A Vida a partir da água
PRÊMIO TOP 8* NOTEBOOKS (Laptops)
Os melhores laptops (notebooks) de até R$1500,00 para você comprar sem erro
Aprenda a configurar o micro dos seus sonhos com pouco dinheiro no bolso
Compare pelo melhor custo benefício de laptops em 2010
Por Arnaldo V. Carvalho**
O Natal passou, mas os Laptops (notebooks) continuam com preços baixos, e ainda há tempo de comprar, super parcelado, e talvez até mais barato em algum saldão.
Hoje em dia, dá pra comprar um ótimo laptop entre R$1000,00 e R$1500,00, o que dispensa a ideia muitas vezes de se ter um PC comum, grande, pesado e não portátil, ou um Netbook, que tem poucos recursos e custa quase o mesmo de um laptop.
Durante meses venho monitorando preços e configurações, e hoje compartilho com todos o que mais vale a pena no momento em termos de relação custo-benefício.
Considerei alguns critérios mínimos e fatores cruciais na comparação do micro certo, entre elas:
Possuir acesso a Internet tanto por cabo (rede) como sem fio (Wireless) e DVD (leitor e gravador) básico para qualquer um dos computadores; O processador, sua marca e modelo, desempenho, frequência (GHZ); A memória RAM (tamanho e tipo); O HD (tamanho); O tamanho e tipo de tela; O sistema operacional; a marca, acessórios e extras; o número de portas USB; O número de células e a autonomia da bateria; o peso total do aparelho; Preço, garantia, condições de pagamento e entrega.
Vamos ver o porquê de cada um desses critérios e as configurações mínimas a serem escolhidas:
Os tipos de processador: Hoje em dia são tantos que as pessoas se perdem. Entretanto, permanecem duas marcas principais, a Intel e a AMD, sendo que no Brasil domina grandemente a Intel; Optamos na maior parte das vezes pelos processadores Intel. O site da Intel em português fornece clareza na hora de se comparar entre os processadores da própria marca, e lá descobrimos que, na faixa de preço que buscamos, os melhores processadores são os da série Core Duo 2, e acima desta a série i3. Dentro dessas séries, temos vários modelos, cada um com características próprias, em especial o tamanho do cache L2 (que ajuda o processador nas operações, em especial quando ele está fazendo mais de uma coisa ao mesmo tempo) e sua frequencia (que seria uma forma de valor de velocidade). Na faixa do preço desejado, não compensa um micro com muito menos de 2GHZ de frequencia.
Veja a tabela dos processadores Intel para Notebook encontrados nessa faixa de preço, e saiba mais sobre suas diferenças:
http://www.intel.com/portugues/products/processor/core2duo/mobile/specifications.htm
http://www.intel.com/portugues/products/processor/corei3/mobile/specifications.htm
Se você utilizará programas complexos, editará imagens e ou vídeos, o processador é um fator importante.
Se você usa muito os recursos multi-mídia do computador, assiste filmes, roda DVDs, ouve música enquanto navega e ainda mantém outros programas rodando, quanto mais memória (e quanto mais rápida ela for) melhor.
3. HD: O HD (Hard Disk) é a peça do seu laptop que armazena todas as informações fixas: seus arquivos pessoais, suas músicas, imagens, filmes, documentos, o sistema operacional, os programas de computador, enfim. Poderíamos dizer que o processador é o “raciocínio” da máquina, enquanto que o HD é sua memória (a memória RAM é usada pelo processador como intermédio entre o que está no HD e o que ele está processando no momento). O HD por dentro é mesmo um disco, como um DVD ou CD, só que grava e apaga quantas vezes quisermos, daí seu nome “hard disk” (Dísco Rígido).
Um HD poderoso garante grande armazenamento de dados, e boa taxa de transferência (a velocidade com que o processador consegue pegar as informações no HD para processa-las). A taxa de transferência nos laptops da categoria até R$1500,00 são praticamente padrão (5.400 rpm ou rotações por minuto), mas o tamanho dos mesmos varia grandemente. Algumas lojas vendem micros praticamente idênticos apenas com diferença do tamanho do HD – e nas entrelinhas isso pode dizer que o de HD maior é uma versão mais recente daquela marca, ou seja, só teve uma tecnologia a mais incorporada ao produto total. Tais micros costumam ter até o mesmo preço. Diria que na faixa de preço que buscamos, jamais deveria se aceitar um notebook com menos de 320Gb. É fácil, porém encontrar os de 500Gb, então porque pensar menor?
Se você guarda muita foto, coleciona música, guarda filme, etc., quanto maior seu HD melhor; Se por outro lado você não armazena praticamente nada no HD, então não ligue para isso, e faça desse critério um meio de arranjar micros mais baratos. Um HD menor ainda tem a vantagem de ser mais rápido para se fazer inspeções, e manutenções periódicas (desfragmentação, entre outras coisinhas).
Mais sobre tipos de tela (útil para notebooks, monitores e Tvs):
http://monitordelcd.com/monitores/entenda-o-que-e-tft-lcd-tft-lcd-plasma-e-oled/
Quem carrega o micro de um lado para o outro, deve pensar em telas pequenas e do tipo LED. Quem não sai tanto de casa assim ou não abre mão de visualização buscará telas maiores, mas igualmente preferirá LED.
5. Sistema Operacional: Basicamente seu laptop ou vai vir com alguma versão do Linux ou do windows.
Linux sai de graça quando se compra um laptop; O Windows vai te custar pelo menos R$250,00 a mais no micro. Há casos em que um mesmo modelo/marca de computador é oferecido com Linux ou Windows, e a diferença fica em torno de algo entre R$250,00 e R$400,00, aproximadamente.
Linux é gratuito, e quem usa o sistema costuma baixar tudo o que é gratuito para ele. Linux não tem vírus! Linux pode ser bem rápido, e tem quase tudo o que o windows tem. QUASE. E nesse quase pode haver diferenças grandes dependendo dos programas que você mais utiliza. Uma dificuldade que sempre se teve e está melhorando em tempos recentes é a familiaridade (ou melhor, a falta de familiaridade) que se tem com ele. Ele não é tão intuitivo quanto o Windows; A forma de acessar os programas, de executa-los, a forma de resolver os problemas, etc. Não é tão rápido aprender a mexer com ele. Mas as maiores dificuldades com o Linux é que nem todos os programas que todo mundo usa no windows funciona no Linux e vice-versa, e muitos aparelhos externos não funcionarão tão facilmente no Linux como no windows também. Configurar coisas no Linux requer um pouquinho mais de traquejo. Se nada disso é problema para você, se você tem espírito aventureiro, cabeça aberta para aprender, e quer sentir-se bem mais seguro em relação a vírus e outras pragas, pense em comprar seu laptop MAIS BARATO por vir com Linux e ficar com ele na máquina!
Dentro das opções windows, os comerciantes ainda vendem máquinas com modelos fora de linha (Windows XP, windows Vista), mas nós temos hoje quatro opções atuais (em fabricação pela Microsoft): Windows 7 Home Basic, Windows 7 Home Premium, Windows 7 Professional e Windows 7 Ultimate. A lista está em ordem de complexidade e oferecimento de coisas. Para resumir, podemos dizer que para todo usuário doméstico a versão mais simples basta.
ATENÇÃO: Há no Brasil micros vendidos com o Windows 7 Starter, uma versão que os gringos da Microsoft fizeram SOMENTE PARA A AMÉRICA LATINA. É uma versão mais limitada e feita para baratear. NÃO VALE A PENA.
E se eu comprar o laptop com Linux e comprar o Windows a parte? Ótima ideia. Fiz uma pequena pesquisa, e pode mesmo valer a pena. Há opções a partir de R$220,00 mais ou menos. Só não compre gato por lebre: compre as versões atuais do Windows, que saberão lidar melhor com as máquinas novas. Além disso, se o preço do laptop com Linux + a compra do windows avulsa ficar muito parecida com a compra de um micro similar com Windows, nem pensar duas vezes, compre o Laptop prontinho, já com Windows. Isso poupará a instalação do sistema, que é chatinha, e suas melhores configurações requerem ainda algum conhecimento de informática.
O TOP 8 da comparação segue abaixo:
TOP
G E R A L |
1 | 2 | 3
. |
3
(empate) |
4 |
---|---|---|---|---|---|
1 TOP INTEL
1 TOP CUSTO BENEFÍCIO 1 TOP WINDOWS |
1 TOP LINUX | 1 TOP TELÃO | 1 TOP PREÇO | ||
Marca | QBEX | QBEX | Positivo | Acer | CCE |
Mod. | Atlas | 6280 | AS5741-7991 | T45P | |
Loja | Saraiva | Walmart | Shoptime | Walmart | Insinuante |
R$ | 1399 | 1298 | 1489,5 | 1498 | 1434 |
X | 12x
116,59 |
12x
108,17 |
12x
124,12 |
12x
124,83 |
12x
119,00 |
RAM | 4gb
DDR3 |
4gb
DDR3 |
4gb
DDR3 |
4gb
DDR3 |
4gb
DDR3 |
USB | 4 | 4 | 3 | 3 | 3 |
HD | 640 | 500 | 500 | 500 | 500 |
PROC | I5
|
I3
370 2,2 |
I3
350 2,27 |
I3
350 |
I3
330 2,13 |
PESO Kg | 2,2 | 2,2 | 2,6 | 2 | |
BATT. | 6C | ? | 6C | 6C | |
TELA | 14,1”
LED |
14,1”
LED |
14”
LED |
15,6”
LED |
14” |
S. O. | W7H | Linux | W7P | W7H | W7P |
ETC. | HDMI
Leitor |
HDMI
Leitor |
Leitor
HDMI Btooth |
Leitor
HDMI |
Leitor
HDMI Mochila |
TOP
G E R A L |
5 | 6 | 7 | 8 |
---|---|---|---|---|
1
TOP PREÇO COM WINDOWS 7 |
||||
Marca | CCE | Lenovo | QBEX | IntBras |
Mod. | D45L | G460 | I553 | |
Loja | Insinuante | Ctis | Extra | mm.com |
R$ | 1187 | 1287 | 1259 | 1199 |
X | 10x
118,70 |
12x
116,58 |
12x
104,00 |
12x
99,92 |
RAM | 4Gb
DDR3 |
3Gb
DDR3 |
4gb
DDR3 |
4Gb DDR2 |
USB | 3 | 3 | 4 | 3 |
HD | 500 | 320 | 500 | 500 |
PROC | I3
330 2,13
|
I3
370 2,4 |
C2D
T5850 2,16 |
C2D
T6500 2,1 |
PESO Kg | 2,1 | 2,2 | 2,2 | 2,2 |
BATT. | 4C | 6C | 6C | 6C |
TELA | 14”
LED |
14” | 14,1” | 14.1” |
S. O. | Linux | W7H | Linux | Linux |
ETC. | Leitor
HDMI |
Leitor
HDMI Btooth V.face |
Leitor | Leitor |
Legenda
C2D – Core 2 Duo
Leitor – possui leitor de cartões
Proc – Modelo do processador, seguido do sub-tipo e da frequencia em giga-hertz (ghz)
W7H – Windows 7 home basic
W7P – Windows 7 Premium
V.face – Sistema veriface, que pode analisar o rosto da pessoa e usar isso como senha e para te mostrar cada um que tentou entrar no seu computador.
Imbatível neste quesito
Ponto fraco
Comentários***:
Sem dúvida a surpresa do ano é a QBEX, que oferece excelente relação custo benefício e emplaca dois laptops no topo da lista. A QBEX já figurava no início de 2009 como uma das 6 maiores do mercado, e mostra que só vai crescer. Concorrência acirrada com a POSITIVO, a maior fabricante nacional, que faz de 2010 sua consolidação como líder de vendas no país e mantém relação custo-benefício excepcional. Muitos de seus modelos poderiam estar na lista, a frente dos ACERS que só entram por figurarem boas configurações AMD, por exemplo. A configuração do Positivo 6280 x seu preço é tão boa que não pude desclassifica-lo mesmo tendo sido IMPOSSÍVEL descobrir, fosse no site do fabricante, fosse em qualquer outro que tipo de bateria alimenta esse notebook. Fosse qualquer outro teria sido excluído sumariamente. Boas surpresas com a CCE e com a Intelbras que continuam com suas políticas de equilíbrio entre preço e qualidade, e tiveram vários aparelhos candidatos a vaga do TOP 8. Finalmente, é bom vermos no TOP 8 a presença de uma marca forte, ligada a ELITE do mundo da informática – o Le Novo. Gostaríamos de ter tido a presença da Dell aqui, que perde por muito pouco na relação custo-benefício em relação aos outros, e mesmo a Sony, que apareceu no mercado com boas configurações x preço com seus modelos Vaio. Modelos da TOSHIBA também foram fortes candidatos a lista, bem como os Itautecs, só desclassificados nos descontos do segundo tempo. Se houvesse um nono lugar estaria ainda disputando a Microboard, que não pode deixar de ser mencionada como marca que também vem para se firmar. Ela tem configurações muito interessantes, especialmente seu U342. Mas tenha poucas dúvidas, esses aparelhos aí em cima tem as melhores relações custo-benefício HOJE.
Onde cotei os preços
Minhas pesquisas se baseiam em sites que buscam lojas eletrônicas e comparam seus preços, e algumas grandes lojas que não participam dessas ferramentas de busca comparada de preços. Caso queiram pesquisar por si mesmos, não deixem de conferir:
Outros sites do gênero foram pesquisados ao longo desse tempo, mas oferecem muito poucas opções de filtragem de opções, e alguns tem pouquissimas lojas cadastradas, de modo que não recomendo:
http://www.terraofertas.com.br/comparador/Informatica/
http://vendeatemae.com/Portal/Busca.aspx?subCat=61
http://igshopping.ig.com.br/d/591/computadores+e+notebooks.html
Pesquisei ainda alguns sites que não tem suas ofertas listadas, ou eu não as encontrei nos comparadores, ou enfim (esses são alguns exemplos, eu estive em muitos outros):
http://www.mercadaodainformatica.com.br/
Pesquisei mas não listei aqui produtos vendidos por particulares em sites como www.mercadolivre.com.br, www.vendendotudo.com e outros. Garantia de loja e de fábrica é cosa que geralmente tais vendedores não podem oferecer. Existe ainda a questão da confiança – nos próprios sites há alertas de usuários que foram vítimas de embustes. Mas os preços algumas vezes são realmente tentadores…
Bem meus amigos leitores, espero que meu trabalho de muitas horas e dias tenha sido útil a todos aqueles que desejam adquirir um laptop até R$1500,00 em condições de pagamento e configurações especiais. Ficarei feliz com seu comentário no meu site, e peço especialmente que, caso saiba de alguma oferta que bata os que aqui estão, coloque nos comentários, verificarei e tentarei manter o TOP 8 atualizado ok! Também agradeço quando souberem alteração de preço ou fim da venda de qualquer um desses modelos.
Um abraço,
Arnaldo V. Carvalho
* TOP 8 é minha OPINIÃO PARTICULAR acerca dos notebooks encontrados no mercado hoje em dia, e tal opinião é baseada na minha PESQUISA comparativa, usando os critérios mencionados acima. Não recebo absolutamente nada, não tenho qualquer tipo de benefício divulgando os dados de minha pesquisa e minha opinião. Grato.
** Arnaldo V. Carvalho é terapeuta, mas encara os problemas do próprio micro. É criador e administrador dos sites e blogs:
http://www.calorhumano.com.br e calorhumano.wordpress.com
http://www.aromatologia.com.br e aromatologia.wordpress.com
http://www.shiatsuemocional.com.br shiatsuemocional.wordpress.com
http://www.portalverde.com.br e portalverde.wordpress.com e
http://www.arnaldovcarvalho.com e arnaldovcarvalho.com
*** Os comentários do Prêmio TOP8 se baseiam no texto original, que foi publicado no dia 29 de dezembro de 2010 com o primeiros TOP 8.
*** O AUTOR AUTORIZA PREVIAMENTE A CÓPIA E DIVULGAÇÃO DE SEU ARTIGO, PEDINDO APENAS QUE CITE A FONTE ***
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1987)
REPRODUÇÃO DESTE TEXTO É PERMITIDA EM SUA INTEGRALIDADE, SEMPRE SENDO CITADA AUTORIA E FONTE. GRATO.
Em junho deste ano, escrevi essa pequena historinha de Alice, só para divertir minhas filhas e a mim mesmo. Dedico a todas as almas eternamente jovens como a da Anna Carola Lua Cheia (Feliz Niver Atrasado Anna!) , e em especial a duas mocinhas, Olívia e Evelyn, minhas amigas encantadoras pelo que já são, e que muito combinam com cogumelos que crescem e encolhem e deliciosos bules e xícaras mastigáveis.
Por Arnaldo V. Carvalho*
Ilustrações de Malu Carvalho **
No primeiro dia, o Chapeleiro Louco recebeu Alice em sua nova loja de chapéus. Como se não a conhecesse, virou as costas certo de que a menina o seguiria. Enquanto passeava por chapéus de cores, tamanhos e formas diferentes, ia descrevendo as múltiplas particularidades de cada um.
Três horas depois, ao final do último corredor, Alice trôpega de cansada mas sem ânimo para interromper a fala incessante da psicodélica persona. Vira-se o chapeleiro e pergunta à jovem:
– Então, gostou de algum?
– Pra falar a verdade, sim.
– Qual?
– O primeiro, que está na sua cabeça. – Alice sorri com um gesto matreiro.
– Esse aqui? Oh, oh! Não, não não não, não não! Esse aqui é muito grande para você.
– Como? És menor que eu! Deve caber perfeitamente em mim.
Com um rápido gesto Alice estende o braço e passa a cartola do Chapeleiro para sua própria cabeça. O chapéu magicamente alonga-se, encobrindo Alice completamente. “socorro! Não posso ver nada! Solte-me daqui!”. E tão logo gritou, tão logo viu a luz novamente, pois o chapéu fora retirado e já estava de volta a cabeça de seu dono.
No segundo dia, após o chá com a Lebre Maluca de Março, Alice retorna a loja de chapéus. Chapeleiro está terminando um novo projeto de chapéu, e ao ver Alice se aproximar, interrompe a admiração por seu próprio invento, ergue os olhos e pergunta:
– Vamos conhecer os chapéus da loja?
– Chapeleiro! – diz Alice em tom repreensivo. – leve-me de uma vez até os melhores chapéus; não quero saber de ficar horas vendo todas as suas criações. Quero somente as mais belas e inspiradas. Aliás, caro senhor, se quer me presentear com outro chapéu, dê-me logo o melhor deles.
Os olhos do Chapeleiro Louco brilharam, e num piscar ele se ergueu e rodopiou pelos corredores, guiando Alice numa dança rápida em direção a mais alta das prateleiras:
– Veja, ali está o melhor!!!! – E, apertando um sapo que dormia sobre um pequeno chapéu-coco em cima de uma prateleira próxima, o chapeleiro derruba uma caixa branca com a língua do batráquio, que forçosamente chicoteara o ar. Dispensa-o para imediatamente ter a caixa nas mãos. A caixa era grande, arredondada, com acabamento e estilo “casca de ovo”. Em sua tampa, letras douradas estampavam: “O MELHOR”.
Ao invés de chapéu, a caixa abrigava uma larga folha de Vitória Régia, que flutuava por sobre um líquido próximo da água em aparência (bem, talvez fosse). E dessa vez é Chapeleiro que então o pega e coloca de pronto na cabeça de Alice, sem haver tempo para quaisquer reações; Os cabelos de Alice agora estavam molhados, e a menina exclama furiosa:
– Isso NÃO É UM CHAPÉU!!!!
Sem dar ouvidos, o chapeleiro sorridente entrelaça seus dedos próximo do rosto e grita:
– Estupendo! Estupendo!!! Espera! Não! É mesmo! Ainda não é o chapéu!!
– Quanto mais melhor do mundo – confirma Alice.
– É mesmo, falta algo.. Ah, já sei!
Chapeleiro então olha em volta e localiza o sapo antes espremido, a espreitar por um cantinho da estante; movimenta os olhos para apontar a Vitória Régia, e imediatamente o anfíbio salta para a cabeça de Alice, ajeitando-se com alegria na folha.
– Pronto, agora está perfeito! – diz o Chapeleiro Louco com os olhos a brilhar.
No terceiro dia, Alice não queria visitar a loja de chapéus. Foi preciso um esforço por parte da Lebre de Março, que prometera a Alice convencer os irmãos Tweedle a lhe contar uma nova história. Afinal de contas, segundo a lebre, não se poderia perder a inauguração da loja do chapeleiro.
– Inauguração? Mas a loja já estava aberta há pelo menos dois dias antes!
– Mariana! Tenha Paciência! É a inauguração do terceiro dia da loja!
Precavida, dessa vez Alice resolveu chegar usando uma Garça-guarda-chuva, que é para nenhum chapéu-de-folha-e-sapo ser colocado à revelia na sua cabeça. Mas parece que as garças-guarda-chuvas não gostam de lojas de chapéus, de modo que ao descobrir-se na entrada do estabelecimento, a que Alice trouxera consigo arregalou os olhos e bateu suas asas fortemente, livrando-se da dona e voando para longe. À Alice coube acompanhar, muda e decepcionada, o vôo de seu guarda-chuva até que este desaparecesse pelos céus. Com resígnio, entra a mocinha na loja em habitual clima de suspense e curiosidade que, dentro do coração de Alice, ela adorava. Por fora, porém, a menina mostrou-se brava antes do primeiro oi.
– Chapeleiro! Hoje não quero experimentar seus chapéus, ouviu bem?
– Bom dia, Alice! Veio para a inauguração do meu terceiro-dia-de-Alice-na-minha-loja! Que bom! Há chapéus por todo lado!
– Isso eu já sei. – diz a menina, presunçosa e com ares de cansada de tanta redundância.
O chapeleiro muda o tom:
– Entrou na loja sem seu chapéu preferido. Isso é muito rude! Muuuito rude!!!
– SEU chapéu preferido, quer dizer.
– Vamos ter que encontrar outro, de certo. De certo que sim – O chapeleiro sorri enquanto aperta a língua em seu olhar de quem tem os parafusos da cabeça fora do lugar.
Aqui a menina perde os modos:
– Seu maluco! Se quer me apresentar a um chapéu verdadeiramente belo, deve me perguntar antes de tentar coloca-lo na minha cabeça!
Alice não simplesmente disse isso. Disse brava, quase que puxando o velho chapeleiro pelo colarinho. Surpreso, sua loucura fora ameaçada pela primeira vez na vida, ou pelo menos, na vida de Alice. E ele adorou!
– Temos uma moça decidida! São as melhores! Clientes perfeitas! Sabem o que querem! E eu.. eu encontrarei a melhor opção! SIM!
Chapeleiro Maluco pôs-se a dançar e cantarolar um velho folk irlandês:
(Ouça a música aqui, antes de continuar a história!):
What will we do if the kettle boils over
What will we do only fill it again
What will we do if the cow eats the clover
What will we do only set it again
The preaties are dug
And the frost is all over
Kitty lie over close to the wall
How would you like to be married to a solider
Kitty lie over close to the wall
What would you do if you married a soldier
What would you do only follow his gun
What would you do if he died in the ocean
What would you do only marry again
The preaties are dug
And the herrings are roasted
Kitty lie over close to the wall
You to be drunk and me to be sober
Kitty lie over close to the wall
What will we do if the kettle boils over
What will we do only fill it again
What will we do if the cow eats the clover
What will we do only set it again
The preaties are dug
And the frost is all over
Kitty lie over close to the wall
How would you like to be married to a solider
Kitty lie over close to the wall
Segurava Alice pelos braços, cuja alma musical a fez seguir o ritmo da canção; mas, visto que o Chapeleiro não parava de repeti-la – e poderia mesmo passar horas e horas sem perder o tom ou o rebolado – Alice toma uma atitude drástica. Ainda dançando, aproxima-se do chapeleiro e lhe fecha a boca com uma das mãos, dizendo:
– Vamos aos chapéus?
– Mas isso é muito rude! Muuuuito rude!!!
– Ora, desculpe. – recua Alice com um começo de arrependimento – Não queria tapar sua boca, mas afinal, já havíamos dançado tant…
Interrompida antes que pudesse completar sua frase, Alice escutou o chapeleiro:
– É muito rude não mostrar suas preferências de chapéu a um chapeleiro!
– Mas… mas…
– Diga-me, senhorita, o que vai querer?
– É…
– Senhorita, não tenho muito tempo!
– Eu..
– Ora essa, vi que não está bem disposta. Volte amanhã!
– Amanhã não!
– Então o que vai querer???
– Um chapéu.
– Mas que tipo de chapéu? Parece louca!
– Louca? Eu??
– Chapéu de loooucos!!!! – gritou o Chapeleiro para dentro da loja, como se algum assistente lhe viesse prestar serviço. – Oh, a Lebre foi à festa do chá!
Chapeleiro Maluco transfigura-se novamente, como se o fato da lebre ter ficado na festa do chá tivesse feito-o perceber que estava sozinho a tocar à loja, e teria que dar conta de sua cliente sozinho. Caindo quase em si (o Chapeleiro nunca cai em si, apenas quase em si), resolve que perguntar à Alice sobre suas preferências seria o mais adequado.
– Oh sim, sim, sim. Vamos aos chapéus.
E amavelmente, embora não sem os olhos torcidos próprios dos loucos, pergunta:
– Então, o que vai querer? Temos chapéus com abas, alvanegas, bandanas, barretes e barretinas, bicórnios, bibicos, boinas e bonés, borsainos, camauros, camelaucos, capelos, carapuças e gorros, cartolas e casquetes, chapéus-panamá, de cozinheiro ou bombeiro, stetson, com coroa, fedoras, pétasos, píleos quepes, diademas, colbaques, claques, solidéus, toucas e turbantes, ushankas e sombreros. De toureiro, com fivelas, plumas, estrelas e luas; chapéus em couro, feltro, mas também colmeia de vespas, sementes de linho, tricô, juta, palha, metal, pele animal. Há chapéus com lantejoulas, abaulados, listrados, resistentes, macios, com peruca, com pena de pavão, coloridos ou lisos, enrugados, para usar de lado, altos e baixos. Penas de lado, de frente, por todo o lado. Chapéus, abas, com orelheiras, cinteiras, à zamparina, palas frontais, egretes…
Atordoada, Alice se ateve a simplificar sua preferência, a despeito de nunca ter ouvido falar que havia tantos tipos de chapéu e adereços:
– Bem, gosto de chapéus leves.
– Leves? Com plumas? Couro de besouro-do-atlântico? Asas de andorinha? Que tal esse? E esse? E esse?
– Humm. Nada muito grande.
– Com abas? Você sabe, nunca se sabe.
– Não, chapéus com abas me complicam a fronte
– Sem abas, sem palas. Tente esse de penas de corvo-de-escrivaninha.
– Prefiro cores claras..
– Cores claras! Cores claras! – o chapeleiro então tira de dentro de uma caixa ovalada um chapéu no formato de ovo frito.
– Aqui está!
– Não, não, Chapeleiro! Me refiro a tons suaves.
– Você disse cores claras e não tons suaves! Afinal, que tipo de chapéu você quer?
(…)
* Arnaldo V. Carvalho, escritor e terapeuta, é autor do livro “Shiatsu Emocional” e “O Tao do Corpo”. Adora escrever e criar coisas para crianças, incluindo sua criança interior.
** Malu Carvalho é ilustradura, argumentista, fotógrafa, escritora, cineasta, dançarina, cantora, pintora, colorista, cozinheira, e o que mais lhe der na telha. Sua obra mais famosa na Internet é o clássico do Youtube “A Vida do Macaco”, piloto de uma de suas histórias, filmado pela mesma aos 5 anos.
REPRODUÇÃO DESTE TEXTO É PERMITIDA EM SUA INTEGRALIDADE, SEMPRE SENDO CITADA AUTORIA E FONTE. GRATO.
Alice e os Chapéus
Arnaldo V. Carvalho
No primeiro dia, o Chapeleiro Louco recebeu Alice em sua nova loja de chapéus. Como se não a conhecesse, virou as costas certo de que a menina o seguiria. Enquanto passeava por chapéus de cores, tamanhos e formas diferentes, ia descrevendo as múltiplas particularidades de cada um.
Três horas depois, ao final do último corredor, Alice trôpega de cansada mas sem ânimo para interromper a fala incessante da psicodélica persona. Vira-se o chapeleiro e pergunta à jovem:
– Então, gostou de algum?
– Pra falar a verdade, sim.
– Qual?
O primeiro, que está na sua cabeça. – Alice sorri com um gesto matreiro.
Esse aqui? Oh, oh! Não, não não não, não não! Esse aqui é muito grande para você.
Como? És menor que eu! Deve caber perfeitamente em mim.
Com um rápido gesto Alice estende o braço e passa a cartola do Chapeleiro para sua própria cabeça. O chapéu magicamente alonga-se, encobrindo Alice completamente. “socorro! Não posso ver nada! Solte-me daqui!”. E tão logo gritou, tão logo viu a luz novamente, pois o chapéu fora retirado e já estava de volta a cabeça de seu dono.
No segundo dia, após o chá com a Lebre Maluca de Março, Alice retorna a loja de chapéus. Chapeleiro está terminando um novo projeto de chapéu, e ao ver Alice se aproximar, interrompe a admiração por seu próprio invento, ergue os olhos e pergunta:
– Vamos conhecer os chapéus da loja?
– Chapeleiro! – diz Alice em tom repreensivo. – leve-me de uma vez até os melhores chapéus; não quero saber de ficar horas vendo todas as suas criações. Quero somente as mais belas e inspiradas. Aliás, caro senhor, se quer me presentear com outro chapéu, dê-me logo o melhor deles.
Os olhos do Chapeleiro Louco brilharam, e num piscar ele se ergueu e rodopiou pelos corredores, guiando Alice numa dança rápida em direção a mais alta das prateleiras:
Veja, ali está o melhor!!!! – E, apertando um sapo que dormia sobre um pequeno chapéu-coco em cima de uma prateleira próxima, o chapeleiro derruba uma caixa branca com a língua do batráquio, que forçosamente chicoteara o ar. Dispensa-o para imediatamente ter a caixa nas mãos. A caixa era grande, arredondada, com acabamento e estilo “casca de ovo”. Em sua tampa, letras douradas estampavam: “O MELHOR”.
Ao invés de chapéu, a caixa abrigava uma larga folha de Vitória Régia, que flutuava por sobre um líquido próximo da água em aparência (bem, talvez fosse). E dessa vez é Chapeleiro que então o pega e coloca de pronto na cabeça de Alice, sem haver tempo para quaisquer reações; Os cabelos de Alice agora estavam molhados, e a menina exclama furiosa:
Isso NÃO É UM CHAPÉU!!!!
Sem dar ouvidos, o chapeleiro sorridente entrelaça seus dedos próximo do rosto e grita:
Estupendo! Estupendo!!! Espera! Não! É mesmo! Ainda não é o chapéu!!
Quanto mais melhor do mundo – confirma Alice.
É mesmo, falta algo.. Ah, já sei!
Chapeleiro então olha em volta e localiza o sapo antes espremido, a espreitar por um cantinho da estante; movimenta os olhos para apontar a Vitória Régia, e imediatamente o anfíbio salta para a cabeça de Alice, ajeitando-se com alegria na folha.
Pronto, agora está perfeito! – diz o Chapeleiro Louco com os olhos a brilhar.
No terceiro dia, Alice não queria visitar a loja de chapéus. Foi preciso um esforço por parte da Lebre de Março, que prometera a Alice convencer os irmãos Tweedle a lhe contar uma nova história. Afinal de contas, segundo a lebre, não se poderia perder a inauguração da loja do chapeleiro.
Inauguração? Mas a loja já estava aberta há pelo menos dois dias antes!
Mariana! Tenha Paciência! É a inauguração do terceiro dia da loja!
Precavida, dessa vez Alice resolveu chegar usando uma Garça-guarda-chuva, que é para nenhum chapéu-de-folha-e-sapo ser colocado à revelia na sua cabeça. Mas parece que as garças-guarda-chuvas não gostam de lojas de chapéus, de modo que ao descobrir-se na entrada do estabelecimento, a que Alice trouxera consigo arregalou os olhos e bateu suas asas fortemente, livrando-se da dona e voando para longe. À Alice coube acompanhar, muda e decepcionada, o vôo de seu guarda-chuva até que este desaparecesse pelos céus. Com resígnio, entra a mocinha na loja em habitual clima de suspense e curiosidade que, dentro do coração de Alice, ela adorava. Por fora, porém, a menina mostrou-se brava antes do primeiro oi.
Chapeleiro! Hoje não quero experimentar seus chapéus, ouviu bem?
Bom dia, Alice! Veio para a inauguração do meu terceiro-dia-de-Alice-na-minha-loja! Que bom! Há chapéus por todo lado!
Isso eu já sei. – diz a menina, presunçosa e com ares de cansada de tanta redundância.
O chapeleiro muda o tom:
Entrou na loja sem seu chapéu preferido. Isso é muito rude! Muuuito rude!!!
SEU chapéu preferido, quer dizer.
Vamos ter que encontrar outro, de certo. De certo que sim – O chapeleiro sorri enquanto aperta a língua em seu olhar de quem tem os parafusos da cabeça fora do lugar.
A menina perdeu os modos:
Seu maluco! Se quer me apresentar a um chapéu verdadeiramente belo, deve me perguntar antes de tentar coloca-lo na minha cabeça!
Alice não simplesmente disse isso. Disse brava, quase que puxando o velho chapeleiro pelo colarinho. Surpreso, sua loucura fora ameaçada pela primeira vez na vida, ou pelo menos. na vida de Alice. E ele adorou!
Temos uma moça decidida! São as melhores! Clientes perfeitas! Sabem o que querem! E eu.. eu encontrarei a melhor opção! SIM!
Chapeleiro Maluco pôs-se a dançar e cantarolar um velho folk irlandês:
What will we do if the kettle boils over
What will we do only fill it again
What will we do if the cow eats the clover
What will we do only set it again
The preaties are dug
And the frost is all over
Kitty lie over close to the wall
How would you like to be married to a solider
Kitty lie over close to the wall
What would you do if you married a soldier
What would you do only follow his gun
What would you do if he died in the ocean
What would you do only marry again
The preaties are dug
And the herrings are roasted
Kitty lie over close to the wall
You to be drunk and me to be sober
Kitty lie over close to the wall
What will we do if the kettle boils over
What will we do only fill it again
What will we do if the cow eats the clover
What will we do only set it again
The preaties are dug
And the frost is all over
Kitty lie over close to the wall
How would you like to be married to a solider
Kitty lie over close to the wall
(Ouça a música aqui, antes de continuar a história!):
Segurava Alice pelos braços, cuja alma musical a fez seguir o ritmo da canção; mas, visto que o Chapeleiro não parava de repeti-la – e poderia mesmo passar horas e horas sem perder o tom ou o rebolado – Alice toma uma atitude drástica. Ainda dançando, aproxima-se do chapeleiro e lhe fecha a boca com uma das mãos, dizendo:
Vamos aos chapéus?
Mas isso é muito rude! Muuuuito rude!!!
Ora, desculpe. – recua Alice com um começo de arrependimento – Não queria tapar sua boca, mas afinal, já havíamos dançado tant…
Interrompida antes que pudesse completar sua frase, Alice escutou o chapeleiro:
É muito rude não mostrar suas preferências de chapéu a um chapeleiro!
Mas… mas…
Diga-me, senhorita, o que vai querer?
É…
Senhorita, não tenho muito tempo!
Eu..
Ora essa, vi que não está bem disposta. Volte amanhã!
Amanhã não!
Então o que vai querer???
Um chapéu.
Mas que tipo de chapéu? Parece louca!
Louca? Eu??
Chapéu de loooucos!!!! – gritou o Chapeleiro para dentro da loja, como se algum assistente lhe viesse prestar serviço. – Oh, a Lebre foi à festa do chá!
Chapeleiro Maluco transfigura-se novamente, como se o fato da lebre ter ficado na festa do chá tivesse feito-o perceber que estava sozinho a tocar à loja, e teria que dar conta de sua cliente sozinho. Caindo quase em si (o Chapeleiro nunca cai em si, apenas quase em si), resolve que perguntar à Alice sobre suas preferências seria o mais adequado.
Oh sim, sim, sim. Vamos aos chapéus.
E amavelmente, embora não sem os olhos torcidos próprios dos loucos, pergunta:
Então, o que vai querer? Temos chapéus com abas, alvanegas, bandanas, barretes e barretinas, bicórnios, bibicos, boinas e bonés, borsainos, camauros, camelaucos, capelos, carapuças e gorros, cartolas e casquetes, chapéus-panamá, de cozinheiro ou bombeiro, stetson, com coroa, fedoras, pétasos, píleos quepes, diademas, colbaques, claques, solidéus, toucas e turbantes, ushankas e sombreros. De toureiro, com fivelas, plumas, estrelas e luas; chapéus em couro, feltro, mas também colmeia de vespas, sementes de linho, tricô, juta, palha, metal, pele animal. Há chapéus com lantejoulas, abaulados, listrados, resistentes, macios, com peruca, com pena de pavão, coloridos ou lisos, enrugados, para usar de lado, altos e baixos. Penas de lado, de frente, por todo o lado. Chapéus, abas, com orelheiras, cinteiras, à zamparina, palas frontais, egretes…
Atordoada, Alice se ateve a simplificar sua preferência, a despeito de nunca ter ouvido falar que havia tantos tipos de chapéu e adereços:
Bem, gosto de chapéus leves.
Leves? Com plumas? Couro de besouro-do-atlântico? Asas de andorinha? Que tal esse? E esse? E esse?
Humm. Nada muito grande.
Com abas? Você sabe, nunca se sabe.
Não, chapéus com abas me complicam a fronte
Sem abas, sem palas. Tente esse de penas de corvo-de-escrivaninha.
Prefiro cores claras..
Cores claras! Cores claras! – o chapeleiro então tira de dentro de uma caixa ovalada um chapéu no formato de ovo frito.
Aqui está!
Não, não, Chapeleiro! Me refiro a tons suaves.
Você disse cores claras e não tons suaves! Afinal, que tipo de chapéu você quer?
(…)
Ej
(Provérbio Oriental)
Simples. Eu gosto.
“A luz se foi e agora nada mais resta a não ser esperar por um novo dia, um novo sol, nascido do mistério do tempo e do amor do homem pela luz”
(Gore Vidal, 1925-*)
(Frase do Imperador Juliano, em romance histórico homônimo escrito por Vidal)
Vocês sabem, em geral, não gosto – estou farto de certa forma – de textos de auto-ajuda com conteúdos diretivos: “faça isso”, “seja feliz”, “durma mais”, “sinta prazer”… Acho tudo isso um saco, falso, e obviamente, condicionante. Mas há um textinho diretivo que não deixa de ser interessante – talvez mais por sua história que pelo conteúdo. Escrito por Edson Marques, ele circulou e circula por aí como se fosse de Clarice Lispector. Uma grande agência de publicidade não chegou a autoria e usou numa campanha para a FIAT. O FILHO da Lispector deu uma de “João-sem-braço” e recebeu uma bolada de DIREITOS AUTORAIS(!!!), o comercial foi rodado, e… E aí que o VERDADEIRO AUTOR Edson Marques comprou uma briga que dura mais de dez anos na justiça para reverter toda essa mistura de confusão, malandragem e falta de apreço pela autenticidade das coisas. Segue aí o texto MUDE (talvez bastante apropriado nesta época do ano, onde muita gente se propõe a aproveitar o fim do calendário para fazer disso o fim de padrões, comportamentos etc.), com links para o caso. (Arnaldo)
Mude, mas comece devagar.
Porque a direção é mais importante, que a velocidade.
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa.
Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua.
Depois, mude de caminho, ande por outras ruas,
calmamente, observando, com atenção, os lugares por onde você passa.
Tome outro ônibus. Mude por uns tempos o estilo de roupas.
Dê os seus sapatos velhos, procure andar descalço alguns dias.
Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia ou no parque
e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche gavetas e portas com a mão esquerda.
Durma no outro lado da cama. Depois, procure dormir em outras camas.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura. Coma um pouco menos. Escolha comidas diferentes.
Novos temperos, novas cores, novas delícias.
Almoce em outros locais, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado…Outra marca de sabonete, outro creme dental…
Tome banhos em novos horários.
Use canetas de outras cores, vá passear em outros lugares,
ame muito, cada vez mais.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as, seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa,
longa, se possível sem destino.
Experimente coisa novas, troque novamente,
Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores
do que as já conhecidas, mas não é isso que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia.
Só o que está morto não muda.
(Edson Marques)
* * *
Comentários (Arnaldo V. Carvalho)
COMENTÁRIO 1 – MAIS UM APÓCRIFO. Mais uma vez um texto atribuído à Clarice Lispector em quase tudo que é lugar na Internet; Lispector, que nunca publicou poemas… Pobre Clarice, sempre enfiada onde não tem a menor chance de estar. Sacanagem com o Edson Marques e em relação aos diversos casos semelhantes, com todos os autores contemporâneos, que permanecem no anonimato apesar de provarem haver capacidade para textos lindos e que nos tocam o coração.
COMENTÁRIO 2 – POBREZA HUMANA, INOCÊNCIA, “FODA-SE” OU O QUÊ?: Me entristece perceber que as pessoas não conseguem identificar a não autoria de certos autores. Autores consagrados como Fernando Pessoa, J. Luis Borges e Clarice Lispector têm seus nomes emplacados em textos que JAMAIS poderiam pertencer a eles. Fico pensando que quem deixa passar batido esse fato deve ter o seguinte raciocínio em seu cérebro: “já ouvi falar do autor” > “ele é famoso” > “ele é bom” > “o texto é bom”. De fato desconhecem a maioria dos autores, menos ainda seu contexto de época, a linguagem geral utilizada naquele momento e lugar – para não ir tão longe a ponto da pessoa identificar as nuances que caracterizam os textos de dado autor… Não dá para dizer “o brasileiro é ignorante”. Isso ocorre em todos os países do mundo (embora eu consiga notar mais especialmente nas Américas – mas isso, penso, dever ser porque é o que nos chega). Posso pensar que o mundo lê mal, mesmo que leia muito (é só ver o caso do texto “Instantes” atribuído ao J. L. Borges – afinal argentino não tem fama de ler muito?). Se lê mal, mal percebe. Percebe mal seu entorno, seu ambiente, o OUTRO. Reich tem razão, a couraça do segmento OCULAR é o primeiro desafio a ser vencido na humanidade.
LINKS sobre apócrifos diversos e sobre o Escândalo do texto MUDE:
http://www.desafiat.blogspot.com/
http://veja.abril.com.br/090703/p_103.html
http://br.dir.groups.yahoo.com/group/masonline/message/5554?var=1
Já tem algum tempo que os adeptos naturalistas, terapeutas, naturebas de plantão, etc., vem indicando o uso tecidos a base de fibra de bambú, seguindo a idéia de serem mais ecológicos, naturais, hipoalergênicos, etc – e tão respiráveis como o algodão. Dentre toalhas, meias, cuecas, guarda-sóis, camisetas, meias, vestidos, etc., a peça que mais se destacou sem dúvida foi a calcinha, que é sempre vendida em lojas como uma alternativa ao algodão, e sempre sobre o apelo do “natural”. O tecido tem uma maciez e uma elasticidade que o tornam realmente muito aprazíveis ao primeiro contato – e por isso mesmo destaca-se em peças que entram em contato direto com a pele, caso de calcinhas e meias. Consegue fixar cores bonitas também. Mas… é uma fraude.
Sim, as roupas de fibra de bambu na verdade são peças de VISCOSE, onde no fabrico se adiciona celulose proveniente de algum vegetal. As indústrias chinesas, pela abundância e facilidade do bambú, passaram a adotar essa planta como fornecedora de celulose para seus tecidos… E teve a “feliz idéia” de anunciar aos quatro ventos que havia surgido um novo tecido, baseado na fibra de bambú; e lhe atribuiu propriedades fantásticas que são simplesmente… propriedades fantasiosas. Sério isso né?
Pois é.
Para piorar, a Viscose utiliza em sua fabricação o dissulfeto de carbono, um produto altamente nocivo ao meio ambiente, e para complicar de vez, algumas das anunciadas propriedades, como proteção contra Ultra Violeta (UV) e propriedade antibacteriana também são engodos.
É propaganda enganosa, de ecológico não tem nada, e de tecido naturalzinho tem muito pouco. Da próxima vez que for comprar uma roupa e verificar que ela é “de fibra de bambú”, portanto… Pense duas vezes.
Arnaldo V. Carvalho
PS: Pesquisei bastante antes de publicar esse texto, que deveria ser enorme e cheio de detalhes técnicos. Mas tais textos já existem, são bem feitos e muito completos. O principal nome a denunciar a farsa do tecido de bambú no Brasil é Hans-Jürgen Kleine, e sua denúncia figura dentre as demais de grande clareza e relevância que constam abaixo.
Sites que você precisa ler se quiser saber mais:
http://www.ecotece.org.br/conteudo.php?i=46
http://www.sitiovagalume.com/bambu/bambusc/a-fraude-das-falsas-fibras-texteis-de-bambu/
http://www.nossoambiente.com/index.php?exe=noticia¬icia_id=365
http://sindara.net/2010/03/tecidos-ecologicos-fibra-de-bambu/