Arnaldo V. Carvalho*
Há semanas, José Beltrame, o secretário de segurança com maior longevidade na história do Rio de Janeiro, concedeu uma entrevista de “despedida” em primeira mão para a TV Globo.
Beltrame foi claro a comparar o Estado a um doente, chamando de “anestesia” as megaoperações que iniciaram a “era UPP“, e que por algum tempo reduziram parte da violência e criaram certo clima de estabilidade em muitas comunidades dominadas pelo crime.
“Se a cirurgia que deveria ocorrer após a anestesia ocorreu, e se foi bem feita ou não, isso aí é que tem que ser discutido”.
Suas palavras combinam com a do criador do projeto “Papo de Responsa” da Polícia
Civil, o policial Beto Chaves. Em visita (de minha turma de faculdade) ao projeto, na Cidade da Polícia, ele nos disse: “O Estado deixou de aproveitar. Quem deve estar nessas comunidades não é a secretaria de segurança, mas a de educação, de saúde, de trabalho, e de esportes, cultura e lazer”. Com certeza!
Em suma, foi desperdiçada mais uma vez uma grande chance para o Rio de Janeiro transformar-se (o que faz parte do pacote de possibilidades positivas levantadas ainda no governo Cabral, tristemente roubadas de nós pelos meios mais diversos e escusos).
Essa foi uma esperança de alguns poucos, e a prática de nenhum dos governantes. O tempo da “anestesia” das UPPs do acabou, e a dor voltou aos cariocas, que estão acordando ainda de peito aberto.
* Arnaldo V. Carvalho, cidadão carioca
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