Aconteceu um episódio homofóbico/ homorábico (neologismo meu) em Curitiba no início deste mês, até aqui impune.
Segue carta púbica de minha amiga pessoal Maitê Schineider, onde ela relata o testemunho de um ato de intolerância, mal caratismo e completa contradição, dentro do contexto em que se apresentou. As pessoas do Paraná talvez tenham mais chance, lendo a mesma, de ajudar efetivamete com informações. Os demais podem prestar toda forma de apoio.
Precisamos reagir, na Satyagraha, na Verdade da não-violência, contra tais atos de selvageria de ser humano para ser humano.
Um jovem capaz de tais atos ou está com o estado de consciência alterado, ou foi muito, mas muito mal amado mesmo.
Obrigado por lerem Maitê.
Arnaldo
“Peço desculpas por escrever esta mensagem em primeira pessoa, fugindo às regras de envio de pauta do jornalismo, mas a escrevo com o coração doído de uma situação de extremo preconceito que aconteceu em Curitiba, a cidade onde moro desde que nasci, agora há pouco, nesta noite de terça feira dia 08/06/2010, e peço que ajude a divulgar este caso, para que possamos identificar o tal sujeito que fez a violência para que isto não continue.
Os manifestantes pediram na noite de hoje, no centro de Curitiba, a destituição do presidente da Assembléia Legislativa do Paraná, Nelson Justus (DEM), por causa de denúncias envolvendo desvio de dinheiro dos cofres da Casa. A concentração foi promovida pelo movimento “O Paraná que Queremos”.
Fui liberada de minhas aulas da Faculdade de Artes do Paraná, onde curso o segundo ano de bacharelado em interpretação, para participar deste importante movimento político que Curitiba, junto com outras 12 cidades organizou, pela ética e transparência.
Do nada, um dos alunos usando uniforme de agasalho da Faculdade de Direito de Curitiba, começa a fazer uma manifestação muito calorosa atacando um grupo de 4 homossexuais que empunhavam durante a manifestação a bandeira rainbow do movimento GLBT. A bandeira rainbow era somente uma dentre outras tantas de movimentos e partidos que ali estavam lutando por este mundo melhor e mais justo.
Eu estava com minha amiga, perto deste grupo com a bandeira rainbow e comecei a perceber uma rapaz exaltado, que aos poucos foi se tornando violento, e sendo segurado pelos seus colegas de curso de direito. Este grupo de estudantes de direito estavam formando uma espécie de bateria organizada na manifestação da Boca Maldita. Comecei a perceber que um dos meninos que segurava o standard rainbow, começou a baixar a bandeira que segurava e começou a ficar com expressão de assustado e medo. Foi então que me aproximei e vi a gravidade do fato.
O tal estudante de Direito, que fiquei sabendo depois por pessoas que estudam nesta faculdade, é uma espécie de líder do movimento ou centro acadêmico e está num dos últimos anos do curso da Faculdade de Direito de Curitiba, estava violentamente ameaçando agredir e tirar a força o grupo de homossexuais. Eu e minha amiga escutamos quando ele falou: “Tirem esta bandeira de viados daqui de trás de nossa manifestação e bateria. Não queremos nossa imagem vinculada a nada de vocês.”
E minutos antes de tudo isto acontecer, estes mesmos estudantes, que chegaram ali na parte da frente do palco minutos antes da manifestação acabar, por volta das 20:30h, foram tomando conta deste espaço empunhando seus instrumentos e empurrando com seus braços fortes e pesados, as pessoas à sua volta, dizendo que a bateria queria passar. Sem o mínimo respeito e usando de força e “empurra-empurra”.
Eu e minha amiga, vendo o pequeno grupo de 4 homossexuais que tinham faixa etária de 14 a 20 anos, sendo praticamente achincalhado em praça pública, por este acadêmico de direito, nos aproximamos, tomamos a frente e começamos a dar força e coragem aos homossexuais que estavam com medo até de serem violentamente agredidos, não deixando que eles saíssem dali daquela maneira e tentando mostrar ao tal estudante de direito o absurdo de sua atitude de preconceito e homofobia.
O estudante de Direito gritava cada vez mais e tentava partir para a violência física, inclusive sobre eu e minha amiga que nos juntamos ao grupo discriminado. Só não conseguiu porque foi segurado por uma rodinha destes amigos de bateria da mesma faculdade, que o impediram. Mas nada fizeram em defesa da liberdade de manifestação de todos, contra o colega preconceituoso.
No final, o grupo de jovens homossexuais, ficou com medo de ir embora, passei meu fone e agradeci pela consciência política deles e por não terem baixado a cabeça e terem vergonha do que eles acreditam. Escrevo com o coração em dor este email, pedindo ajuda ao seu meio de comunicação que me ajude a identificar quem é este estudante, pois somente assim poderemos talvez ensinar um pouco de cidadania e direitos humanos, pois parece que esta matéria não está sendo levada a sério por alguns acadêmicos e futuros “doutores da lei” do nosso país.
Sei que este aluno e espero não perder as esperanças nisto, é um caso raro e sui generis de preconceito extremo dentro da Faculdade de Direito de Curitiba, pois eu mesma, já fui aluna por anos da mesma faculdade, quando na mesma só havia o curso de Direito, e nos ensinavam a igualdade e respeito ao próximo já no início de nossa vida acadêmica.
Triste episódio acontecido nesta noite do dia 08/06/2010. Peço que se você, que esteve perto do acontecido e sabe quem é este estudante, ou é amigo de bateria do mesmo e não concorda com este fato absurdo e calou-se na hora por “amizade”, que possa estar nos apontando o referido cidadão para que as devidas medidas sejam tomadas ou, no mínimo, um encaminhamento seja feito.
Sem dúvida, o Paraná que queremos, não inclui as atitudes como a deste infeliz estudante.
Meu email direto é casadamaite@ gmail.com , estudo à noite na Faculdade de Artes do Paraná e seu contato pode ser anônimo, até pelo fone (41) 9824-2424 begin_of_the_skype_highlighting (41) 9824-2424 end_of_the_skype_highlighting
Obrigada pela ajuda possível.. e chega de intolerância!!!!”
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