Segue mais uma transposição de canções dos Beatles para arranjos clássicos típicos do Barroco. Estes foram feitos pelo Shin’ichirō Ikebe (1943-), um respeitável compositor clássico japonês que leva créditos em uma série de trabalhos, inclusive composições magistrais feitas para filmes de Akira Kurosawa como Sonhos e Rapsódia em Agosto. A proposta aqui é bem mais literal do que aquele realizada por Rifkin e recomendada aqui na semana passada. Ouve-se, também, o aparecimento de grandes músicas do cenário clássico usadas como arcabouço para algumas peças, como por exemplo na inaugural Let it Be, que emerge de uma abertura a lembrar o Cânone em Ré de Pachelbel, ou a entrada beethoviana de Ticket to Ride. Mesmo com boas ideias, considero que o álbum teve menos sucesso – e certamente menos originalidade – que a tentativa de Rifkin. E você, o que acha?
sonhos
O Sono e o Sonhar – Curso de Extensão pelo MOB (Iserj)
O sonho de Chuang Tzu
“Uma vez sonhei que era uma borboleta, uma borboleta flutuando feliz pelo ares! Mas assim que despertei, percebi que meu corpo era humano, o mesmo de sempre, forte, compacto, de carne e osso. Porém, ainda totalmente tomado pelo prazer do vôo e pela sensação da liberdade das asas, pensei assim: Será que isso foi Chuang tse sonhando que era um borboleta ou a borboleta sonhando que era Chuang tse?”
Chuang Tzu, 389-286 a. C.
Chuang Tzu, 389-286 a. C.
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“Uma vez Chuang Tzu sonhou que ele era uma borboleta, uma borboleta a voar e flautear por aí, feliz consigo mesmo e fazendo o que desejava. Ela não sabia que era Chuang Tzu. De repente ele levantou-se e lá estava ele, o sólido e infalível Chuang Tzu. Mas ele não sabia se era Chuang Tzu que havia tido um sonho que era uma borboleta, ou era uma borboleta sonhando que era Chuang Tzu. Entre Chuang Tzu e uma borboleta deve haver alguma distinção. Isto é chamado a Transformação das Coisas.”
Chuang Tzu, 389-286 a. C.