O efeito é formidável. Inclusive, estava navegando na internet em busca de comércio eletrônico para as peças, pois comprei no Rio de Janeiro e não tenho previsões para voltar à loja. Vou ler as reportagens técnicas também!
OS sites q vc forneceu estao fora do ar todos
Olá Rodrigo, a matéria é antiga e não fui mais conferir. Seria preciso uma nova pesquisa, mas infelizmente não disponho de tempo no momento. Caso descubra os novos endereços e queira compartilhar, ficaremos mui gratos!
Um abraço, Arnaldo