Para uma tarde de chuva que não se quer que acabe nunca.
Que todas as pessoas do planeta tenham o direito de viver tardes assim.
Para uma tarde de chuva que não se quer que acabe nunca.
Que todas as pessoas do planeta tenham o direito de viver tardes assim.
Nessa quarta (24/06/2020) estarei nessa live com a obstetra Heloísa Lessa, grande autoridade em parto ecológico do Rio de Janeiro. Conversaremos sobre mais um tema referente às contribuições científicas de Michel Odent para a humanidade: a enorme abrangência e alcance de seu pensamento.
Conhecido por sua atuação no cenário do nascimento, Odent, que completa 90 anos agora em julho, segue altivo na busca por formular perguntas cruciais à vida humana; Para tanto, combina os mais diversos campos da ciência de forma surpreendente.
Odent não se absteve de discutir acerca de polêmicas e propostas revolucionárias impressas em livros de diferentes áreas do saber. Como exemplo, menções surpreendentes ao Homo ludens de Huizinga, à medicina oriental e A função do Orgasmo de Wilhelm Reich constam em suas diversas obras.
Saberes não científicos, porém, por vezes seguem como base de inspiração para Odent filosofar em torno de dados recolhidos e analisados em pesquisas realizadas pelas grandes universidades do mundo. Seus pensamentos não tergiversam deixando pontas soltas ou sem afluírem para algo prático: tudo converge para uma necessidade, cuja urgência é anunciada de forma cada vez mais impactante, a cada livro que escreve, a cada palestra que oferece.
A quem deseja entender a atualidade do longevo cientista e professor, basta dizer que seu último livro, publicado em fins de 2017, utiliza em boa parte citações de trabalhos científicos com menos de dez anos – com uma amostra significativa de artigos publicados menos de um ano antes de sua escrita. Sempre foi assim.
Para uma humanidade que ainda tenta entender “quem somos, de onde viemos e para onde vamos?”, a obra de Odent despe o Homo de sua cultura e oferece pistas fundamentais acerca de nossa natureza e a escolha por respeitá-la – em nome da sobrevivência da espécie.
Vejo vocês lá!
ARNALDO
(…) apenas para uma pequena minoria é possível combinar produção e contemplação. O mundo tem que ser virado do avesso para que esse direito de ação e introspecção seja privilégio de todos. Mas é preciso mais do que isso: é preciso interrogar essa ação e essa contemplação. Quando agimos é no interesse de quem? Na maior parte das vezes, agimos ao serviço de ditames sutis de um patrão invisível.
(Mia Couto, 1955-)
“(…) José Saramago falava dessa cegueira coletiva. As novas ditaduras já não precisam de ditadores. Usam-nos, depois de nos roubar a visão crítica do mundo. Ainda agora há apelos para voltar à normalidade (sair do isolamento social). A economia deve continuar, dizem. Mas que normalidade e que economia estamos a falar? Num país como Moçambique a aplicação cega das soluções implementadas em outros países seria um desastre social e humanitário de proporções gigantescas. A maior parte da nossa sociedade sobrevive na esfera da economia informal. Essa economia continua a ser invisível aos olhos dos governantes, ainda que ela ocupe a maioria da população”.
(Mia Couto, 1955-)