Feliz Dia da Marmota pra Vocês!

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Então chegou.

A conjuntura atual no Estado do Rio de Janeiro (e do Brasil, e do mundo) fez muita gente daqui torcer para chegar. Um novo ano, um ano diferente, um respiro para a vida, que 2015 foi um sufoco.

 

Mas o ano não será diferente, a menos que se consiga ultrapassar o fatídico dia da marmota. É isso mesmo! Você, que acordou no 2016, acordou quase o mesmo. Olhe-se no espelho. Tudo igual. Olhe sua vida. Tudo igual?

 

Então vai ser assim, vai continuar sendo Dia da Marmota para você, a menos que as promessas não fiquem nas promessas, e principalmente, que você viva o que tem de ser vivido. O Feitiço do Tempo consiste em mais do que fazer só o que gosta, gostar do que se faz.

 

Então eu desejo que você que me lê tenha um FELIZ DIA DA MARMOTA!

Grande abraço a todos,

Arnaldo

PS: Alguém notou alguma referência ao velho filme estrelado por Bill Murray em 1993? Pois vou contar um segredinho a quem gosta de ler post scriptums: “O Feitiço do Tempo”, (Groundhog Day) foi nosso filme de Ano Novo, aqui em casa. Eu pessoalmente tinha assistido na época em que o filme saiu, já não lembrava de nada (só do sentido geral), de modo que tal experiência não influenciou muito na escolha, para além da ideia de ser um filme “família”. Escolhemos em cima da hora, pouco antes da virada, e vejam que curioso, o filme terminou faltando três minutos para meia-noite. Filme  que agrada a adultos, adolescentes e mesmo crianças não muito novas, é uma “sessão da tarde” gostosa, de texto interessante, diálogos atemporais, bom ritmo… Algo vai lembrar ao conto de Natal do Charles Dickens (uma pessoa não muito legal passa por uma “experiência mística” ligada ao tempo e que acaba transformando seu caráter – incluindo apologias ao altruísmo etc.). Fica aqui a microresenha do filme, escondida na mensagem de ano novo, através desse PS. Só entende a profundidade do meu desejo de Ano Novo para o mundo, quem assistir. 🙂

Apócrifos tendenciosos: “militar é incompetente” jamais poderia ser do Millôr.

Recebi por e-mail mais um apócrifo, dessa vez atribuído a Millôr Fernandes. O texto é uma apologia à ditadura militar brasileira que governou o país por quase um quarto do século XX. Quem substituiu a autoria verdadeira pelo nome de Millôr parece se prover da ironia, tendo o cartunista combatido com sua “arma-caneta” tal regime (aos mais novos lembro que Millôr Fernandes foi um dos ativos artistas de “O Pasquim“), e inclusive tendo sido perseguido por ele.

Não vou reproduzi-lo aqui, pois seria dar bola de mais para o que não merece. Mas ele pode ser encontrado neste link. Caso um dia tenha disposição poderei contrapor os argumentos do texto com uma infinidade de outros, para tornar o cenário menos irreal.

Vejam o que diz o próprio Millôr sobre o texto:

Seu verdadeiro autor é Anselmo Cordeiro (veja a carta do próprio em http://elvisrossi.blogspot.com.br/2011/06/militar-e-incompetente-demais-militares.html). Ele se orgulha. Eu sentiria vergonha. Aliás, sinto. Vergonha alheia.

Arnaldo.

NOTA DO DIA 30/07/2017: Fui alertado pela leitora “liaseal” de que o vídeo saiu do ar, e o link para o texto estaria quebrado. O link pelo que visitei, voltou ao ar. Já o vídeo, sumiu e não encontrei nem uma outra na Internet, no momento. Deixo aqui como “compensação” e prova do repúdio de Millor ao texto e à equivocada atribuição de autoria, um comentário do próprio em sua página oficial:

– Bom dia Millôr. Recebi um texto intitulado “Militares nunca mais” que fala sobre as atividades desenvolvidas por militares durante o regime militar. O que eu gostaria de saber é se o texto foi realmente assinado pelo Senhor e em qual meio foi publicado originalmente. Sou um leitor assíduo de seus textos e admirador de suas charges e até então não havia visto esse tal texto. Fico grato se puder me responder. Atenciosamente,
Cristiano, Curitiba-PR

Caro Cristiano – acho o texto primário. Que posso fazer? É o lado escroto da Internet. Abrassão. O Millôr.

FONTE: http://www2.uol.com.br/millor/aberto/email/061.htm

 

O Segredo… Mastigadinho!

Esse também é um texto velho, eu resumi na época em que li e assisti “O Segredo”. Naquele tempo era assim: Alguém fazia você assistir “Quem somos nós”. Depois apareceu “O Segredo”, que tinha um dos participantes do documentário anterior. E seguido a esse, diversos outros livros e filmes seguindo a linha de uma “autoajuda quântica” surgiu. Em especial com autoria de quem participou do Quem Somos nós. “O Segredo” poderia ser resumido em poucas linhas. Aqui está um esquema geral do que fazer para obter prosperidade, de acordo com o vídeo/livro. Não adianta só saber racionalmente como fez este blogueiro aqui. Tem que transformar isso em atitude e ação, é claro. Boa sorte!

Arnaldo

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 O SEGREDO

Os princípios da Lei da Atração resumidas para meus leitores em “3 R’s”

Por Arnaldo V. Carvalho

A LEI DA ATRAÇÃO começa com escolher bem os pensamentos e sentir-se bem!

(como se fosse mágica né, “quero ficar bem” e “PUFF”; bem, não importa, a direção do pensamento só é bem coordenada se você insiste. vá em frente!)

REQUERER > RESPONDER > RECEBER

1) Requerer: Assinale seus desejos, coloque-os no papel, pense neles, sonhe com eles. Coloque ao Universo o que realmente quer.

(atenção, isso funciona se seu princípio de realidade é adequado. Não adianta querer se transformar em um camelo por exemplo, isso não vai acontecer. Deseje um desejo humano!)

2) Responder: Haverá sinais de que o Universo está se manifestando ante a seu desejo. É preciso segui-los, agir de acordo.

(se a sensatez conduz a prosperidade, então aqui vive o segredo do “Segredo”)

3) Receber: Entusiasmo e alegria, gratidão… Comemorar os resultados é fundamental, sacramenta a realização e prepara para outras!

.

Dicas Complementares e fundamentais

** Simule para que você tenha o sentimento de já ter o que deseja. veja-se lá.

** O Universo não gosta de moleza. Você que algo? Não pense duas vezes. AÇÃO!

** Quanto tempo leva? Depende do seu alinhamento com o Universo. Os movimentos são proporcionais a isso.

** Cuidado! Quanto mais você pensa na situação, mais você a atrai.

** Gratidão: Reforço da atração do que você quer.

** Crença de esforço: Se você cresceu onde se acredita que só com trabalho duro se gera dinheiro, mude, correndo, de preferência para a mentalidade: “dinheiro flui, fácil”.

** O que você resiste, persiste.

Se acredito que dá certo? Na verdade, isso me importa menos.A conquista de uma mentalidade de ação, observação de sinais para sintonizar-se com a realidade e valorização do que se é, tem e vive é o segredo do segredo, obtível antes mesmo de qualquer eventual “prosperidade material”. Vale, portanto, o exercício. Arnaldo

Escova de Dentes eficiente e natural – Conheça!

Um desafio da naturopatia é a promoção da saúde oral adequada, tendo em vista:

– que ela é ponto de partida de um todo maior;

– ela abriga diversas correlações somáticas / reflexologicas;

– é ponto de contato com o Outro e com a Natureza;

– é área posicionada em ponto estratégico (abaixo do cérebro).

Tomemos por base a relação harmoniosa, a ecologia humana interligada a da Terra, e compreenderemos melhor sobre quão sábia é a tradição dos povos em tantos casos. Assim que nossos índios há muito descobriram o Juá e entre seus utilizadores vemos uma boca sempre saudável até a velhice; enquanto que no Egito e parte da península arábica e ásia, se tinha Miswak (Salvadora persica). Trata-se de uma planta cujos pequenos gravetos possuem a característica de abrirem-se como cerdas, que fazem muito bem a função mecânica da escovação, facilitando a limpeza entre dentes (não substitui o fio dental de acordo com meus testes, mas é mais eficiente que uma escova comum), e do fundo da boca (região dos sisos) e associados a substâncias bactericidas, tornaram-se importantes aliados na prevenção da cariogênese entre esses povos.

Algumas pessoas viajam para os países árabes e trazem gentilmente Miswak (também chamada de Sewak conforme a procedência), compartilhando conosco. Atualmente, elas são embaladas de maneira a preservar suas propriedades, e chegam ao consumidor médio de forma padronizada através da indústria  Recomendo conhecerem a Prof. de Dança do Ventre Beatriz Simbiya Ricco, que tem divulgado o uso da Miswak por aqui.

O sabor volátil de miswak tem fundo de raiz forte (wasabi), o que nos leva a considerar que há certamente moléculas terpenoides a fazer parte de suas propriedades terapêuticas.

Miswak (capinha)

A sensação de limpeza e polimento dental proporcionada por prazerosa escovação com miswak, e a certeza de que não estamos entrando em contato com a química das pastas de dente, ou com excesso de flúor  faz desse tipo de aparato uma acessório fantástico à higiene oral.

Recomendo!

Arnaldo V. Carvalho, Naturopata

Referências científicas

Al-lafi T, Ababneh H. The effect of the extract of the
miswak (chewing sticks) used in Jordan and the Middle East
on oral bacteria. Int Dent J. 1995 Jun; 45(3):218-22.

Almas K, Al-zeid Z. The immediate antimicrobial effect
of a toothbrush and miswak on cariogenic bacteria: a clinical
study. J Contemp Dent Pract. 2004 Feb; 1(14):105-14.
Almas K, Al-lafi TR. The natural toothbrush. World
Health Forum. 1995; 16(2):206-10.

Miswak (capinha)

Shiatsu na Wikipedia – Minha luta para assegurar a seriedade e clareza do verbete Shiatsu na maior enciclopédia do mundo

Por Arnaldo V. Carvalho

A primeira inscrição do verbete Shiatsu em português

Em 17 de janeiro de 2006 foi ao ar a primeira referência sobre Shiatsu, em português, pela Wikipedia, de autoria desconhecida.


Dessa pequena definição livre (cheia de erros e acertos) de um autor desconhecido, entrou para a história da Wiki a nossa querida técnica terapeutica.

Quem começou a dar forma mais completa ao verbete foi Edgard Magalhães, que escreveu e organizou a base de informação que seria utilizada até o presente data:

O texto Wiki de Edgard Magalhães para Shiatsu, em 2006

A última modificação antes da nossa foi feita por Leandro Martinez, que, tendo pego a página já bastante acrescida de dados, basicamente revisou os links de até então.

A partir desse momento, entrei para a equipe Wikipedia (2010) com o destino de fazer da versão brasileira a mais rica e organizada em informação sobre Shiatsu.  Após esse texto, foi feita por mim uma grande revisão, contando com 15 versões diferentes. Ele passou a seguir as tendências internacionais de indexação de informação sobre o Shiatsu (foram analisadas as versões do verbete para 6 línguas diferentes), e atualizado com informações sobre o Shiatsu no Brasil. Os textos possuem contribuições originais minhas como especialista da área, traduções oriundas dos verbetes estrangeiros, além de outras contribuições. Com isso, o verbete em português pode ser considerado um dos mais completos do mundo, um trabalho de esmero digno de Espasa Calpe ou dos melhores verbetes Wikipedia. Infelizmente, como já fez outras vezes com outras contribuições, Martinez repudiou minha contribuição. Dei entrada no pedido de discussão da Wikipedia, sem resultados ou argumentos plausíveis da parte deste. No ano seguinte, o verbete Shiatsu sofreu um “ataque da ignorância”: equipe envolvida com um projeto de indexar verbetes relacionados a medicina sugeriu fusão do termo Do-In com Shiatsu.A sugestão de fusão entre os verbetes Do-in e Shiatsu: Absurdo!Para o leigo, vale esclarecer que o Do-in tem origem na região central da atual China, enquanto que o Shiatsu tem origem no Japão. As práticas culturais de cura, luta, plantio, etc., etc., possuem uma história de transformações não sem intercâmbio entre os muitos povos, mas o Shiatsu tem conceito e história distintos do do-in, embora com vários pontos de tangência.

Pois bem, tendo sido eleito presidente da Associação Brasileira de Shiatsu no mesmo ano, requeri em Assembleia uma campanha para a vigia do verbete na Wikipedia, o que foi aprovado por unanimidade. Atualmente, o projeto está sendo ampliado para um grande Observatório do Shiatsu na Imprensa e Internet, que visa corrigir vícios, tendenciosismos e esclarecer aos leigos é aprendizes do Shiatsu sobre a técnica de modo abrangente e verdadeiro.

Exponho aqui a última tentativa de versão, efetuada hoje. Vamos ver o que será feito na Wiki, mas caso haja novas intervenções, ao menos o texto está salvo.

 Primeira parte do verbete Shiatsu atualizado

A página, que só no mês passado foi consultada mais de 4 mil vezes, tem potencial para muito mais. Convocamos a todos os professores e profissionais que se envolvam diretamente na construção da informação correta, imparcial e completa a toda a comunidade lusófona a respeito do Shiatsu, sua história, seus estilos e sua Arte de Cura.
Arnaldo V. Carvalho, praticante de Shiatsu desde 1993, professor desde 1999, membro da Associação Brasileira de Shiatsu
Scans do verbete:

Levíticos e Preconceitos

Há uns anos a minha amiga Maitê Schneider, árdua defensora dos Direitos Humanos e contra preconceitos e homofobia me enviou essa carta-resposta muito bem elaborada a uma radialista homofóbica que se apoiou na Bíblia para fundamentar seu preconceito. Espero que todos leiam e reflitam seriamente .

https://i0.wp.com/www.evangelismoemslides.com.br/wp-content/uploads/2009/10/Divis%C3%B5es-da-Biblia.jpgLaura Schlessinger é uma personalidade da rádio americana que distribui conselhos para pessoas que ligam para seu show.

Recentemente ela disse que a homossexualidade é uma abominação de acordo com Levíticos 18:22 e não pode ser perdoada em qualquer circunstância.


O texto abaixo é uma carta aberta para Dra. Laura, escrita por um cidadão americano (disponibilizada e traduzida na Internet).


“Cara Dra. Laura:
Obrigado por ter feito tanto para educar as pessoas no que diz respeito à Lei de Deus. Eu tenho aprendido muito com seu programa, e tento compartilhar o conhecimento com tantas pessoas quanto posso.
Quando alguém tenta defender a homossexualidade, por exemplo, eu simplesmente o lembro que Levíticos 18:22 claramente afirma que isso é uma abominação. Fim de debate.
Mas eu preciso de sua ajuda, entretanto, no que diz respeito a algumas leis específicas e como seguí-las:
a) Quando eu queimo um touro no altar como sacrifício, eu sei que isso cria um odor agradável para o Senhor (Levíticos 1:9). O problema são os meus vizinhos. Eles reclamam que o odor não é agradável para eles. Devo matá-los por heresia?

b) Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como é permitido em Êxodo 21:7. Na época actual, qual acha que seria um preço justo por ela?

c) Eu sei que não é permitido ter contacto com uma mulher enquanto ela está em seu período de impureza menstrual (Levíticos 15:19-24). O problema é: como é que eu digo isso a ela? Eu tenho tentado, mas a maioria das mulheres toma isso como ofensa.

d) Levíticos 25:44 afirma que eu posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, se eles forem comprados de nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a mexicanos, mas não a canadenses. Você pode-me esclarecer isso? Por que eu não posso possuir canadenses?

e) Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Êxodo 35:2 claramente afirma que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo?

f) Tenho um amigo meu que gosta de comer moluscos, sendo que este comportamento é abominação (Levíticos 11:10), é uma abominação menor que a homossexualidade? Eu não concordo. Você pode esclarecer esse ponto?

g) Levíticos 21:20 afirma que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tiver algum defeito na visão. Eu admito que uso óculos para ler. A minha visão tem mesmo que ser 100%, ou pode-se dar um jeitinho?

h) A maioria dos meus amigos homens apara a barba, inclusive o cabelo das têmporas, mesmo que isso seja expressamente proibido em Levíticos 19:27. Como eles devem morrer?

i) Eu sei que tocar a pele de um porco morto me faz impuro (Levíticos 11:6-8), mas eu posso jogar futebol americano se usar luvas? (as bolas de futebol americano são feitas com pele de porco)

j) Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Levíticos 19:19 plantando dois tipos diferentes de vegetais no mesmo campo. Sua esposa também viola Levíticos 19:19, porque usa roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão e poliester). Ele também tende a xingar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu chame toda a cidade para apedrejá-los (Levíticos 24:10-16)? Nós não poderíamos simplesmente queimá-los em uma cerimónia privada como deve ser feito com as pessoas que mantêm relações sexuais com seus sogros (Levíticos 20:14)?

Eu sei que você estudou essas coisas a fundo, então estou confiante que possa ajudar.
Obrigado novamente por nos lembrar que a palavra de Deus é eterna e imutável.
Seu discípulo e fã
(Nome mantido em sigilo)
Quero lembrar que Levíticos é o terceiro livro do Velho Testamento. Segundo Wikipedia:

Levítico é o terceiro livro da Bíblia, vem depois do livro de Livro do Êxodo e antes de Números .[1][2] Faz parte do Pentateuco, os cinco primeiros livros bíblicos, cuja autoria é, tradicionalmente, atribuída a Moisés. Recebe essa denominação porque contém a Lei dos sacerdotes da Tribo de Levi[3], a tribo de Israel que foi escolhida para exercer a função sacerdotal no meio do seu povo[4].

É um dos livros do Antigo Testamento da Bíblia e possui 27 capítulos. Os judeus chamam-no Vayikrá ou Vaicrá. Basicamente é um livro teocrático, isto é, seu caráter é legislativo; possuí, ainda, em seu texto, o ritual dos sacrifícios, as normas que diferenciam o puro do impuro, a lei da santidade e o calendário litúrgico entre outras normas e legislações que regulariam a religião.

Interessante reflexão crítica acerca das Leis de Deus segundo o Velho Testamento encontra-se em:

http://homossexualidade.sites.uol.com.br/levitico.htm

A leitura de Levíticos é como ler uma imensa carta de ordens e obrigações, e dispara contra vários aspectos da vida, contra diversos animais (contraditoriamente a idéia de que as plantas e animais são feitos por Deus), e propaga uma infinidade de preconceitos. Pobres dos jacarés e demais répteis, considerados abominações em Levíticos 11:42…

Arnaldo V. Carvalho

Pulseirinhas energéticas: funcionam? não funcionam?

Esclarecimento prévio: Esse texto foi publicado originalmente no grupo de estudos Shiatsu Emocional, restrito aos praticantes, alunos e ex-alunos da mesma escola, em 13 de setembro deste ano. Resolvi publicar aqui porque não param de me perguntar! Texto segue na íntegra e sem revisão. Espero que seja útil a todos.
Abraços do Arnaldo.

Pulseirinhas Energéticas

Por Arnaldo V. Carvalho

As pessoas têm me perguntado sobre a pulseirinha energética chamada “power balance”. Será que funciona? Será uma fraude?

Nesse momento, há falta de estudos. Que formas, materiais e imagens podem interferir nas pessoas, isso não há dúvida. Assim, formas piramidais captam energia, formas parabólicas são capazes de convergir sinais úteis para a propagação de som, imagem (é a tecnologia dos satelites, antenas parabólicas, retransmissores, etc… Materiais orgânicos tendem a atrair energia enquanto inorgânicos a isolar; Imagens podem interferir na qualidade da água (vide os trabalhos de Masaru Emoto), e lembremos, somos feitos bastante de água. A percepção de que a forma interfere nos corpos e nas relações origina desde os tempos remotos símbolos místicos, mágicos, mas também inspiram a modelos de aplicações da engenharia e outras ciências.

O uso do conjunto forma+material utilizado foi utilizado por alquimistas medievos, pelos médicos tradicionais do oriente, e por cientistas. Estes, algumas vezes, são condenados por seus colegas, mesmo tendo realizados estudos reprodutíveis satisfatórios. É o caso de Wilhelm Reich e sua caixa de orgônio, por exemplo. Pensar que um simples cubo feitos de camadas de materiais simples possa curar é um perigo muito grande a indústria farmacêutica, aos métodos de cura exaustivos e caros. Não foi a toa que Reich morreu na prisão, após pedir, sendo julgado sob acusação de charlatanismo (sendo que Reich em vida jamais fez uso comercial da caixa), que seu aparato fosse avaliado por uma comissão científica, e não por juízes ou pessoas que não teriam conhecimento técnico para concluir satisfatóriamente a questão. Até hoje a caixa e seus efeitos são verificados, mas a ciência nunca chegou a uma conclusão do “porque funciona”. Os benefícios, contudo, ocorrem em animais, plantas, e mesmo em objetos (uma lâmina de barbear numa caixinha dessas permanece com o fio com mais tempo, por exemplo).

Assim sendo, não se pode por falta de estudo deixar de acreditar que um objeto baseado em forma/material não cause interferências, sejam positivas, sejam negativas. Pela mesma falta de estudos igualmente não se pode ser totalmente crédulo.

O Power balance pega carona na idéia da “forma que interfere”, da mesma maneira que há “cristais radiônicos” ligados hoje a poderosos computadores, que captam a informação dos cristais e emitem diagnósticos complexos, e podem inclusive interferir A DISTÂNCIA nos campos do objeto de estudo. Na clínica onde eu trabalho, há um aparelho desses (chama-se Quantek), custa milhares de reais e é utilizado por um radiestesista sério. Tem inclusive premiação e reconhecimento de autoridades governamentais de países da cortina de ferro como a Ucrânia.

Além do Power Balance, temos o símbolo compensador André Philippe, materiais de cerâmicas especiais (teoricamente emitentes de energia fotônica, em especial a infra-vermelha), imagens de pessoas santas, utilização de imãs e objetos imantados, símbolos místicos chineses, hindús e mesmo celtas, tudo utilizado em adesivos, adornos, objetos, gráficos, itens de vestuário e outros. A idéia é sempre a mesma: a forma, seu significado, seu material, sua composição final que inclui tudo isso no final das contas é energia/vibração, e essa energia com potencial vibratório poderá fazer diferença no corpo e na mente humana. Alguns desses itens passam a ser fabricados por uma indústria que alimenta gente muito interessadas em recorrer a recursos simples, com grandes benefícios e em princípio mínimos efeitos negativos. Quando isso acontece, é sempre o mesmo: a turma dos céticos ataca e ridiculariza, os crédulos compram sem pensar, e a indústria fatura.

Fato é que se essas coisas não são verdade ao menos em parte, teremos que desistir da idéia de recorrer ao shiatsu, a acupuntura e suas agulhas, e atualmente stipers (pastilhas de silício) e eletroestimuladores. Teremos de desistir também de outros aparelhos que captam outras formas de onda, como televisões, celulares, satélites, computadores. Por outro lado, se isso tudo ou parte disso é verdade, vale um pequeno comentário, é preciso mais preocupação com as cores que usamos, com os objetos em nossa casa, a disposição dos móveis, e também será necessário investir em planejamento urbano levando em conta essas coisas. Teremos que pensar num mundo com muito mais noção de impacto, e talvez passemos a catar minhocas antes de executar as fundações numa casa. O Feng-Shui será obrigatório e o mundo passará por um reconhecimento do meta-místico-científico, ou meta-científico-místico, como queiram. Mas vejam o que escrevi: verdade em parte.

Mesmo havendo benefícios, esses em geral são mínimos. São detalhes que não fazem a vida ficar tão melhor; Não fazem milagres, não curam doenças, não são capazes de substituir a única fonte real de cura, que vem do interior da pessoa e expressa-se e sintoniza-se no Amor/força-da-vida/sintonia-com-a-rede. A propaganda feita é sempre muito maior do que o efeito prometido. Há estudos que calculam que o preço real de um produto é de apenas 20% seu valor final (incluindo as despesas de produção e distribuição), porque os outros 80% são utilizados em MARKETING. Não duvidem se os famosos que usam as pulseirinhas ganharesm alguns milhares de dólares para faze-lo.

Um estímulo de meridiano pode causar tanto reequilíbrio quanto desequilíbrio. Um objeto no pulso poderá interferir em todo o corpo através do meridiano do coração, mas pode claro interferir negativamente nos circuitos como um todo. Assim, é sempre complicado a idéia de um objeto fixo a estimular todo o tempo um canal. De qualquer forma, ao longo das eras homens e mulheres utilizaram objetos fixos: anéis, brincos e cordões fazem parte do pelotão da indumentária mágica que tenta auxiliar as condições energéticas dos seres humanos. De algum modo, com o passar dos anos o corpo obviamente poderá sentir repercussões de tais estímulos, e se adaptará inclusive a elas.

O que interessa para nós no Shiatsu Emocional é, em última instância, é o que esses itens podem fazer com a cabeça das pessoas. Se por um lado, podem produzir benefícios reais, para além de um efeito placebo (que também entra na conta, o poder da sugestão está aí, e não é a toa que o Power Balance alardeia que artistas, atletas, etc. diversos estejam utilizando “e obtendo resultados”), por outro, repetir o processo de expropriação do poder de cura interior das pessoas.

Os terapeutas tem que ter muito cuidado antes de passar um remédio, seja ele floral, homeopático, aromaterápico, etc – quanto mais recomendar “objetos com propriedades terapeuticas”. Ele precisa pensar que, da mesma forma que a alopatia, quando recomendam um remédio externo a um indivíduo, estão lhe destituindo seu próprio poder. Afirmam: “seu corpo não consegue se equilibrar, precisa de uma fonte externa”. Vivemos num mundo de Sansões sempre a perder seus poderes quando cabelos são cortados. Assim, pessoas já não dormem sem seus ansiolíticos, dependentes de cocaína já não transam sem cheirar, o corpo não acorda sem um cafezinho, a tiróide não funciona sem a tiroxina”zinha”, a vida já não presta caso se esteja sem apoios para todos os lados. Se no passado um velhinho se apoiava numa bengala, nos dias de hoje estamos todos apoiados, desde crianças (com seus “voadores”), em muitas bengalas, que nos facilitam a vida, fazem por nós – e nos fragilizam.

É isso o que queremos, enquanto terapeutas? Desejamos estimular dependências? Desejamos retirar o poder do corpo, da cura? Ainda essa semana o assunto das vacinas voltou a tona no grupo de estudos. Aqui, o assunto é o mesmo. Seja para prevenir ou remediar, afinal, quem é que deve fazer o esforço, as transformações químicas e biológicas, a regulação energética? O indivíduo deve ser declarado definitivamente um incapaz ?

Claro, vivemos em grupo, a co-dependência é necessária, e o corpo é passagem. É passagem, a energia entra e sai, o sal entra e sai, o ar, os alimentos entram e saem. Fazemos parte de um sistema muito maior, e esse sistema é fantástico quando todos participam da maneira correta. A sensação que temos é que o bicho-homem não está colaborando e o resultado se refletirá aos seus indivíduos, na sua coletividade, e finalmente a toda a natureza. É bom interagir com todas as forças: pessoas, natureza, roupas, tecnologia… É bom ter a disposição um arsenal de técnicas e medicamentos, e é bom fazer parte de uma rede onde, quando alguém falha ou outro pode ajudar a arrumar.  É ruim quando essas interações se tornam desequilibradas, tendenciosas, desorganizadas, sem sintonia com o Tao. A sintonia com o Tao requer um compromisso íntimo de cada um para com esse Equilíbrio, em todas as suas esferas (do microverso ao macroverso).

Resumindo, podemos montar uma pequena carta de vantagens e desvantagens no uso de terapeuticas externas (aqui o exemplo é da pulseirinha):

Vantagens no uso do Powerbalance (isso é, caso funcione!):

– Pode causar algum tipo de interferência positiva nos meridianos, nos campos eletromagnéticos e vitais da pessoa.
– Pode atuar mesmo sem a consciência do indivíduo, mesmo que ele não faça esforço e mesmo que esteja dormindo, por exemplo.
– Pode gerar um efeito placebo positivo.

Desvantagens claras no uso do Power Balance:
– Pode causar distúrbios no equilíbrio natural dos meridianos, ainda que seus fabricantes digam que não;
– Fomento a sociedade de consumo-capitalismo-originárias de diversas neuroses;
– Transferência NO MÍNIMO PSICOLOGICA do poder (e responsabilidade!) de auto-organização para um objeto;
– Terapia que não envolve conscientização, não envolve relações humanas e consciencia do papel do indivíduo na Rede Vital e a relação disso com sua própria saúde;

Espero que minha análise seja útil a todos.
Um abraço,
Arnaldo

Alguns links para/sobre a pulseirinha power balance:

http://yahoo.tecontei.com.br/noticias/braceletes-que-prometem-equilibrio-viram-mania-entre-os-famosos-87284.html

De relógios caros a bolsas com preços igualmente astronômicos, os famosos sempre lançam moda. Mas a novidade desta vez cabe no orçamento de muita gente e não é feita de pedras preciosas ou de ouro. As pulseiras de plástico Power Balance e similares prometem equilibrar o organismo e já tem um time de fãs de peso. Leonardo DiCaprio, PDiddy, Robert De Niro, Khloe Kardashian, David Beckham, Luciano Huck e Ana Maria Braga, entre outros, não tiram as suas dos pulsos.

GALERIA DE FOTOS: Veja quem usa os braceletes energizantes

De acordo com o fabricante, o segredo do acessório são dois hologramas com frequencias que reagem positivamente com o campo de energia do corpo, dando sensação de bem-estar. Atletas como Beckham, Cristiano Ronaldo, Shaquille O’Neal, Lamar Odom – marido de Khloe – e Rubens Barrichello não deixam as suas em casa. Os braceletes fariam com que além do equilíbrio corporal, a força e a flexibilidade fossem maiores.

Apesar da legião crescente de usuários, os benefícios não são comprovados cientificamente. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu, em 3 de setembro, propagandas que façam menção aos supostos efeitos terapêuticos. Segundo a agência, o produto não é registrado no órgão e não pode ser vendido com a proposta de melhorar a saúde.

sites e vídeos sobre a pulseirinha:
http://www.powerbalance.com/
http://www.brasilpowerbalance.com/

http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=9751
http://www.youtube.com/watch?v=XnM_M5YkG_I
http://www.fayerwayer.com.br/2010/05/nao-caia-no-golpe-das-pulseirinhas-power-balance/
http://www.pulseirapowerbalance.com/

Contrariando FREI BETTO

Comento o artigo “Dilma  a fé cristã”, de Frei Betto, publicado na Carta Capital

Dilma e a fé cristã

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de “marxista ateia”. 

 

Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte. 

 

Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória – diria, terrorista – acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade. 

 

Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica. Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho. Esse é um lema que hoje já não funciona a 100%… Estamos na era da transgenia, do enxerto, da semente estéril, da não identificação. O fruto já não se vê continuação da árvore, e a árvore já não convive e estende seus galhos ao fruto. Se antes o fiho do sapateiro sapateiro seria, hoje quem será ele? Estou usando o exemplo da carreira profissional, mas você, leitor, deve entender que o mesmo se processa em relação a caráter. Isso é para bem ou para mal. Será que a árvore “PT original” está contente com os frutos Lula-Dilma? Duvido. O partido até onde sei está rachado por dentro (dito a mim por fontes internas), e muitos de seus galhos foram brotar para outras bandas. O PT nesses tempos perdeu muita gente boa, que foi para o PSOL, ou para o PV, enfim. Os que á ficam tentam em vão tirar a política conerália do Sr. Lula, mas isso no momento parece impossível – sua facção rege de maeira absolutista o PT. 

 

 

É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.

Perfeito. com exceção de dizer que o Lula e a Dilma não são tão éticos e dedicados assim. Depois das posições que o Lula tomou diante dos vários escândalos envolvendo seu governo, isso para mim é muuuito claro.

Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto… 

 

 

Passados quase oito anos, o que vemos? 

 

Vemos que o Lula eleito não foi o das greves do ABC. O Lula eleito é o amiguinho do PMDB, e que governou PMDBêstamente. Esse Lula é o Lula que abraça Collor em público minha gente! 

Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, É, acho que quem mais sentiu o lado negativo do Lula foi mesmo a classe média. Eu que sou um pobre travestido de médio, senti, bem como boa parte de meus conhecidos. A distribuição de renda não se deu do topo para a base, mas do meio para a base. Essa foi a fórmula mágica que agradou ricos, pobres, e achatou a classe média. O “milagre” da diminuição da miséria vem sedo produzido de maneira artificial. Ter mais produtos industrializados a despeito da construção de um pensamento crítico e de um caminho para que o jovem tenha oportunidades de crescimento real dentro da pirâmide social (um governo que se diz de esquerda que não quetiona essa pirâmide é no mínimo estranho) não é o caminho para o fim da miséria real. O interesse é por estatiscas mais convidativas, que garantem investimentos externos. Além disso, o governo Lula pega frutos de outra árvore e o toma como seus. Assisti anteontem a propaganda onde numa entrevista uma pessoa que representa a população menos favorecida diz que “agora a gente tem fogão, geladeira”. Mas isso não começou no governo Lula. Como me disse pessoalmente a Dona Zica em 1997, quando a entrevistei no morro da mangueira,  “antes do plano real quase ninguém aqui tinha geladeira. Essas aí que você está vendo a gente comprou no parcelado, porque agora dá”. A Dona Zica morreu grata ao FHC. Mas o ponto maior, foquem aqui, é: Quando o Brasil terá governantes capazes de pensar na miséria em seu contexto total?

sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente. Hahaha. Me poupe. O Plínio esteve certo, quando na soberba a Dilma falou em debate: “nós não privatizamos a Petrobrás, ao contrário, a enriquecemos”. Não privatizaram??? É como Frei Betto diz mais acima, não é porque é bispo que é dono da verdade.

Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Dos dois lados. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho. O Evangelho e  as religiões cristãs estão próximos mas tem diferenças fortes. Não houvesse diferença, não haveria essa babel de diferentes igrejas, incluindo a(s) católica(s), as protestantes e evangélicas. Tudo aquilo que o ser humano lê tem que passar por interpretação, e isso é a origem de tal processo. Assim, a Igreja contra o aborto é uma posição ideológica baseada em interpretações da Bíblia. E baseado em interpretação pode-se tudo. É fato gravado em vídeo que ela foi a favor do aborto e depois se desmentiu. Em algum momento, descontentou a posição ideológica das religiões mais poderosas do Brasil. Independente disso, não se pode dizer, é verdade, que uma posição a favor do aborto contraria o Evangelho, mas a Igreja. Sobre o Evangelho sempre decairá uma interpretação, e cada juiz dará um veredito diferente. (Não emitirei nesses comentários minha própria opinião sobre aborto – o tema é muito mais complexo que o simples “sim” ou “não”.) 

 

Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes. 

 

A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz. Interpretações, vamos a elas… Tenho que voltar a Bíblia para comentar melhor. Mas pensando no que o Boff escreveu: Jesus salvaria aquele que o ajudou, em sua condição miserável, certo. O miserável aqui não é alguém. Ele é apenas o trampolim para quem pode salva-lo. Um trampolim rumo ao Céu. Ou seja, ele salvaria o que “está por cima” a ajudar o pobrezinho, enquanto que o pobrezinho em si nem é ponto assunto. O que dizer das ações humanas sem que se tenha uma perspctiva a longo prazo? Como saber se boas ações produzidas num dado tempo não serão a semente de ações terríveis num futuro distante e vice-versa? E aquele que não tem consciencia do sofrimento alheio, será salvo? Fato: Jesus Salvador é um dos maiores instrumentos de Poder por parte da maioria das religiões. Dependendo de como se interpreta quem em princípio salva, e porque salva, se manipula pra valer né*!
 

 

 

Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
Concordo com ele, penso que seguirá a mesma direção. Não terá o mesmo apoio, o mesmo carisma, mas terá a mesma direção. O que não me deixa nada satisfeito, pois não sou satisfeito com o governo Lula.
Arnaldo V. Carvalho
* Contrariedades interpretativas a parte, é Frei Betto legítimo representante da fé cristã, e obviamente sua fala é a adequada próprio texto, que afinal analisa se Dilma e suas ações atua dentro de tal perspectiva. Apenas não me contive a emitir opinião, uma vez mais.

*   *   *

OBS: Esse texto não tem intenção de favorecer o outro candidato, José Serra, a quem tenho críticas tão pesadas quanto tenho em relação a Dilma. Meus comentários aqui são fichinha perto do que penso, sei e vivenciei sobre os dois personagens. Além disso, sigo admirador do Frei Betto, por sua firmeza de idéias, crença indelével na bondade e no amor, por todos os seus livros e textos que li e que me influenciaram positivamente ou me ajudaram a refletir e mesmo desenvolver mais meu senso crítico.

Drauzio Varella e a Fitoterapia no Brasil

Contundente crítica do Prof. Douglas Carrara. Recomendo expressamente a leitura.

Arnaldo

Dráuzio Varella e a Fitoterapia no Brasil

Prof. Douglas Carrara

Sou antropólogo e pesquisador de medicina popular e fitoterapia há vários anos no Brasil. Imaginem a surpresa e a indignação ao ler a matéria na revista Época de Agosto/2010 sobre a prática da fitoterapia no serviço público no Brasil. No entanto é necessário agradecer ao Dr. Dráuzio Varella pela iniciativa. Agora temos um representante da indústria farmacêutica com quem dialogar. Sinal dos tempos! A fitoterapia e o projeto Farmácias Vivas já começam a incomodar e a causar prejuízos à indústria farmacêutica …

Analisando os países mais avançados do mundo e que utilizam em grande escala os medicamentos produzidos pela indústria farmacêutica, verificamos que os resultados obtidos pela medicina considerada científica são pífios. Os Estados Unidos possuem os índices de câncer de mama e de próstata mais elevados do mundo. Em 1993 haviam nos EUA, 8 milhões de diabéticos, uma das mais altas do mundo. Com relação às doenças cardio-vasculares também os americanos são campeões.  Nesse país onde se utiliza a “medicina de rico”, no entender esclarecido do Dr. Dráuzio Varella, os pacientes são tratados com medicamentos de última geração e equipamentos modernos de alto custo. Investe-se muito em medicina e quase nada em saúde da população.

Por outro lado, nos países onde se pratica a “medicina de pobre”, para citar novamente o ilustre médico Dr. Dráuzio Varella, os índices de doenças degenerativas, tais como, cânceres, doenças cardio-vasculares, diabetes, são baixíssimos. Nos EUA, ocorrem 120 casos de câncer de mama por 100.000 habitantes, enquanto na China apenas 20.

Inclusive as imigrantes  chinesas que vivem nos Estados Unidos, acabam atingindo os índices absurdos e epidêmicos da população americana. Em São Francisco, a cada ano surgem 160 casos de câncer de mama por 100.000 habitantes que migraram da cidade de Xangai, na China, enquanto, na mesma faixa etária, as que permaneceram, apenas 40 casos surgiram da mesma doença.

Portanto a medicina avançada dos países do primeiro mundo não colabora em nada para promover a saúde de seus habitantes. Por que então importarmos a mesma medicina que não se preocupa com a promoção da saúde e que parece considerar a doença um negócio melhor do que a saúde?

O que diferencia as populações dos países asiáticos é a prática de terapêuticas de origem milenar: fitoterapia, acupuntura, shiatsu, assim como os medicamentos alopáticos, sempre que necessário.

Portanto, Dr. Dráuzio Varella, que modelo de medicina devemos escolher e utilizar no tratamento das doenças da população brasileira de baixa renda? O modelo americano ou o asiático? Como confiamos na sua boa formação matemática e que as estatísticas epidemiológicas não são mentirosas, o melhor caminho para o Brasil forçosamente terá que ser o modelo asiático.

Mesmo sabendo que todos os profissionais da saúde, pesquisadores, fitoquímicos, fitofarmacologistas, etnobotânicos, farmacêuticos, fitoterapeutas e antropólogos da saúde são ignorantes, segundo a douta opinião do Dr. Dráuzio Varella, acreditamos que um dia vamos conseguir atingir os índices baixos de morbidade obtidos atualmente pelos países asiáticos.

Para melhorar o nível de nossos profissionais, pesquisadores da área de plantas medicinais, basta que o próprio governo aumente as verbas para pesquisa com plantas medicinais, que há séculos vem sendo utilizadas sem nenhum apoio do governo no tratamento de seus problemas de saúde pela população pobre, sem recursos, que conta apenas com a experiência de seus ancestrais para tratar de suas doenças. Esta é a realidade da nossa população humilde de interior, cujos serviços de saúde, todos sabemos, são precários e péssimos.

Imagine o Dr. Dráuzio Varella, se a população simples do interior não possuísse nenhum conhecimento da ação das plantas medicinais. Se toda vez que alguém adoecesse tivesse que procurar o serviço de saúde de seu município. Imagine o caos que seria. Em primeiro lugar, porque a maioria dos médicos está concentrada nas capitais dos estados. Em segundo lugar, porque na medida em que nos afastamos dos grandes centros, os recursos na área da saúde diminuem. E por isso faltam medicamentos, faltam leitos de hospital, faltam médicos e enfermeiros. Ainda assim os poucos profissionais que existem no interior foram mal formados na faculdade. As faculdades atualmente se preocupam em formar médicos especialistas em  monitoramento de UTI’s. Enfim são formados para exercer a “medicina de rico”. São pouquíssimos os médicos clínicos disponíveis capacitados para receitar fitoterápicos, mesmo porque não se estuda fitoterapia nas faculdades de medicina no Brasil! E muito menos dispomos de faculdade de fitoterapia, tais como, as que existem na Inglaterra, na França, na Índia, na China.

Não estranhamos, portanto que o Dr. Dráuzio Varella, tenha encontrado muita ignorância nos projetos de Farmácias Vivas estabelecidos em diversas regiões do país. Há, na verdade, uma carência muito grande pesquisas na área de plantas medicinais no Brasil. Por outro lado, a ignorância encontrada pelo ilustre médico  não é decorrente do descaso ou por falta de amor pelo paciente. Além de não ter recebido nenhuma informação, e, muito menos formação, na faculdade onde estudou, o médico que atua nos atendimentos fitoterápicos não dispõe de nenhum apoio logístico. Para praticar a fitoterapia as informações são escassas e mesmo as pesquisas que a Universidade brasileira promove, que o Dr. Drázio Varella, se referiu com tanto desprezo, dificilmente chegam ao seu conhecimento.

Portanto tudo o que o douto Dráuzio Varella considera idiotices são deficiências que ocorrem em um país que até hoje escolheu o modelo da “medicina rica” que promove a doença e não investe na saúde da população. Ao acusar um médico que receita fitoterápicos de idiota, porque não conhece farmacologia, teria que acusar também os demais médicos brasileiros que também não conhecem, porque todos sabemos que a farmacologia moderna é uma caixa preta, cujo conhecimento é de domínio exclusivo dos grandes laboratórios. Para o médico chega apenas a bula dos medicamentos…

Mas agora sabemos que o único cidadão brasileiro que não é idiota e que sabe farmacologia em profundidade é o Dr. Dráuzio Varella, porque provavelmente recebeu informações confidenciais dos grandes laboratórios e pode falar com conhecimento de causa. Como percebeu a deficiência na formação dos médicos que entrevistou, vai agora colaborar e esclarecer e orientar os idiotas, profissionais de saúde, que atuam nos projetos de Farmácias Vivas, idealizado pelo provavelmente também idiota, Dr. Francisco José de Abreu Matos, farmacêutico químico e professor da Universidade Federal do Ceará, infelizmente falecido em 2008. Se estivesse vivo com certeza explicaria as dificuldades para desenvolver e implantar o projeto de Farmácias Vivas no Ceará, com uma experiência profissional de 50 anos.

Sabemos que, segundo o Aurélio, idiota é um indivíduo pouco inteligente, estúpido, ignorante, imbecil e em alguns casos, até mesmo, uma categoria psiquiátrica, a idiotia. Portanto não consideramos correto e muito menos ético, considerar idiotas inúmeros profissionais da área da saúde,  que atuam nos projetos de Farmácias Vivas no Brasil. As deficiências por ventura encontradas pelo ilustre médico deveriam, com certeza, ser avaliadas, mas evidentemente com o respeito que qualquer indivíduo merece, independente de sua formação intelectual.

Quanto à experimentação dos fitoterápicos, a que o Dr. Drázio Varella se referiu, gostaríamos de questionar porque inúmeros medicamentos alopáticos são proibidos e retirados do mercado, após causar inúmeros danos aos pacientes. Por acaso a talidomida que gerou inúmeras crianças defeituosas no mundo inteiro foi submetida a experimentação científica antes de ser colocada á venda no mercado? Quantos aditivos e demais produtos químicos são colocados no mercado, expondo seres humanos e seres vivos aos seus efeitos cancerígenos que somente são percebidos depois que contaminaram todo o planeta. Basta lembrar dos PCB’s, os bifenilos policlorados, óleo conhecido no Brasil como ascarel, que quando foram produzidos em 1929 não se sabia nada de seus efeitos altamente nocivos para os seres vivos e para o meio ambiente. Sua fabricação foi proibida em 1976, mas os efeitos maléficos cumulativos e persistentes que atingiram toda a cadeia alimentar do planeta, não. A contaminação continua até os dias de hoje e, provavelmente o ilustre médico Dr. Dráuzio Varella também deve estar contaminado com PCB’s, o que explicaria sua atitude pouco ou nada cortês com demais indivíduos de sua espécie. Este é apenas um trágico exemplo, mas existem mais de 800 aditivos químicos ainda não estudados utilizados na fabricação de alimentos. São proibidos apenas quando, após experiências com animais, se descobre que são cancerígenos. Nesse caso, as cobaias não foram os pobres camondongos, foram os seres humanos que, sem  serem consultados, foram submetidos à experimentação.

Também consideramos necessário experimentar previamente as plantas medicinais. Os ensaios toxicológicos são evidentemente necessários, inclusive para estabelecer uma posologia adequada para um possível atendimento fitoterápico. Por outro lado, a etnobotãnica e a antropologia da saúde fornecem uma contribuição muito importante para a ciência ao estudar o conhecimento de raizeiros e pajés indígenas que conhecem os efeitos de cada planta a partir da experiência recebida de seus ancestrais e da utilização da planta por si mesmo. Podemos dispor desse modo de uma informação preciosa a respeito de plantas potencialmente tóxicas e perigosas. Na verdade tudo o que sabemos de cada planta considerada medicinal, tem origem na medicina popular, indígena, ou através dos conhecimentos trazidos pelas etnias africanas introduzidas no Brasil como escravos desde o início do processo de conquista e colonização do Brasil.

Na verdade todas as plantas medicinais estudadas pela Universidade no Brasil são oriundas da medicina popular. Não existe nenhuma planta medicinal cujo conhecimento não seja difundido entre a população.  Portanto quem decide o que estudar em termos de ação medicinal, são os intelectuais existentes nas comunidades simples do interior brasileiro, os raizeiros, os mateiros, as parteiras, os rezadores, os umbandistas, os curadores de cobra, etc.  São eles que informam aos etnobotânicos e antropólogos da saúde o que vale a pena estudar no reino vegetal. Se não fosse assim porque a Universidade iria formar etnobotânicos, etnofarmacologistas, especialistas em estudar o pensamento médico popular, com o objetivo de encontrar plantas, com grande potencial terapêutico. E tal fato vem acontecendo no mundo inteiro. A planta medicinal, Stevia rebaudiana foi descoberta pelos índios guarani do Paraguai e classificada pelo cientista suíço Moisés Bertoni. Pois bem, a estévia é um adoçante 300 vezes mais potente do que o açúcar de cana e não produz diabetes. Não por acaso foi proibido o seu uso nos Estados Unidos!

Assim necessitamos cada vez mais reduzir nossa ignorância aprendendo com quem sabe: os praticantes da medicina popular, porque ninguém é totalmente sábio ou totalmente ignorante. O acesso ao saber é um processo contínuo de busca e por isso para deixar de ser ignorante é necessário trilhar sempre o caminho da pesquisa e humildemente reconhecer que, mesmo quando avançamos, sabemos apenas que sabemos pouco ou quase nada.

Entretanto quando julgamos os que realmente pesquisam e buscam o conhecimento, totalmente ignorantes e idiotas, estamos reconhecendo que nada sabemos do que necessita ser conhecido.

Pelo menos o Dr. Dráuzio Varella reconheceu que o atendimento fitoterápico é profundamente diferente do atendimento alopático. O médico fitoterapeuta escuta durante muito tempo as queixas e o histórico do paciente e faz uma anamnese correta e completa. Nenhuma novidade nisso. Todo médico deve fazer isso. “O doente vai ao médico e ele nem olha na cara”, segundo Dr. Dráuzio Varella. Realmente esta é a realidade da “medicina de rico” aplicada ao pobre.  O médico de formação alopata não olha o paciente, porque não necessita individualizar o paciente, basta receitar um analgésico ou antibiótico qualquer, para despedir seu paciente. Este é o modelo que o Dr. Dráuzio Varella defende em sua entrevista. Parabéns pela inteligência do Dr. Dráuzio Varella!

Enfim, vamos aguardar a reportagem do dia 29/08/2010 na Globo, para avaliar melhor a proposta do Dr. Dráuzio Varella.

Marina Silva e o filme Avatar – Por ela própria.

Recebi do amigo Luis, e divulgo aqui um interessante texto da política Marina Silva sobre suas impressões ao assistir o filme. As minhas foram muito diferentes, e em breve o leitor deste blog poderão ter acesso à mesma.

Arnaldo

Avatar e a síndrome do invasor – por Marina Silva

Teve um momento, vendo Avatar, que me peguei levando a mão à frente para tocar a gota d´água sobre uma folha, tão linda e fresca. Do jeito que eu fazia quando andava pela floresta onde me criei, no Acre. A guerreira na’vi bebendo água na folha como a gente bebia. No período seco, quando os igarapés quase desapareciam, o cipó de ambé nos fornecia água. Esse cipó é uma espécie de touceira que cai lá do alto das árvores, de quase 35 metros, e vai endurecendo conforme o tempo passa. Mas os talos mais novos, ainda macios, podem ser cortados com facilidade. Então, a gente botava uma lata embaixo, aparando as gotas, e quando voltava da coleta do látex, a lata estava cheia. Era uma água pura, cristalina, que meu pai chamava de água de cipó. E aprendíamos também que se nos perdêssemos na mata, era importante procurar cipó de ambé, para garantir a sobrevivência.

Me tocou muito ver a guerreira na’vi ensinando os segredos da mata. Veio à mente minhas andanças pela floresta com meu pai e minhas irmãs. Ele fazia um jogo pra ver quem sabia mais nomes de árvores.
Quem ganhasse era dispensada, ao chegar em casa, de cortar cavaco para fazer o fogo e defumar a borracha que estávamos levando. A disputa era grande e nisso ganhávamos cada vez mais intimidade com a floresta, suas riquezas e seus riscos.

A gente aprendia a reconhecer bichos, árvores, cipós, cheiros.
Catávamos a flor do maracujá bravo pra beber o néctar, abrindo com cuidado o miolinho da flor. Lá se encontrava um tiquinho de mel tão doce que às vezes dava até agonia no juízo, como costumávamos dizer.

É incrível revisitar, misturada à grandiosidade tecnológica e
plástica de Avatar, a nossa própria vida, também grandiosa na sua simplicidade. Sofrida e densa, cheia de riscos, mas insubstituível em beleza e força. Éramos muito pobres, mas não passávamos fome. A floresta nos alimentava. A água corria no igarapé. Castanha, abiu, bacuri, breu, o fruto da copaiba, pama, taperebá, jatobá, jutai, todas estavam ao alcance. As resinas serviam de remédio, a casca do jatobá para fazer chá contra anemia. Folha de sororoca servia pra assar peixe e também conservar o sal. Como ele derretia com a umidade, tinha que tirar do saco e embrulhar na folha bem grande, que
geralmente nasce em região de várzea. Depois amarrava com imbira e deixava pendurado no alto do fumeiro para que o calor mantivesse o sal em boas condições. Aprendi também com meu pai e meu tio a identificar as folhas venenosas que podiam matar só de usá-las para fazer os cones com que bebíamos água na mata.

O filme foi um passeio interno por tudo isso. Chorei diversas vezes e um dos momentos mais fortes foi quando derrubam a grande árvore. Era a derrubada de um mundo, com tudo o que nele fazia sentido. E enquanto cai o mundo, cai também a confiança entre os diferentes, quando o personagem principal se confessa um agente infiltrado para descobrir as vulnerabilidades dos na’vi. E, em seguida, a grande beleza da cena em que, para ser novamente aceito no grupo, tem a
coragem de fazer algo fora do comum, montando o pássaro que só o ancestral da tribo tinha montado, num ato simbólico de assunção plena de sua nova identidade.

O filme também me remeteu ao aprendizado ao contrário, quando fui para a cidade e comecei a aprender os códigos daquele mundo tão estranho para mim. Ali fui conduzida por pessoas que me ensinaram tudo, me apontaram as belezas e os riscos. E também enfrentei, junto com eles, o mal e a violência da destruição.

Impossível não fazer as conexões entre o mundo de Pandora, em Avatar, e nossa história no Acre. Principalmente quando, a partir da década de 70 do século passado, transformaram extensas áreas da Amazônia em fazendas, expulsando pessoas e comunidades, queimando casas, matando índios e seringueiros. A arrasadora chegada do “progresso” ao Acre
seguiu, de certa forma, a mesma narrativa do filme. Nossa história, nossa forma de vida, nosso conhecimento, nossas lendas e mitos, nada disso tinha valor para quem chegava disposto a derrubar a mata, concentrar a propriedade da terra, cercar, plantar capim e criar boi.
Para eles era “lógico” tirar do caminho quem ousava se contrapor. Os empates, a resistência, a luta quase kamikaze para defender a floresta, usando os próprios corpos como escudos, revi internamente tudo isso enquanto assistia Avatar.

A ficção dialoga muito profundamente com a realidade. Seres humanos, sem conhecimento sensível do que é a natureza, chegam destruindo tudo em nome de um resultado imediato, com toda a virulência de quem não atribui nenhum valor àquilo que está fora da fronteira estreita do seu interesse imediato. No filme, como o valor em questão era a riqueza do minério, a floresta em si, com toda aquela conectividade,
toda a impressionante integração entre energias e formas de vida, não vale nada para os invasores. Pior, é um estorvo, uma contingência desagradável a ser superada.

Encontrei na tela, em 3D e muita beleza plástica e criatividade, um laço profundo e emocionante com a nossa saga no Acre, com Chico Mendes. E percebi que, assim como no filme, éramos considerados praticamente alienígenas, não humanos, não portadores de direitos e interesses diante dos que chegavam para ocupar nosso espaço.

É uma visão tão arrogante, tão ciosa da exclusividade do seu saber, que tudo o mais é tido como desimportante e, consequentemente, não deve ser levado em conta. É como se se pudesse, por um ato de vontade e comando, anular a própria realidade. Como se o que está no lugar que se transformou em seu objeto de desejo, fosse uma anomalia, um exotismo, uma excrescência menor.

E, afinal, essa arrogância vem da ignorância e da falta de
instrumentos e linguagem para apreender a riqueza da diferença e extrair dela algum significado relevante e agregador de valor. Numa inversão trágica, a diferença é vista apenas como argumento para subjugar, para estabelecer autoritariamente uma auto-definida superioridade. Poderíamos chamar tudo isso de síndrome do invasor,
cujo principal sintoma é a convicção cega e ensandecida, movida a delírios de poder de mando e poder monetário, de ser o centro do mundo.

No Acre nos deparamos com muitos que viam nossos argumentos como sinônimo de crendices, superstição. Coisa de gente preguiçosa que seria “curada” pelo suposto progresso de que eles se achavam portadores. Por outro lado, também chegaram muitos forasteiros que, tal como a cientista de Avatar e o grupo que a seguiu, compreenderam que nosso modo de vida e a conservação da floresta eram uma forma de
conhecimento que poderia interagir com o que havia de mais avançado no universo da tecnologia, da pesquisa acadêmica e das propostas políticas de mudanças no modelo de desenvolvimento que eram formuladas em todo o mundo. Com eles, trocamos códigos culturais, aprendemos e ensinamos.

Fiquei muito impressionada como esse processo está impregnado no personagem principal de Avatar. Ele se angustia por não saber mais quem é, e só recupera sua integridade e identidade real quando começa a se colocar no lugar do outro e ver de maneira nova o que antes lhe parecia tão certo e incontestável. Sua perspectiva mudou quando viu a
realidade a partir do olhar e dos sentimentos do outro, fazendo com que a simbiose presente no avatar, destinado a operar a assimilação e subjugação dos diferentes, se transformasse num poderoso instrumento para ajudá-los a resistir à destruição.

Pode-se até ver no filme um fio condutor banal, uma história de Romeu e Julieta intergalática. Não creio que isso seja o mais importante.
Se os argumentos não são tão densos, a densidade é complementada pela imagem poderosa e envolvente, pelo lúdico e a simplicidade da fala.
Se houvesse uma saturação de fala, de conteúdos, creio que perderia muito. A força está em, de certa maneira, nos levar a sermos avatares também e a tomar partido, não só ao estilo do Bem contra o Mal, mas em favor da beleza, da inventividade, da sobrevivência de lógicas de vida que saiam da corrente hegemônica e proclamem valores para além do cálculo material que justifica e considera normais a escravidão e
a destruição dos semelhantes e da natureza.

E, se nada mais tenho a dizer sobre Avatar, quero confessar que aquele povo na’vi tão magrinho e tão bonito foi para mim um alento.
Quando fiquei muito magra, na adolescência, depois de várias malárias e hepatite, me considerava estranha diante do padrão de beleza que era o das meninas de pernas mais grossas, mais encorpadas. Sofria por ser magrinha demais, sem muitos atributos. Agora tenho a divertida sensação de que, finalmente, achei o meu “povo”, ainda que um pouco
tarde. Houvesse os navi na minha adolescência e, finalmente, eu teria encontrado o meio onde minhas medidas seriam consideradas perfeitamente normais.