Patrícia Bastos e Dante Ozzetti + Luedji Luna

Fazia tempo que não me impressionavam as vozes novas da MPB. Mas assistam esta cantora amapaense com quem “esbarrei” na Internet:

Seu parceiro é Dante Ozzetti, um violonista e arranjador premiadíssimo. Não para menos. At last but not least, deixo um vídeo impactante em que ela e Ledji Luna tocam juntas e se apresentam, em um quilombo no Amapá (Curiaú) pelo festival Mana 2021. Que coisa linda.

Dia do Rock: Todos convocados a ouvirem Rosetta Tharpe!

Venham comigo! Neste momento, estudo para o doutorado, ao som de Sister Rosetta Tharpe, considerada a madrinha do Rock’n Roll. Que voz, que guitarrista!

Conheça, ouça, curta, homenageie o rock e suas raízes, contendo um pouco de gospel, blues e com o toque “roll” da guitarra de Tharpe.

“Não é o tipo de imagem que estamos acostumados a pensar na história do rock’n roll. Não pensamos na mulher negra que está por trás do jovem homem branco”.

Gayle Wald

(…) há um pouco dela em todo rock’n roll.

Anthony Heilbut

E abaixo um documentário sobre mais essa diva do rock’n roll!

Ninguém precisa gostar de samba…

… Para entender o recado da Mangueira em 2019. (Arnaldo)

Samba-Enredo 2019 – Histórias Para Ninar Gente Grande

Fonte: https://www.letras.mus.br/mangueira-rj/samba-enredo-2019-historias-para-ninar-gente-grande/

G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira (RJ)

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões

Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões

Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra

Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato

Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati

Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês

Beatles barroco (II)

Segue mais uma transposição de canções dos Beatles para arranjos clássicos típicos do Barroco. Estes foram feitos pelo Shin’ichirō Ikebe (1943-), um respeitável compositor clássico japonês que leva créditos em uma série de trabalhos, inclusive composições magistrais feitas para filmes de Akira Kurosawa como Sonhos e Rapsódia em Agosto. A proposta aqui é bem mais literal do que aquele realizada por Rifkin e recomendada aqui na semana passada. Ouve-se, também, o aparecimento de grandes músicas do cenário clássico usadas como arcabouço para algumas peças, como por exemplo na inaugural Let it Be, que emerge de uma abertura a lembrar o Cânone em Ré de Pachelbel, ou a entrada beethoviana de Ticket to Ride. Mesmo com boas ideias, considero que o álbum teve menos sucesso – e certamente menos originalidade – que a tentativa de Rifkin. E você, o que acha?

Beatles… Barroco?


Joshua Rifkin (1944-) é musicólogo, maestro, pianista e professor da Universidade de Boston, EUA. Em algum momento de sua longa carreira, resolveu portar algumas música dos Beatles, na chave “como seriam se fossem escritas nos tempos da música clássica barroca”? O resultado é esse incrível álbum, “The Baroque Beatles Book”, um incrível exercício musical. Para quem como eu é amante tanto de música barroca quanto dos Beatles, uma maravilha! Destaque para os títulos das músicas, devidamente rebatizados com muito bom humor e gosto. Não deixem de apreciar, em especial,
Les Plaisirs (Ticket to Ride) e When I was young (Help!).

Violeta Parra em animação emocionante

A vida da musicista e folclorista chilena Violeta Parra repassada em 20 minutos, mas com extrema sensibilidade nesta incrível animação:

Vale cada minuto!

Obrigado irmão Altamiro pela indicação!

Para você sempre saber qual é a música

Por Arnaldo V. Carvalho*

Tem hora que você quer saber qual é a música que está tocando na rádio, na rua, ou na sua cabeça. Bem, a tecnologia que está na sua mão pode te ajudar em qualquer circunstância! Seguem aqui 3 opções:

1) Identificador de música do Assistente Google (para o celular)

Aí você se encantou com uma música que está tocando no rádio do Uber em que você está. Mas quem está cantando? Qual é o nome?

Tem vários jeitos de saber! O mais fácil é pedir ao Assistente Google no seu celular (Android). Ativa ele e pergunta pro celular: “que música é essa?”. Ele vai “ouvir” a música e identifica-la para você!

Reprodução

Para saber mais sobre como usar esse recurso, vá no artigo original do Olhar Digital: https://olhardigital.com.br/dicas_e_tutoriais/noticia/melhor-que-o-shazam-como-identificar-musicas-por-meio-do-google-assistente/78636

2) Um app para o seu celular: Soundhound ou Shazam:

Esses são apps concorrentes, você baixa e aciona quando quer reconhecer uma música. Não sei dizer qual é melhor, nem se vencem o recurso do Google. Já usei satisfatoriamente o Shazam. Se você tem a experiência com algum deles, por favor escreva nos comentários que será útil para os leitores!

3) A música está só dentro da sua cabeça? Murmure ela para o Midomi!

midomi.jpg

Eu fiz meu “hmm.. mmm” no Midomi e ele colocou a música certa (Eye in the Sky do Alan Parsons Project) como primeira opção!

Esse site é sensacional, e pode ser acessado direto do seu computador. Basta murmurar a música com hum-hum-hum ou nã-nã-nã… rs, e ele te retorna a música provável ou opções do que poderia ser… Sensacional!

Midomi também é uma rede social de “karaokê”. As pessoas podem gravar sua voz cantando “a seco” (voz pura), ou seu solfejo, ou mesmo fazer uma produçãozinha melhor. Assim é possível escutar muitas versões caseiras, espontâneas e amadoras das músicas que você gosta… Ou gravar as suas próprias.

* Arnaldo V. Carvalho, pai, pedagogo, terapeuta e entusiasta do compartilhar coisa boa ou que faz pensar.

 

Diáspora

Diáspora

Acalmou a tormenta
Pereceram
O que a estes mares ontem se arriscaram
E vivem os que por um amor tremeram
E dos céus os destinos esperaram
Atravessamos o mar Egeu
Um barco cheio de Fariseus
Com os Cubanos
Sírios, ciganos
Como Romanos sem Coliseu
Atravessamos pro outro lado
No rio vermelho do mar sagrado
Os center shoppings superlotados
De retirantes refugiados
You
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Onde está
Meu irmão sem irmã
O meu filho sem pai
Minha mãe sem avó
Dando a mão pra ninguém
Sem lugar pra ficar
Os meninos sem paz
Onde estás meu Senhor
Onde estás?
Onde estás?
Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Há dois mil anos te mandei meu grito
Que embalde desde então corre o infinito
Onde estás, Senhor Deus?
Atravessamos o mar Egeu
O barco cheio de Fariseus
Com os Cubanos
Sírios, ciganos
Como Romanos sem Coliseu
Atravessamos pro outro lado
No rio vermelho do mar sagrado
Os center shoppings superlotados
De retirantes refugiados
You
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Onde está
Meu irmão sem irmã
O meu filho sem pai
Minha mãe sem avó
Dando a mão pra ninguém
Sem lugar pra ficar
Os meninos sem paz
Onde estás meu Senhor
Onde estás?
Onde estás?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
Where are you?
**Arnaldo Antunes / Carlinhos Brown / Marisa Monte)**
(Citações: início do Canto 11 de *O Guesa*, de Joaquim de Sousândrade e trecho de *Vozes d’África*, de Castro Alves)
Arnaldo Antunes: voz e palmas
Marisa Monte: voz, violão e palmas
Carlinhos Brown: voz, eletrônicos artesanais, palmas, cajóns, afoxés, baixo, Hammond, karkabou, bacurinha, bateria e beatbox
Cezar Mendes: violão e palmas Dadi: violão aço, palmas, guitarra, guitarra sitar, Hammond e baixo
(Rosa Celeste (Universal Publishing MGB) / Candyall Music (SLEM) / Monte Songs (Sony ATV )
Letra de Diáspora © Universal Music Publishing Group, Sony/ATV Music Publishing LLC

 

Um ano depois, prisão e exílio.

Resultado de imagem para Caetano Veloso 1968

Mas é isso que é a juventude que diz que quer tomar o poder? Vocês têm coragem de aplaudir, este ano, uma música, um tipo de música que vocês não teriam coragem de aplaudir no ano passado! São a mesma juventude que vão sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada. Hoje não tem Fernando Pessoa. Eu hoje vim dizer aqui, que quem teve coragem de assumir a estrutura de festival, não com o medo que o senhor Chico de Assis pediu, mas com a coragem, quem teve essa coragem de assumir essa estrutura e fazê‑la explodir foi Gilberto Gil e fui eu. Não foi ninguém, foi Gilberto Gil e fui eu! Vocês estão por fora! Vocês não dão pra entender. Mas que juventude é essa? Que juventude é essa? Vocês jamais conterão ninguém. Vocês são iguais sabem a quem? São iguais sabem a quem? Tem som no microfone? Vocês são iguais sabem a quem? Àqueles que foram na Roda Viva e espancaram os atores! Vocês não diferem em nada deles, vocês não diferem em nada. E por falar nisso, viva Cacilda Becker! Viva Cacilda Becker! Eu tinha me comprometido a dar esse viva aqui, não tem nada a ver com vocês. O problema é o seguinte: vocês estão querendo policiar a música brasileira. O Maranhão apresentou, este ano, uma música com arranjo de charleston. Sabem o que foi? Foi a Gabriela do ano passado, que ele não teve coragem de, no ano passado, apresentar por ser americana. Mas eu e Gil já abrimos o caminho. O que é que vocês querem? Eu vim aqui para acabar com isso! Eu quero dizer ao júri: me desclassifique. Eu não tenho nada a ver com isso. Nada a ver com isso. Gilberto Gil. Gilberto Gil está comigo, para nós acabarmos com o festival e com toda a imbecilidade que reina no Brasil. Acabar com tudo isso de uma vez. Nós só entramos no festival pra isso. Não é Gil? Não fingimos. Não fingimos aqui que desconhecemos o que seja festival, não. Ninguém nunca me ouviu falar assim. Entendeu? Eu só queria dizer isso, baby. Sabe como é? Nós, eu e ele, tivemos coragem de entrar em todas as estruturas e sair de todas. E vocês? Se vocês forem… se vocês, em política, forem como são em estética, estamos feitos! Me desclassifiquem junto com o Gil! junto com ele, tá entendendo? E quanto a vocês… O júri é muito simpático, mas é incompetente. Deus está solto! Fora do tom, sem melodia. Como é júri? Não acertaram? Qualificaram a melodia de Gilberto Gil? Ficaram por fora. Gil fundiu a cuca de vocês, hein? É assim que eu quero ver.
Chega!

(E canta É proibido Proibir)

Minha mãe ganhou um disco (CD) do Caetano. Eu me lembro. Ficou esquecido ao lado da vitrola, fui eu quem resolveu botar para tocar. Outras Palavras era o nome do álbum. De fato, algumas músicas dali eu ouço muito pouco por aí, não estão entre as mais populares. Eu amo aquela, quando ele fala: “como dois robôs, mas ninguém mais quente que nós, DE QUE NÓS”. Não sei de quando é o disco. Sei que fiquei muito assustado quando dele começaram a sair berros. Um som estranho, uma guitarra intrépida que tentava vencer os gritos. Eram vaias.

Irrompe a voz de Caetano.

Possesso.

Possuído.

Soa o medo, mas soa muito mais a coragem. Quanta força. SABE O QUE ESTÃO PARECENDO? MATAR AMANHÃ O VELHOTE INIMIGO QUE MORREU ONTEM! Não precisei escutar de novo. Nem reler. Ouvi e gravei para sempre essa frase. E também: QUEM TEVE CORAGEM DE ENTRAR E SAIR DAS ESTRUTURAS, FOI GILBERTO GILLLL!!! GILBERTO GIL E FUI EU!!! Eu era jovem, tinha o quê? Vinte anos? Nunca esqueci do arrepio no braço e na coluna, indo até o alto da cabeça, enquanto ouvi aquilo. Estremeci em seguida. Para todo e qualquer amigo que chegava, eu mostrava essa faixa. Não entendia completamente o contexto, mas sua força. Todos se impressionavam.

Não se falava de ditadura na minha casa. Não era proibido, acho que em casa nada era muito proibido. Simplesmente não se falava. Talvez porque fosse passado.

Não existia Internet.

Fiquei com o discurso, e compreendi a crítica à cegueira da juventude, que segue votando errado, segue apostando em causas inúteis. Não é culpa nossa (falo como o “Eu” jovem que escutou o CD pela primeira vez). E não é mesmo.

Merecíamos chegar nessa idade tão potente bem mais preparados para compreender o lugar onde estamos e o que é preciso fazer.  (Arnaldo V. Carvalho)

***

Agora tem Internet, tem acesso fácil. Caetano e gravadoras do Caetano, espero que não se importem com essa humilde postagem.