Observem a imagem acima. Ela veio num pequeno panfleto religioso cristão que recebi pela rua. Vejam que na ilustração os humanos colhem frutos e convivem carinhosamente com um leão, um urso e vários pássaros. Essa ilustração é referência a uma passagem bíblica: ”
…” E o lobo,de fato, residirá por um tempo com o cordeiro e o “próprio leopardo” se deitará com o cabritinho, e o animal cevado, todos juntos; e o pequeno rapaz é que será o condutor deles.” Isaías 11:6-9
Muitos cristãos acreditam nessa utopia de paraíso, como fato. Não é de meu interesse questionar crença nem apontar para esta ou aquela religião. Mas como amante da natureza, me pergunto de que viverá o leão. Tornar-se-á, ele e o lobo e o leopardo e o próprio ser humano, todos eles vegetarianos? Talvez os religiosos que pregam a esperança desse “paraíso onde todos são amigos” devessem talvez começar dando o exemplo. Mas não. São tão carnívoros como os outros. Mas a frase final.. A frase final é que o “pequeno rapaz” os conduz. Ou seja, o ser humano finalmente terá o domínio completo sobre os demais animais, que serão criaturas passívas a disposição do macaco nú, que se acha mais filho de Deus do que os outros. Afinal de contas, foi feito a imagem e semelhança Dele… Só que Ele não disse os demais seres não o são!
O texto é para levantar a esperança de quem adere a religião que produziu os panfletos, e assim conseguir adesões. Eu bem que gostaria de me converter. Mas acho que eles precisarão melhorar mais o cenário do futuro de paz entre homens e animais. Se escrevessem que o ser humano conhecerá melhor a natureza da vida, e respeitará assim a natureza individual de cada ser vivente, e a incentivará, de modo que o ciclo vital de todas as espécies terá espaço para ocorrer, e o ser humano não mais causará tantas interferências nocivas, mas aprenderá a conviver de forma totalmente sustentável e harmônica. Ah isso já me atrai.
Eu realmente vou adorar me juntar a humanidade inteira que em uníssono acreditará que o futuro será melhor, mas que não vai esperar cair do ceu. Praticarei fervorosamente a doutrina dessa religião comum, que permitirá o amor acontecer da concepção ao parto, do parto ao primeiro ano, do primeiro ano ao último. Assim se cumprirá uma outra esperança, iluminada no mesmo panfleto:
“Ele julgará entre as nações e resolverá contendas de muitos povos. Eles farão de suas espadas arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não mais pegará em armas para atacar outra nação, elas jamais tornarão a preparar-se para a guerra.” (Isaías 2:4)
Ele… somos nós! AO TRABALHO!
Arnaldo V. Carvalho