“As plantas brasileiras não curam, fazem milagres”
Karl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), de seu Brasiliensis Systema Materiae Medicae Vegetabilis (1843)
Por Arnaldo V. Carvalho
É irresistivel a mim, enquanto naturopata, mencionar ao menos algumas curiosidades sobre Von Martius. Este homem é um dos importantes pesquisadores que tomou parte em missões cientifico-artisticas pelo Brasil no século XIX. Sua primeira vinda junto com a corte da Imperatriz Leopoldina,em 1817 aos 23 anos, então recem formado em medicina, proporcionou a viagem de dez meses que lhe faria dedicar o resto de sua vida ao estudo das plantas brasileiras.
Há muitas diferenças, erros de tradução e confusões de datas e informações acerca do trabalho de Martius, que juntamente com outros pesquisadores é autor da até hoje maior compilação de plantas medicinais da América do Sul, contabilizando um total de 22.767 espécies, a maioria angiospermas.
Sem dúvida é uma obra muito extensa, e quando se considera que até hoje não há similares tão vastos. Considerando ainda que a maior parte de sua catalogação na própria europa com material recolhido, e que naquele tempo ele encontrou um território hostil tanto por doenças como por habitação indígena aa defender seus territórios originais, tudo torna o feito de Martius algo incomparável.
Devemos todos, médicos, botânicos, fitoterapeutas e naturologos (naturopatas) a esse homem. Martius deu nome a muitos gêneros vegetais, algumas homenagens óbvias como Leopoldinae e Maximiliana. Seu espírito parece ter sido amoroso, vivo, curioso. Interessava-se pela vida em geral, e com sua rabeca tirou de ouvido músicas indígenas e as registrou em partituras. Essa forma de amor a vida de certa forma pode ser percebida na carta abaixo, que está ATUALMENTE A VENDA EM SITE ESPECIALIZADO POR 650 LIBRAS!
Pessoalmente, preciso agradecer ao meu professor Douglas Carrara, um dos mais importantes de minha formação, que me fez conhecer Von Martius e a existência de sua rica obra, a literatura clássica da fitoterapia científica e boa parte da consideração que tenho hoje pelo Reino Vegetal. Se Martius é um homem sem paralelos, ao menos posso dizer que também convivi com um antropólogo botânico-pesquisador-fitoterapeuta, um verdadeiro polímata em biologia e saúde natural, dedicado a saber mais a fundo sobre o que as plantas e homens mais legítimos desse “Brasil brasileiro” tem a revelar. Sua obra Possangaba e sua experiência de vida merecem ser lidos por todo aquele que se encanta pela vida e pela realidade da Medicina Popular.
Vale finalizar com a curiosa frase encontrada no túmulo onde jaz seu corpo na Alemanha. a famosa frase em latim: “palmis semper virens resurgo!”, algo como “nas palmeiras estarei jovem, nas palmeiras eu ressurjo”. Isso é porque de todos os tipos de planta, Martius não escondeu que essa foi sua predileção, apaixonado para sempre. Não é a toa que temos hoje três espécies de palmeiras com nomes em sua homenagem: Asterogyne martiana, Pritchardia martii e Trachycarpus martianus (possivelmente há outras mas desconheço).
Algumas referências rápidas:
http://biblio.etnolinguistica.org/autor:carl-von-martius
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carl_Friedrich_Philipp_von_Martius
http://ceticismo.wordpress.com/2007/01/17/karl-friedrich-philipp-von-martius/
http://bndigital.bn.br/redememoria/vonmartius.html
http://rodriguesia-seer.jbrj.gov.br/index.php/rodriguesia/article/view/134