Não são de Paulo Freire

Frase e poema a ele atribuídos não são deles.

Não é dele.

A bela citação “a educação não muda o mundo, a educação muda as pessoas, as pessoas mudam o mundo” NÃO É de Paulo Freire. É de Carlos Rodrigues Brandão. Segundo o Instituto Paulo Freire (IPF), a referência correta é: BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Minha Casa o Mundo. Aparecida-SP: Ideias & Letras. 2008, p. 164.

Sesc São Paulo - Ciclo Educar Hoje - Carlos Rodrigues Brandão | Facebook
Carlos R. Brandão

Na real, a frase de Brandão, na íntegra, é:

Paulo sabia bem que por conta própria a educação não muda o mundo. A educação
muda as pessoas. As pessoas mudam o mundo
.

Pelo menos foi assim que a encontrei em outro livro de Brandão (esse eu tenho), “Paulo Freire, educar para transformar: fotobiografia”, publicado pela Mercado Cultural em 2005.

A confusão, no entanto, não é a toa. Carlos R. Brandão (1940-), livre docente da UNICAMP, é um importante educador Freireano. Eu o li algumas vezes. Na primeira, anos atrás, no livrinho de bolso da Coleção Primeiros Passos “O que é Método Paulo Freire”. Para a educação, Brandão escreveu ainda nesta coleção “O que é educação”, “o que é educação popular”, e ainda “O que é Folclore”. Mas ele escreveu dezenas de livros, sobre a educação amorosa, pacífica e crítica. E sobre Paulo Freire – com certeza! Desde o retorno ao exílio Brandão foi amigo de Paulo Freire e com ele fez muitas viagens.

Ele dá um recado interessante nesse vídeo:

“A Escola”

O poema “A Escola” também não é dele. Segue a resposta original do IPF:

  • De acordo com os filhos de Paulo Freire, esse poema não foi escrito por ele e sim por uma educadora que estava assistindo a uma palestra dele. Com base no que ouvia, ela foi escrevendo o poema utilizando frases e ideias de Freire. No final da palestra aproximou-se dele e lhe entregou o papel, sem se identificar. Freire nunca publicou esse poema em nenhum de seus livros, embora suas ideias sobre a escola tenham sido captadas pela autora e traduzidas no poema. 

Seguem aí meus amigos, mais uma libertação da verdade, pelo fim dos apócrifos. Não precisamos de falsas autorias, por propósito algum. Precisamos, por outro lado, conhecer a verdadeira assinatura por trás das escritas ou as fontes confiáveis, a fim de que o estranhamento seja o primeiro passo para a a verdade.

Arnaldo V. Carvalho, pai, escritor, educador, terapeuta e caçador de apócrifos nas horas que não tem.