Porque não faço L mas voto 13 no dia 30

Porque “não faço L mas voto 13” no dia 30.

(Por Arnaldo V. Carvalho*)

Não será um textão. Quem já me acompanha vai ler agora, em um parágrafo curto, uma síntese de tudo o que repito há anos:

Nunca votei e sempre fui um crítico aos governos de Lula (2003-2011), e definitivamente não sou um “lulista”. Mas divergir de um projeto nacional é muito diferente de protestar contra a ausência de um projeto, ou de não admitir a presença de um projeto fascista de estado (ou com características fascistas). Por essa razão (e outras), em 2022 meu voto é 13.


Quem tiver paciência, pode ler uma “expansão” dessa ideia e conhecer minimamente a minha condição e posição política. Estou colocando isso aqui porque é primeira vez que eu declaro meu voto publicamente – a despeito de ter me esforçado, nas últimas eleições, para ajudar quem me lê na direção de um voto consciente sem oferecer qualquer endereço a quem votar.

Histórico (d)e algumas convicções políticas

  1. Meu histórico de votos em Lula: Nunca havia votado, e sempre fui um crítico aos governos de Lula (2003-2011). Minha crítica não começou quando veio a onda de escândalos de corrupção (cujas reais conexão para o o então presidente nunca foram bem esclarecidas). Ela é mais antiga, simplesmente porque discordo das direções que ele considera as melhores para o país. Essa crítica não me faz negar os progressos sociais evidentes de sua gestão (bem como os progressos não me fazem ignorar a manutenção da concentração de renda).
  2. Meu histórico como (NÃO) militante por pessoas ou partidos: Aliás, podem buscar e não verão eu fazer propaganda ou defender político específico nenhum ou partido específico nenhum. Nem sou muito de declarar voto. Mas é claro que estou sempre observando as posturas e atitudes coletivas dos partidos e seus representantes, e as estatísticas mostram que, no geral, alguns partidos e suas pessoas propõem e votam em pautas com as quais identifico serem melhores para as pessoas do que outros.
  3. Se sou “de esquerda” ou de “direita”: É comum que amigos e conhecidos “de esquerda” me achem “à direita” e os de direita, que sou “de esquerda”. Eu não me reconheço como parte dessas posições, porque a coluna de valores que são colocadas como identitárias (ou seja, o que faz alguém sentir pertencimento em relação à “esquerda” ou “direita”) são, no mais essencial, as mesmas (talvez por desconhecimento da maior parte das pessoas acerca da origem dessas palavras e como se construíram sistemas de valores associados a uma ou a outra). Eu quero paz, segurança, educação, respeito, honestidade, amor, quero ter voz e ser escutado, e quero isso para TODAS as pessoas e para a natureza. Isso é ser o quê? Esquerda ou direita?
  4. Capitalismo ou socialismo: é tão simplista dividir o mundo e os diferentes sistemas econômicos desse jeito! Então vou ser simplista também na minha posição, afirmando aqui por escrito o que sempre digo aos amigos quando me perguntam: em uma sociedade ética, qualquer sistema serve, porque sempre se criará mecanismos de justiça social e equilíbrio econômico, e todos terão seus espaços e dignidade garantidas.
  5. Quando voto não penso apenas em mim ou minha realidade: combato o que para mim é um falha na consciência política de muita gente. Há quem se candidate, e há quem vote, dirigindo-se a pautas que apenas a eles interessa. Surge o “Fulano do bairro”, o “Ciclano do SUS”, a beltrana da “igreja”. Que pese seja legítimo a qualquer cidadão – inclusive os que se fazem candidatos – se sentirem mais envolvidos com/por certas causas e menos por outras, ainda assim, há que se fazer um esforço de olhar o todo. Se não dirigirmos nosso poder de voto com esse fim, mesmo sem querer fomentamos desigualdades, porque se todos pensam em suas pautas “e fim”, as minorias seguirão sendo esmagadas e estaremos condenados a viver sempre em flerte com fundamentalismos, totalitarismo e intolerância. Por isso sim, especialmente nas esferas executivas federais, sou mais a favor quanto mais um candidato tenha um pensamento integrador, onde todos possam ter voz.
  6. Tamanho da economia desconsiderando concentração de renda é uma das maiores balelas utilizadas no Brasil: aqui não salvo ninguém. Há uma clara disputa de narrativas sobre crescimento econômico, tamanho do PIB etc. O silêncio por trás é termos a segunda concentração de renda mais violenta do planeta (perdemos apenas para o Qatar). Ou seja, a posição no ranking econômico, o tamanho do crescimento etc., não muda de fato a realidade de 99% das pessoas caso a concentração permaneça aumentando. É a conta mais fácil do mundo de fazer. Eu tenho 90 pedacinhos de qualquer coisa, outra pessoa tem 9 e outras 98 tem que dividir um pedacinho. Entrou mais 100 pedacinhos. Se mantemos a concentração (pior é se aumentasse), quantos pedacinhos a mais eu (dos 99 pedacinhos) vou ter, o sujeito dos 9 pedacinhos terá, e os outros 98 terão? Há quem acredite que “mesmo assim, os 98 que dividem um único pedacinho aumentarão em 100% seu ganho, tinham 1 pedacinho agora tem 2”. É um discurso real, há quem de fato defenda isso! Como há quem (e aí acho que é a maioria) acha incrível discutir tamanho da economia ou crescimento econômico… Precisamos é de desenvolvimento, que leve a uma mudança desse quadro que para mim é simplesmente perverso.
  7. Diferença entre divergir e não admitir: Divergir de um projeto nacional é muito diferente de protestar contra a ausência de um projeto, ou de não admitir a presença de um projeto fascista de estado (ou com características fascistas).

O 7×1 de Lula sobre B ou Critérios de análise que usei para essas eleições em particular

  1. Utilização de fontes oficiais: há tempos eu só aceito como informação analisável a imprensa oficial (com todos os seus problemas, ela ainda é a mais fiscalizada, e composta de maior número de jornalistas formados), e dados emitidos por instituições reconhecidas. Eu sempre comparo as fontes de informação, inclusive com uso de fontes internacionais. E uso também iniciativas oficiais de fact-checking. Opiniões pessoais, canais do Youtube, etc. são ignoradas, à exceção da proveniente de autoridade reconhecida: por exemplo, um doutor em economia que dá aulas em uma instituição pública possivelmente terá uma análise dele ouvida por mim (mas eu vou checar quem é). O influenciador digital “da hora” não tem qualquer chance comigo. É muito difícil para alguém que utiliza estritamente este tipo de fonte não enxergar vantagens de se votar em L em relação a B.
  2. Comparação de administrações federais entre os candidatos: É estranho, pois estamos votando não em propostas de governo, mas em dois modelos pré-experimentados. Independente da amoralidade e do discurso do ódio do presidente atual e de seu grupo, sua administração foi ruim nas mais diversas áreas, e qualquer comparação estatística é capaz de mostrar que entre esses dois governos (o de Lula entre 2003-2011 e o de B. 2018-2022), o primeiro foi muito, mas muito melhor para a grande maioria da população. Sem detalhar todas as comparações, apenas focando no perfil técnico dos ministros para pastas de alta importância como saúde, educação e meio ambiente, vê-se que em Lula havia gente com total relação com as áreas para quais ocuparam os cargos. Já no caso do governo B as indicações eram totalmente políticas. Esse é só um pequeno detalhe no todo de problemas administrativos que começam na incompetência e terminam em vilanice, em vários casos.
  3. Comparação do histórico na política nacional: B ficou 28 anos como deputado pelo Rio de Janeiro, tudo o que sei que ele votou na Câmara dos Deputados, votou diferente de mim, tudo o que discursou eu discordei, e ele no final das contas não conseguiu apresentar mais do que dois projetos de lei nessas quase três décadas? Para mim isso já é eliminatório. Para não falar de “como tudo começou”. Mas será que a trajetória de L é passível de eliminação? Não. Ele liderou o movimento operário durante a ditadura, ajudou a formar um dos mais importantes partidos brasileiros, foi ativo nas Diretas Já, como deputado federal (mais votado da história até então), participou ativamente da Constituinte e levou para a câmara cinco projetos relacionados a reposição salarial (em apenas quatro anos de mandato). No mínimo sua coerente trajetória demonstra liderança, proatividade e merece respeito.
  4. Sobre a corrupção versus decisão de voto: Em relação à corrupções (no plural), vejo que o brasileiro pode escolher três formas de julgar os políticos, e os dois primeiros são: “todos são corruptos” (e se assim for o critério de voto nem pode ser esse); “apenas um lado é corrupto” (essa é uma tomada de posição que desqualifica a possibilidade de um voto consciente, já que há evidências de corrupção de grande escala em diversos governos). Uma terceira possibilidade, que é a que sigo, é de não me considerar dono da verdade, nem um especialista em direito (eu não sou), e ir atrás das acusações, processos e resultados e suas pessoas. Não havendo competência para avaliar as nuances do juridiquês (também meu caso), ao menos ir ler o que dizem os especialistas, juristas profissionais, etc., buscando preferencialmente mais de um posicionamento. Se você fizer isso em relação aos diversos casos de corrupção e improbidades administrativas, pensará duas vezes entre simplesmente taxar Lula de ladrão e chamar B. de “mito”. Aliás, poderá desconstruir e reconstruir grande parte das imagens idealizadas de heróis e vilões por trás das figuras políticas.
  5. Olhe para o campo: Há anos recomendo que compreender a política nacional é olhar para o campo. E infelizmente, em meu pequeno círculo de amizades, poucos olham. Quando eu digo isso, estou sim falando de meio ambiente e ecologia, mas não simplesmente. O ponto é que o campo (e as florestas) detém a maior concentração de poder no Brasil. O campo tem forte mentalidade armamentista, do plantation a base de agrotóxico, da boiada que passa e destrói, das relações estéticas com um modo de vida hiperhierarquizado e que não respeita vidas e suas diferenças. O campo não consegue entender a importância de transitarmos para uma sociedade mais industrializada com tecnologia própria, e por isso não oferece os devidos incentivos às ciências. É o campo quem elege boa parte dos poderosos que acreditam em um projeto de nação de “discurso único”. É o campo quem faz boa parte do dinheiro do país, e ao mesmo tempo concentra cada vez mais renda. É por isso que todos os candidatos no primeiro turno flertaram com o agro. Quando olho para os detalhes no modo de lidar com os poderosos do campo, no entanto, vejo diferenças significativas entre os dois governos. Há uma tentativa clara em Lula de se negociar espaços vivíveis para uma população “não poderosa”, e a contrapartida é uma política externa que sempre foi muito favorável aos mega empresários. B. nunca se interessou por qualquer tipo de negociação nesse sentido. sequer.
  6. Discurso de ódio, apologia à ditadura, misoginia, etc. e tentativas de legitimar tais discursos e práticas: Isso nunca saiu da boca do Lula e está no plano do inconcebível em relação a qualquer candidato à qualquer posição pública onde eu tenha o direito de opinar através de meu voto.
  7. Mentiras e redes de fake news: estudos e investigações jornalísticas, acadêmicas e de instituições de proteção à transparência, lisura das eleições (incluindo o TSE), dentre outras mostram o quanto Bolsonaro é incomparavelmente o maior mentiroso da história, e o quanto a rede que seu grupo montou em torno de fake news construindo uma “realidade paralela” difícil de descontruir uma vez que a pessoa tenha entrado nela. Outro critério desclassificatório contra B, e ainda mais perverso, pois enreda pessoas em uma rede de distorção de fatos, reversão de valores e manipulação extrema. É quase inacreditável que não hajam leis nacionais e internacionais que prevejam um combate mais inteligente e incisivo à tais práticas. Nesse sentido, também não dá para comparar a qualidade de falas dos dois candidatos nem a diretiva central das duas candidaturas e suas estratégias nas redes. (Repito: a quem está me lendo nesse momento e acha que sou eu o iludido, me procure em particular e vamos trocar fontes de informação e analisar friamente os discursos. não dá para ter preguiça de ler ou estudar em decisões que afetam nossas vidas)
  8. O fato de eu ter várias discordâncias e cobranças em relação a Lula (e parte de seu grupo), seus governos e atitudes relacionadas à própria candidatura: A história é longa, e nesse momento em que declaro voto a ele, já digo que vou dele cobrar tudo o relacionado às minhas históricas críticas ao governo Lula 2003-2011. Também fique claro que sim, coloco na conta dele, seu grupo e estratégias eleitorais uma série de pontos (outra longa história que sim vou expor em algum momento minha visão). Mas vale frisar que este “voto contra” não tem origem de qualquer mérito da parte do outro candidato (que se eu for expor o mesmo nível de discordância “fora tudo” o que já mencionei, de novo perde pro Lula, e aí é “8×0”. Em outras palavras, no 7×1 dessas eleições o “x1” é também um gol (esse contra) de Lula.

* Arnaldo V. Carvalho, eleitor, escritor, terapeuta e professor em saúde natural, pedagogo, mestre e doutorando em educação.

Um jeito de definir o voto

O ambientalista e professor Carlos Eduardo Aguayo Reis, a quem tenho a honra de chamar de amigo, há anos milita por uma maior consciência na hora do voto. Ele criou uma cartilha neutra, que ajuda o eleitor a pesar suas convicções entre os candidatos, ajudando no processo decisório.

Estou disponibilizando aqui os dois materiais do Carlos para todos os que queiram votar sem pesos de consciência. (Valeu Cadu!). Para quem já se posicionou de modo firme, é inútil. Mas pode ser bem útil para quem não acompanha política e quer votar certo – no ponto de vista de votarem em candidato que de fato se alinhe às próprias ideias, ao que acredita, ou para aquele que quer revisar e ter mais certeza de quem merece seu voto. Mais democrático impossível.

OBS: A cartilha não exime o eleitor de pesquisar, pelo contrário, ela traz questões e cria um sistema de peso daquilo que o próprio eleitor considera prioritário. Pode dar algum trabalho, mas ela não é chata de fazer. É excelente!

Cartilha Eleições Presidenciais 2022

Cartilha do Eleitor Consciente – como funciona

Tentando votar direito (4)

– Tentando votar direito –

Critérios que uso na hora escolher em quem voto

Parte 3: Partidos e grupos econômicos

“Ficha limpa”

Era muito mais difícil votar certo. Porque era muito mais difícil pesquisar. Hoje em dia, driblando-se os fake news e outras distorções do mundo digital, consegue-se puxar a ficha de qualquer um.

A minha “ficha limpa” é um pouco mais rigorosa que a utilizada pela lei assim batizada (e que é útil, veja no link), porque muitos atos ilícitos são para mim extremamente sujos. Votar privilégios e benefícios a si e aos seus grupos de alinhamento que sim pesem ou causem impactos significativos para o Todo da sociedade podem desclassificar o candidato facilmente. Só por esse critério digo que sobra muito, muito pouca gente.

Ou seja, para saber se o candidato é “ficha limpa”, é preciso estudar as engrenagens e instituições que movem a cidade em que se vive, o Estado e o país, e como esses candidatos interagem com elas.

O ex-prefeito que hoje é candidato é oficialmente “ficha limpa”, mas autorizou um desmatamento de alto impacto ambiental para a construção de uma lucrativa indústria, com injustificável lastro de empregos e benefícios (as vezes empreendimento tocado por  empresa que apoiou o candidato no processo eleitoral)? Ficha suja. Ele fez dentro da lei, mas por mim cometeu algo próximo de um crime. No mínimo, o crime da falta de consciência, impensável a um representante do povo.

Sim, me interessa conhecer a trajetória deles pelos partidos e os grupos econômicos com os quais a pessoa está alinhada, para início de conversa.

Partido conta?

Partidos são blocos imensos de pessoas, que concordam com alguns pontos essenciais, mas não em tudo. Por isso todo partido tem debate, tem pré-candidatura, tem frentes, divisões diversas. É por isso que o fato de você achar um candidato de um partido absurdo não é critério para desclassificar o partido inteiro. A coisa muda quando uma boa parte dos candidatos do mesmo partido são duros de engolir, pois isso quer dizer que é justo onde você não concorda que eles se alinham.

Olhar para o partido do candidato conta de duas formas: Na observação do comportamento do candidato em relação a esse mesmo partido, e na observação geral da coerência desse mesmo partido.

A forma como o candidato se relaciona com a política partidária pode dar pistas importantes: Troca de partido como quem troca de roupa? Desconfio. Passeia por partidos notoriamente “centrão”? Desconfio. Apoia tudo o que o partido diz? Estranho.

Se o partido do candidato apoia radicalmente coisas que não fazem sentido nenhum para mim? Desclassifico. Os partidos e seus históricos de coligação também ajudam a gente a entender como eles funcionam. Partido tem uma linha, começa a fazer coligações “esquisitas” com outros partidos que em princípio tem ideias opostas… Desconfio demais.

A análise do partido é especialmente importante quando se pensa em quem votar para deputado estadual ou federal. Isso porque são muitos, e é simplesmente impossível analisar a todos um por um. Para se ter uma ideia, aqui no Rio são quase 2500 candidatos para deputado estadual. O partido ajuda a gerar algum filtro.

Grupos econômicos

Essa parece ser hoje o fator de maior atenção: a economia. Infelizmente os populares analisam muito pouco o papel do enlace entre os grupos econômicos e a economia (dê uma pequena olhada nesse vídeo e entenda melhor a ligação entre produção, grupos econômicos e políticos). Esse enlace nocivo costuma levar estados e países na direção de um colapso. Vejam no que acarretou no Rio e Janeiro a superdependência do petróleo, ou a superdependência da economia nacional pelo agrobusiness.

Candidato que apoia e é apoiado por grupos econômicos que estão alheios às necessidades das pessoas, ou que seguem por rumos insustentáveis (em todos os sentidos), estou fora.

– CONTINUA –

***

Arnaldo V. Carvalho, pai, terapeuta, educador, escritor, cidadão.

COLIGAÇÕES PERIGOSAS

COLIGAÇÕES PERIGOSAS: Na eleição para vereador, muito cuidado, seu voto pode ir para uma pessoa em quem você jamais votaria!!! (mesmo você tendo votado perfeitamente na urna) VEJA PORQUÊ!

 

Por Arnaldo V. Carvalho*

 

Muita gente pensa que nas eleições para vereador, ganharão os candidatos que tiverem mais votos, simplesmente. Mas não, pois nosso país entende que isso favoreceria sempre os grandes partidos e/ou criar uma certa estabilidade nos votados – empecilhos a democracia. Assim sendo, criou-se uma forma de cálculo que de certa maneira consegue efetuar uma distribuição lógica dos cargos a vereador entre diferentes partidos1. Por isso mesmo, o voto da gente as vezes não elege nosso candidato, mas pode eleger outro candidato do partido que você acredita.

 

O cálculo é feito assim: pegam-se o total de votos válidos e se divide pelo número de vagas. Pega-se então o número de votos que um partido teve, e divide-se pelo resultado da divisão anterior. O resultado é o número de vereadores que o partido conseguiu. Se o número porém não for redondo (e geralmente não é), por exemplo, se esse calculo acabar em 3,2, então o partido tem garantido 3 vagas. O que fica depois da vírgula vai se somar a todos os “restinhos” dos cálculos de cada partido, e irão compor um cálculo final, com as vagas que sobrarem. Esse cálculo, baseado em médias, também se baseia nos números totais de um partido, não de candidato A ou B.

 

Uma vez que se saibam quantas vagas o partido conquistou, aí sim conta o número de votos individual, e finalmente saberemos quem dentro desse partido é que vai entrar.

 

O problema é que, quando partidos formam alianças – as chamadas coligações – eles passam a contar, para o sistema eleitoral, como um só. Então vamos dizer que o Partido das Toupeiras se junta com o Partido das Águias, formando a coligação “Bicho Estranho”. Você quer votar no João Falcão do Partido das Águias, e na sua opinião o Partido das Toupeiras tem um ideologia totalmente contrária a sua. A coligação “Bicho Estranho” consegue 2 vagas de vereador. João Falcão é o mais votado do partido das águias, mas tem menos votos que Simão Castor e Vera Rato, ambos do Partido das Toupeiras (que você detesta), e assim fica de fora, porque nessa eleição, é como se fosse um só partido, que é a “Coligação Bicho Estranho”. Agora vamos a um exemplo ainda mais amargo. Vamos dizer que o João Falcão que você tanto gosta recebeu 100 mil votos, sendo que para o cargo precisava de 50.000. Sabe o que acontece? Os votos que sobram dele vão para os outros, não necessariamente do seu partido, mas por ordem de mais votado da coligação. Mais uma vez, você, embora tenha ajudado a eleger seu vereador preferido, acabou colocando na Câmara políticos que podem inclusive atrapalhar as iniciativas do seu vereador!

 

Por isso é que, Como diz Drica Guzzi, “antes de votar precisamos ter clareza de quem está junto com quem”. Se um partido que te agrada se junta com outro que você não votaria, veja lá se você vai mesmo querer votar nesse. No final das contas, as “coligações perigosas” é uma das arma mais traiçoeiras do cenário político nacional.

 

Conheça as coligações dos partidos dos seus candidatos consultando:

 

http://eleicoes2012.info ou http://www.repolitica.com.br

 

*Arnaldo V. Carvalho é pai, terapeuta, cosmopolita, “meio intelectual, meio de esquerda meio de direita“, e busca votar responsavelmente.

 

1. Esse cálculo é baseado em uma equação criada pelo belga Hondt, sendo por muitos chamado de “método D’Hondt”. A maioria dos países na Europa e muitos em todo o mundo utilizam esse método.

 

Referências

http://www.luisgomesrn.com/portal/modules/news/article.php?storyid=230

http://jus.com.br/forum/89671/votos-em-legenda-partidos-coligados-como-funciona-a-distribuicao/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_eleitoral_do_Brasil

http://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_no_Brasil

http://www.tre-sc.jus.br/site/eleicoes/calculo-de-vagas-deputados-e-vereadores/index.html

http://www.flc.org.br/revista/materias_view.asp?id=%7B9E21134A-1BAE-4561-8D27-290BAE7668DE%7D

http://dricaguzzi.info/2010/coligacoes-partidarias-visualizando-confuso-sistema-distribuicao-votos

http://www.flickr.com/photos/14898892@N02/sets/72157624920730871/

Votar com consciência em NITERÓI

Para fazer bonito nas eleições e votar com consciência em Niterói

À parte dos textos de defensores ou atacantes radicais que se resumem a criticar de modo agressivo candidato x ou y, podemos adotar outros critérios mais construtivos – e muitas vezes impensados – para definir nosso candidato. Para quem quer votar com confiança e tranquilidade de quem está votando certo, existem hoje muitas ferramentas que nos permitem encontrar rápido as informações certas e confirmadas sobre os diferentes candidatos. Construí aqui um “passo a passo”, tanto para os eleitores estão partindo do zero para escolher seus candidatos, como para os que tem dúvida ou simplesmente querem fazer uma “checagem derradeira” daqueles em que em princípio iriam votar.

1) Panorama global: O primeiro passo é esse, dar uma olhada geral nos partidos e seus candidatos. Os sites onde se podem fazer isso:

– http://www.eleicoes2012.info/  : Aqui há uma lista com TODOS os candidatos, idade, formação, partido, e a situação deles junto ao TSE. Todas as informações são disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e portanto são confiáveis. 

http://www.repolitica.com.br : Esse site é sustentado por ONGs que combatem a corrupção no Brasil, sendo altamente confiável. Além de também abrigar dados do TSE, o Repolítica permite que você inclua sua opinião sobre os candidatos que desejar, encaminha perguntas para os próprios candidatos responderem (a respeito a cidade, temas gerais, etc.), e finalmente, possui uma espécie de teste de afinidade, onde a medida que você responde são cruzados dados sobre a ideologia do candidato (respondida pelo próprio) e a sua, servindo como pontapé inicial para a sua busca por um bom candidato.

– http://achecandidatos.com.br/ : Não descobri quem faz esse site, mas é mais um que apenas expõe dados do TSE. Bom para um tira teima.

2) Os vices: Saber um pouco mais sobre os vices dos candidatos à prefeitura de seu município pode dar uma boa dica de alianças políticas. Isso aponta para uma tendência de governo, e pode ainda revelar ligações entre políticos que você certamente desaprovaria. Para tanto,  vá no http://www.eleicoes2012.info/ e descubra os prefeitos. Clicando neles você descobre quem é o vice. Aí basta clicar no link referente a ele para a ficha aparecer. 

No caso de Niterói (candidatos a vice exibidos em ordem alfabética)

– Axel Grael (PV) – Candidato a vice de Rodrigo Neves (PT)

 http://www.eleicoes2012.info/axel-grael/ 

54 anos, natural de São Paulo/SP, Superior completo

Coligação: Vamos Niteroi (PRB / PT / PMDB / PSC / PSDC / PHS / PMN / PSB / PV / PC do B)

– Claudio SOS Bombeiros (PSOL) – Candidato a vice de Serafino (PSOL)

39 anos, natural de Campos/RJ, Bombeiro Militar

Coligação: Mudança de verdade (PCB / PSOL)

http://www.eleicoes2012.info/claudio-sos-bombeiros/:

– Fabiano Gonçalves (PTB) – Candidato a vice de Sergio Zveiter (PSD)

38 anos, natural de Niterói, economista

Coligação: Compromisso de Mudança (PTB / DEM / PRTB / PTC / PSD)

http://www.eleicoes2012.info/fabiano-goncalves-55/

– José Seba (PPS) – candidato a vice de Felipe Peixoto (PDT): 

66 anos, natural de Niterói/RJ, Médico

Coligação: Niteroi do Futuro (PP / PDT / PSL / PTN / PPS / PRP / PSDB / PT do B / PPL)

http://www.eleicoes2012.info/jose-seba-12/

Sabrina Luz (PSTU): Candidata a vice de Heitor (PSTU)

31 anos, natural de Belém/PA, Professora do Ensino Fundamental
Partido sem coligações para essa eleição.

http://www.eleicoes2012.info/sabrina-luz/

3) As ligações partidarias ou coligações perigosas: Veja como é que os diferentes partidos se arranjaram em alianças. Coligações significam que diferentes partidos se uniram para tentar eleger um único prefeito, Isso quer dizer que compartilharão propaganda, espaço no horário eleitoral da rádio e TV, e na eventual vitória, espaços na administração pública. PERIGO! Muita atenção, por vezes você se identifica mais com um partido mas ele está coligado para esta eleição justamente com aquele que você considera um algoz! Não deixe de investigar essas coligações. Para tanto, busque essa informação em:

http://achecandidatos.com.br/rj/niteroi/

4) Os desprezados: Sempre há candidatos cujos nomes mal se falam, pouca gente conhece. Em geral pertencem a partidos pequenos, ou são sérios e não aceitaram dinheiro questionável para fazer uma grande campanha, e/ou não aceitaram fazer alianças com outros partidos com ideologias contrárias ou ainda, cujo diretório é notávelmente corrupto. Dentre os candidatos de menor visibilidade, sempre existe a chance de haver aqueles com os quais mais você se identifica, e que talvez sejam os mais íntegros, não deixe de checa-los. Em Niterói, dois candidatos a se conhecer melhor são Flavio Serafini (PSOL) e Heitor (PSTU).

http://www.eleicoes2012.info/flavio-serafini/

5) Ficha limpa: Não tem jeito, no final de sua pesquisa é preciso consultar se o candidato está com a ficha limpa  ou não. Ficha Limpa é uma LEI FEDERAL, que foi instituída por ação popular (não foi nenhum político que fez essa lei, foi o povo, através de iniciativa que gerou assinaturas de mais de 10% da população brasileira, e que os políticos tiveram que aceitar pois trata-se de ato previsto na Constituição Brasileira). Essa lei impede que um candidato com a “ficha suja” seja eleito; Mas alguns tentam escapar da lei, e conseguem suspensões temporárias e lançam suas candidaturas. De qualquer forma, o nome de todos ficam registrados no TSE. No site da organização que supervisiona a lei da FICHA LIMPA no país podemos saber facilmentese o sujeito é Ficha Limpa ou não, e também saber o quanto recebeu de doações e quem doou para eles. Os links:

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/consultar_doacoes 

Em Niterói, para a campanha de prefeito Felipe Peixoto ganhou um total de R$52.200 em diferentes doações de 9 pessoas físicas, e ele próprio acrescentou R$5.000,00 à sua campanha (total R$57.000,00); Flavio Serafini obteve R$6910,00 de 4 pessoas físicas diferentes e mais R$1.500,00 do partido (total R$8.410,00);  Heitor Fernandes recebeu R$647,00 do próprio partido para panfletos e um banner de R$33,00. Rodrigo Neves recebeu um total de R$500.100,00, sendo que o Estaleiro Mauá contribuiu com R$200.000,00 e a UTC engenharia R$300.000,00; a verba de Sergio Zveiter foi quase toda bancada por um parente (R$150.000,00) mais R$480,75 do partido. 

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/ficha_limpa

http://www.tse.jus.br/internet/tcu/ResponsaveisContasJulgadasIrregularesEleicoes2012_UF.pdf – No site oficial do TSE você encontra um listão com todos os candidatos com contas irregulares. Acesse caso queira fazer “tira-teima” em relação ao que você consultou no site “fichalimpa.org.br”. 

NOTA SOBRE TRANSPARÊNCIA: Muitos municípios estão promovendo fóruns de Transparência e Controle Social. Em Niterói temos o Fórum de Transparência e Controle Social de Niterói que surgiu da I Conferencia de Transparência e Controle Social, realizada sem nenhuma contribuição da Prefeitura, mas foi realizada com o apoio de 42 organizações da sociedade civil em fevereiro 2012. O Fórum promovem cobranças sobre as ações do governo. Uma ONG que atua também nessa direção e pode ter muito a dizer sobre sua cidade é o Observatório Social do Brasil: (www.observatoriosocialdobrasil.org.br), um atuante mecanismo de controle. Ele atua de forma articulada com o GTCS  (Grupo de Trabalho para o Controle Social), que reúne órgãos como CGU, TCE TCU e Ministério Público. 

Integrando a rede de observatórios, temos o OS Niterói – http://osniteroi.blogspot.com.br/ que entre outras coisas se propõe a fazer o acompanhamento do processo de aquisição de produtos e serviços realizada pela Prefeitura, através de licitação, monitorando todas as suas etapas, que vão desde a publicação do edital até a entrega dos produtos e a realização dos serviços. Faz ainda a divulgação dos editais junto aos fornecedores visando ampliar o número de concorrentes, propiciando uma redução dos preços.

Finalmente, temos o Acorda Niterói – Não sei quem está por trás, mas o site basicamente relembra a população de todas as “ligações perigosas” entre o prefeito Jorge Roberto Silveira e os candidatos, empresários finanaciadores e participantes do governo. Um trabalho bem feito, pesquisa com dados corretos e que não podem ser ignorados na hora de se pesar em quem votar.

Para complementar, recomendo que leiam o artigo “carta aberta aos candidatos”, pequeno artigo que escrevi anteriormente:

Como (não) perder meu voto – Atitudes de campanha que desclassificam qualquer candidato.

e o artigo: Novos partidos políticos – perigo no ar! ?, igualmente encontrável nesse blog. 

– Links úteis:

 Alguns links úteis:

http://www.eleicoes2012.info/candidatos-prefeito-niteroi-rj/alf/

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2530251

http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/consultar_doacoes

http://achecandidatos.com.br/rj/niteroi/

http://www.jb.com.br/rio/noticias/2012/06/28/com-cenario-de-equilibrio-niteroi-ja-conhece-seus-candidatos-a-prefeito/

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/ficha_limpa

http://www.tse.jus.br/internet/tcu/ResponsaveisContasJulgadasIrregularesEleicoes2012_UF.pdf

http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_partidos_pol%C3%ADticos_no_Brasil

http://guiadeniteroi.com/candidatos-fichas-sujas-na-mira-do-ministerio-publico/

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2530251

http://www.tse.jus.br/partidos/partidos-politicos

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/consultar_doacoes

http://achecandidatos.com.br/rj/niteroi/

http://www.fichalimpa.org.br/index.php/main/contas_barradas

http://www.abracci.org.br/

http://www.mcce.org.br/


*Arnaldo V. Carvalho é pai, terapeuta, cosmopolita, “meio intelectual, meio de esquerda meio de direita“, e busca votar responsavelmente.

Votar no menos pior? NUNCA! (sobre joguinhos eleitorais)

Votar no menos pior? NUNCA! (sobre joguinhos eleitorais)

Por Arnaldo V. Carvalho

Na disputa das últimas Olimpíadas, a seleção brasileira de basquete precisava perder da Espanha se quisesse evitar enfrentar o dreamteam dos EUA na fase seguinte – o que acarretaria em eliminação certa. A equipe espanhola enfrentava a mesma condição naquela partida. Ao longo da partida, a Espanha demonstrou em diversos momentos que estava entregando o jogo ao adversário. Ao contrário dos espanhois, os brasileiros jogaram o que podiam, deram seu melhor. Venceram. E perderam, sim, de lavada dos EUA no jogo seguinte, despedindo-se do torneio (a Espanha conseguiu o seu intento e foi para as finais). Na ocasião, o basquete brasileiro precisou da ajuda de um técnico argentino para ser um Brasil diferente, um Brasil que dá sempre o seu melhor, que admite ser derrotado, só não admite não enfrentar as circunstâncias. Sem subterfúgio. Sem joguinhos. Como eu gostaria que essa lição fosse transmitida à política, especialmente na hora do voto!

A coletividade deve se empenhar em ser transparente para com suas opiniões e convicções, se quer a contrapartida de governantes igualmente transparentes. Caso contrário, seguiremos o “país do joguinho”, dos conchavos, dos acordos por trás, do “deixar de votar no C para votar no A, não porque se gosta do A, mas só para prejudicar o B”. Se dizem que “o vídeo imita a vida”, posso garantir que a política imita a mentalidade coletiva. Segue valendo a máxima de que “todo povo tem o governante que merece”. 

Sou totalmente desfavorável a ideia de votar no “menos pior”; ou “não vota no candidato que não tem chance, senão você está dando voto pro fulano (que está ganhando e você não quer”. Joguinhos. Detesto joguinhos quando o assunto é votar para eleger os governantes de nosso país. Tenho candidato? Voto. Não tenho? Anulo. Ponto. Meu candidato vai perder? E daí, estou com ele, é nele que acredito. Os outros não me interessam. Estou com ele, ponto de novo.

Votar nulo é “feio”, é “não participar da democracia”? Não há democracia em não se poder pensar que nenhum dos candidatos a posição x é válido! O voto nulo no Brasil tem sido pensado ora como “falta de consciencia política”, ora como “protesto”. Não pode ser a simples conclusão de que nenhum dos dois (ou três, quatro, cinco…) tem condições de governar? Claro que se não há joguinhos, vai haver um número de abstenções grande (o voto nulo ou em branco não deixa de ser uma abstenção). E claro que um percentual alto, quanto mais em tempos de urna eletrônica, indica uma taxa de significativa de REJEIÇÃO aos candidatos. Isso é comunicação clara, franca, é porta aberta à reflexões, é fomento a discussão transformadora e necessária da sociedade. 

Não faço joguinhos, essa é a minha convicção e todo mundo já sabe. Me esforço para encontrar candidatos que acredito que possa bem me representar e representar a minha comunidade, minha cidade, meu país, ou ao menos reúna de fato as características e visões que considero indispensáveis; mas não sujo meu voto, meu nome, votando sem acreditar. Meu voto vale ouro. Quem recebe o meu voto está recebendo uma convicção muito grande. Ele vale mais do que um milhão de votos frutos do “joguinho”. Meu voto é do tamanho do meu coração. Sei que vocês que me leem têm também um coração valioso. Dê ao seu voto esse valor! Investigue, deixe a preguiça de lado, mas nunca, nunca, deem voto sem acreditar.

* Arnaldo V. Carvalho é pai, marido, terapeuta, escritor, e eleitor que procura votar com consciência. 

http://www.arnaldovcarvalho.com