Livro Jogos de Tabuleiro na Educação é o item mais vendido da Devir na grande convenção nacional de jogos de tabuleiro (DOFF)

Pois é leitoras e leitores, eu tenho duas notícias bacanas: primeiro é que o livro Jogos de Tabuleiro na educação, organizado por Paula Piccolo e eu, contando com autores fundamentais da teoria, design e aplicação dos jogos de tabuleiro em educação, foi lançado em março na Bett Educar (SP) e na Livraria Leitura (RJ). Eu havia anunciado em meu blog específico de educação, mas não aqui ainda. https://aprendizdeprofessor.wordpress.com/2022/05/21/livro-jogos-de-tabuleiro-na-educacao-com-lancamento-no-rj/)

A segunda notícia é que o livro vende bem, foi o produto com mais cópias vendidas no stand da Devir no megaevento Diversão Offline – o maior em se tratando de jogos de tabuleiro no país. Será sinal de que os “gamers” estão ligados no poder educacional dos jogos, ou será que os educadores tem uma “veia gamer” dentro de si e abundam a comunidade dos jogos, até por reconhecerem que jogo e aprendizado formam um ótimo casamento?

Um fato: repercutiu na comunidade de jogadores, sendo notícia entre muitos criadores de conteúdo no país, como se pode ver nesse apanhado de links:

https://newsrpg.wordpress.com/2022/05/31/jogos-de-tabuleiro-na-educacao/

https://www.ludopedia.com.br/topico/59849/instituto-jedai-material-de-pesquisa-sobre-jogos-de-tabuleiro-na-educacao

https://meepledivino.blog.br/2022/04/devir-lancara-livros-sobre-jogos-de-tabuleiro-no-brasil/

Mas difusões eletrônicas a parte, a maior alegria para um organizador e autor de livro como eu é o feedback de quem está lendo. Tenho recebido o contato dos leitores e bastante feliz que o livro está sendo ao mesmo tempo útil e agradável para eles. Viva!

Enfim. O jogo está nas livrarias para quem quiser, mas ainda tenho alguns exemplares comigo, de minha cota de autor, e posso enviar autografado, por R$50,00 (mais frete se houver). Quem tiver interesse é só me procurar diretamente.

Abraços do Arnaldo

“Retratos de família”: publicação reúne visões pessoais acerca dos jogos de tabuleiro

Capa de Retratos de Família, organizado por Luiz Cláudio Silveira Duarte.

Cada capítulo, um primeiro nome. Começa com Paula, Fábio, Daniel, Arnaldo (sim, eu), e seguem muitos nomes até o último, Luiz Cláudio que organizou a obra. 32 pessoas, 32 retratos do significado pessoal de jogo, segundo essa “família do tabuleiro” que Luiz Cláudio reuniu magistralmente, em 32 capítulos. Uns são curtinhos, de uma página objetiva (mas não sem ser plena de significado); outros gorduchos e divagantes (como o meu).

Quando o Luiz Cláudio Silveira Duarte (https://quartelmestre.com/) me convidou a fazer parte do projeto, não tinha muita ideia do que e como essa costura ia ser feita. A única certeza é que esse velho amigo, com quem troco desde… 2007? Sobre os jogos e o lúdico tem uma visão excepcional de jogo, é fera na escrita, entende de editoração e faz tudo muito bem feito. Só podia sair como saiu. Uma pérola generosa, gratuita e disponível via Internet para todos (https://quartelmestre.com/2022/06/27/retratos-de-familia/)!

É uma leitura deliciosa, um livro de cabeceira a estar em qualquer kindle ou tablet na hora de dormir, ou quando se quer ir à rede e balançar conversando relaxadamente com cada autora ou autor.

Basta ir ao link acima e experimentar. Garanto que vão curtir.

Sobre meu capítulo no super livro “Brincar e Educar”

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O capítulo sobre jogos de tabuleiro passa por uma rápida diferenciação entre os jogos de tabuleiro e suas versões mais atuais, construídos sob as premissas de design de jogos de tabuleiro, surgida na virada do século XX para o XXI, e então entra na pegada prática, de como se utilizarem os jogos em educação. A ideia é apontar para o básico do que se preocupar para que os jogos sejam uma ferramenta bem utilizada e aprendentes e educadores possam viver uma experiência recompensadora de ensino-aprendizagem através deles. Adiciono ao capítulo um vídeo especial, acessado a partir de um QR Code incluso no próprio livro, com conteúdos complementares a este. Acho que no final ficou uma experiência introdutória proveitosa para aqueles que estão começando a perceber o poder dos jogos de tabuleiro em educação.

O geral do livro

Este livro compõe a incrível coleção da Editora Supimpa, toda focada em educação lúdica.

Como a própria editora apresenta em seu site:

 A obra nasce da nossa inquietação em apresentar caminhos para uma educação mais lúdica e que possa priorizar as experiências significativas para o desenvolvimento daquele que brinca, para todos! 

No sumário, vê-se que são muitos os autores e temas, o que justificam as 350 páginas em formato A4:

Sumário – Autores

O brincar na sua essência (André Barros) / Interesses culturais para o brincar e o educar (Luiz Pina) / Jogos comperativos (Arnaldo Villa) / Brincadeiras psicomotoras (Elma Veloso) / Jogos de tabuleiro (Arnaldo Carvalho) / O brincar (Marina Capistrano) / Brincadeira, jogo ou esporte? (Fabricio Monteiro) / A riqueza do simples brincar (Luciane Farias) / Brincando para o futuro (Jouener Araújo) / Práticas holísticas na escola (Cristiane Pelozato) / O Brincar livre e a natureza (Vanice M. Godines) / O jogo como ferramenta terapêutica (Vânia Durão) / Quem quer brincar põe o dedo aqui (Sandra Bittencourt) / O brincar na Educação Infantil (Fabiana Vieira) / O brincar em Festas (Tiago Nunes) / Jogos cooperativos (Veronica Rikansrud) / O brincar (Luis Veneziani) / Brincar desde cedo (Vera Melis) / Contação de histórias inclusiva (Cleide Almeida) / Brinquedo natureza (Alex Alves) / O novo desafio da recreação (Emerson Dorigatti) / Recreação em Piscinas (Virgilio Abrahão) / Analogias e metáforas na educação (Luciana Moreira) / O brincar na primeira infância (Jérsica Kuhn) / O faz de conta e o Aprender (Fernando Nery) / A sinestesia da arte no brincar (Fabiana Temponi) / Onde queremos chegar com a educação? (Rafael Pontes) / O lúdico que habita em mim (Joice Santos) / Caça ao tesouro geográfico (Mirella Rosenberger) / Integração espontânea (Gabriel Teixeira) / O brincar como inspiração pedagógica (Cecilia Prando) / O brincar, a psicomotricidade e a educação (Luciana Imperador) / O imaginário e as narrativas infantis (Luciana Souza) / Se aprende língua estrangeira brincando? (Jéssica Xavier) / O brincar na família (Leticia Garcia) / Jogos de mesa inclusivos (Priscila Ribeiro) / Eu brinco, tu brincas e nós brincamos (Bruno Rossetto e Carmen Lopes) / O brincar da cultura afro-brasileira (Hugo Victor) / A recreação na espiritualidade (Gleison Ribeiro) / O brincar e a cultura (Camila Evelyn) / A história da boneca de pano negra (Mirela Arruda e Rita de Cássia) / Percepção visual na infância (Amalia Cardoso) / A intencionalidade pedagógica no brincar (Dirce Soares) / O professor como agente transformador (Mindrea) / A autoestima das crianças em vulnerabilidade social (Anderson Caetano) / Aprender, brincar e incluir (Marli Vizim) / O brincar livre e a natureza (Tatiane Teixeira) / Os jogos a as habilidades psicomotoras (Cristiane Nunes) / A música na aprendizagem infantil (Julio Anderson) / Estimulação psicomotora na escola (Vivian Mazzeo) / Obesidade infantil no Brasil (Everton Silva)

Uma inovação do livro é que ele acompanha, utilizando QR Code, 60 vídeoaulas com conteúdos gravados pelos autores em seus capítulos.

Brincar e Educar pode ser adquirido diretamente na editora, em:

https://brincadeirasejogos.lojavirtualnuvem.com.br/produtos/brincar-e-educar-conceitos-praticas-e-inspiracoes/

Orangotangos de Darwin… E nós mesmos.

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Ontem em pequeno intervalo, peguei na minha estante do consultório o livro “A expressão emocional dos animais”, escrito pelo Charles Darwin (1809-1882). Ele mesmo!

Adoro esse livro. Como desde sempre, o abri ao acaso. Lá estava Darwin, discorrendo sobre as expressões faciais e corporais do orangotango frente a um espelho recém colocado em sua área no zoológico.

Quanto mais leio Darwin – e vou fazendo isso há tempos –  me impressiono com a dedicação de Darwin a compreender os demais espécimes, como se a eles perguntasse continuamente: me ajuda a descobrir quem ou o que sou?

(Arnaldo V. Carvalho)

Não há quem detenha a voz humana

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“Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, e ainda assim os dedos dançavam, voavam, desenhavam palavras. Os presos estavam encapuzados; mas inclinando-se conseguiam ver alguma coisa, alguma coisinha, por baixo. E embora fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.

Pinio Ungerfeld me ensinou o alfabeto dos dedos, que aprendeu na prisão sem professor:

— Alguns tinham caligrafia ruim — me disse —. Outros tinham letra de artista.

A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas um, que cada um fosse ninguém: nas cadeias e quarteis, e no pais inteiro, a comunicação era delito.

Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços solitários do tamanho de um ataúde, sem escutar outras vozes além do ruído das grades ou dos passos das botas pelos corredores. Fernandez Huidobro e Mauricio Rosencof, condenados a essa solidão, salvaram-se porque conseguiram conversar, com batidinhas na parede. Assim contavam sonhos e lembranças, amores e desamores; discutiam, se abraçavam, brigavam; compartilhavam certezas e belezas e também dúvidas e culpas e perguntas que não tem resposta.

Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos, ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos, temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada.

GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. L&PM

https://jornalggn.com.br/sites/default/files/u1296/o_livro_dos_abracos_0.jpg

Peter Burke e a história do corpo

Em seu livro “O que é História Cultural”, Peter Burke declara, a respeito dos estudos da Nova História Cultural (NHC, os estudos combinados da historiografia e da antropologia dos anos de 1990 para cá) acerca do corpo:
Se existe um domínio da NHC que hoje é muito próspero, mas que pareceria quase inconcebível uma geração atrás, este é a história do corpo”.
Fiz questão de copiar o trecho do livro a respeito do tema, repleto de referências de autores importantes, para compartilhar com vocês leitores e os interessados em conhecer mais esse corpo-cultura-história da humanidade. (Arnaldo)
A história do corpo
Se existe um domínio da NHC que hoje é muito próspero, mas que pareceria quase inconcebível uma geração atrás —
em 1970, digamos —, este é a história do corpo. As raras contribuições feitas nesse campo em décadas anteriores eram pouco conhecidas ou consideradas marginais.
Da década de 1930 em diante, por exemplo, o sociólogo-historiador brasileiro Gilberto Freyre estudou a aparência física dos escravos tal como registrada em anúncios de fugitivos publicados nos Jornais do século XIX. Observou as referências às marcas tribais que revelavam de que parte da África os escravos provinham, às cicatrizes dos repetidos açoitamentos e aos sinais específicos do trabalho, tais como a perda de cabelo em homens que levavam cargas muito pesadas na cabeça. Da mesma forma, um estudo publicado em 1972 por Emmanuel Le Roy Ladurie e dois
colaboradores usou os registros militares para estudar o físico dos recrutas franceses no século XIX, observando, por exemplo, que eles eram mais altos no Norte e mais baixos no Sul, diferença de altura que quase certamente se deve a diferenças de nutrição.
Em compensação, do início da década de 1980 em diante, uma corrente cada vez maior de estudos concentrou-se nos corpos masculino e feminino, no corpo como experiência e como símbolo, nos corpos desmembrados, anoréxicos, atléticos, dissecados e nos corpos dos santos e dos pecadores. A revista Body and Society, fundada em 1995, é um fórum para historiadores e sociólogos. Já se dedicaram livros à história da limpeza dos corpos, da dança, dos exercícios, da tatuagem, do gesto. A história do corpo desenvolveu-se a partir da história da medicina, mas os historiadores da arte e da literatura, assim como os antropólogos e sociólogos, se envolveram no que poderia ser chamado de “virada corporal” — como se já não houvesse tantas viradas que os leitores correm 0 risco de ficar tontos.
Alguns dos novos estudos podem ser mais bem descritos como tentativa de reivindicar outros territórios para o historiador. A história do gesto é um exemplo óbvio. O medievalista francês Jacques Le Goff inaugurou 0 campo; um grupo Internacional de acadêmicos, de classicistas a historiadores da arte, contribuiu também, enquanto um ex-aluno de Le Goff, Jean-Claude Schmitt, dedicou um trabalho importante ao gesto na Idade Média. Schmitt percebeu o crescente interesse pelo tema no século XII, que deixou um corpus de textos e imagens que lhe permitiu reconstituir gestos religiosos, como rezar, e gestos feudais, como armar um cavaleiro ou prestar homenagem a um
senhor. Ele argumenta, por exemplo, que rezar com as mãos postas (e não com os braços abertos) e também se ajoelhar para rezar eram transferências para o domínio religioso do gesto feudal de homenagem, ajoelhar-se diante do senhor e colocar as mãos entre as dele.3
Um exemplo vindo da história russa mostra como é importante prestar atenção histórica a diferenças aparentemente pequenas. Em 1667, a Igreja Ortodoxa Russa cindiu-se em duas, quando um conselho reunido em Moscou apoiou inovações recentes e excomungou os defensores da tradição, mais tarde conhecidos como “velhos crentes”. Uma das questões em debate era se o gesto de abençoar deveria ser feito com dois dedos ou três. Não é difícil imaginar como os historiadores racionalistas de épocas posteriores descreveram tais debates, encarando-os como típicos da mentalidade religiosa ou supersticiosa, distante da vida real e incapaz de distinguir 0 significante do insignificante. No entanto, aquele gesto mínimo implicava uma escolha importante. Três dedos significavam seguir os gregos; dois, manter as tradições russas. Citando mals uma vez Bourdieu, ‘ia identidade social está na diferença’ .
Outros estudos sobre a história do corpo também desafiam suposições tradicionais. Por exemplo, o livro de Peter Brown The Body and Society (1988) ajudou a solapar a visão convencional do ódio cristão ao corpo. O mesmo foi feito por Holy Feast and Holy Fast (1987), de Caroline Bynum, discutido anteriormente (ver p.67) como exemplo de história das mulheres, mas igualmente importante por Sua discussão sobre o corpo e o alimento como meio de comunicação.
Como observou Roy Porter, um dos pioneiros do campo, a rápida ascensão do interesse pelo assunto sem dúvida alguma foi encorajada pela disseminação da Aids, que chamou a atenção para “a vulnerabilidade do corpo moderno”. O aumento do interesse pela história do corpo segue paralelo ao interesse pela história do gênero (ver p.65-6). No entanto, as referências ao corpo presentes nas Obras dos teóricos discutidos no começo deste capítulo sugerem uma explicação mais profunda para uma tendência mais gradual. A discussão de Mikhail Bakhtin sobre cultura popular na Idade Média, por exemplo, tem muito a dizer sobre corpos grotescos e especialmente sobre o que o autor descreveu como “o estrato corporal inferior”. Na história de Norbert Elias sobre o autocontrole, estava implícita, se não explícita, uma preocupação com o corpo.
Na obra de Michel Foucault e Pierre Bourdieu, os suportes filosóficos do estudo sobre o corpo tornam-se visíveis. Como o filósofo francês Maurice Merleau-Ponty, Foucault e Bourdieu romperam com a tradição filosófica que remontava a Descartes e separava 0 corpo da mente, a ideia do “fantasma na máquina’ como descreveu galhofeiramente o filósofo inglês Gilbert Ryle.
O conceito de habitus, de Bourdieu, foi expressamente designado para cobrir o intervalo ou para evitar a oposição simples entre mentes e corpos.
Fonte: BURKE, Peter. O que é história cultural? Rio de Janeiro: Zahar, 2008, p. 94-97

Semelhanças entre o Brasil atual e a França de 1768? Pergunte ao Voltaire

Em mais um conto bem humorado de Voltaire, “O Homem dos Quarenta Escudos” traz um retrato de incongruências sociais na França de seu tempo, e revela que as desigualdades, o pensamento e o economês avançaram bem pouco.

Deixo aqui o trecho “Conversação com um geômetra”, segundo capítulo desta obra que, por cinco anos (entre 1768, quando de seu aparecimento, a 1773) manteve seu autor no anonimato, e foi condenado nesse tempo tanto pelo parlamento francês como pelo papa.

Algum leitor consegue marcar correspondências entre aquele contexto e o que estamos vivendo?

(Arnaldo)

 

A obra completa é de domínio público, e pode ser lida sem restrições através do site:

Click to access cv000059.pdf

Como sair do ódio (Jacques Rancière)

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Guerra ou política? Segundo Jacques Rancière, a política passa longe das artimanhas jurídicas e institucionais da política de gabinete. É uma forma de ação e de subjetivação coletiva que constrói um mundo em comum, no qual se inclui também o inimigo. A ação política cria identidades não-identitárias, um “nós” aberto e inclusivo que reconhece e fala de igual para igual com o adversário. A guerra, pelo contrário, tem como protagonista fundamental formações identitárias fechadas e agressivas (sejam elas éticas, religiosas ou ideológicas) que negam e excluem o outro do mundo partilhado. Entre o outro e o eu, nada em comum.

A verdadeira alternativa, segundo Rancière, não está na polarização que o discurso hegemônico nos apresenta: “populistas contra democratas”. Para ele, o melhor remédio possível neste momento é a própria ação política, autônoma em relação aos lugares, aos tempos e à agenda estatal. Só elaborando o mal-estar (o “ódio” diz Rancière) em chaves políticas de emancipação (coletivas, igualitárias, abertas e inclusivas) se poderá, por exemplo, disputar terreno com esta “lógica da guerra”. A politização do mal-estar é o melhor antídoto contra a sua instrumentalização por parte daqueles que querem encontrar bodes expiatórios entre os outros.

Essa é a forma como a Boitempo Editorial apresentou o pensamento do filósofo francês Jacques Rancière (1940-), professor emérito da Universidade de Paris. A esta apresentação seguiu-se a tradução de uma interessante entrevista, e compõe material que divulga o lançamento de seu último livro, lançado aqui pela citada editora. Sobre isso, leia direto em: https://blogdaboitempo.com.br/2016/05/10/como-sair-do-odio-uma-entrevista-com-jacques-ranciere/

Me interesso por todo aquele que pensa em alternativas ao ódio, e sobre isso as ideias de Rancière são de uma lucidez extraordinária e de um Amor ao próximo auspicioso. (Arnaldo)

Biblioteca circulante

Biblioteca circulante! cel_claro 220_exposure É numa pequenina galeria na Rua Moreira César, em Niterói, que se abriga um exemplo de vida em comunidade, em plena selva de pedra.

Tratam-se das caixas de livros da Biblioteca Circulante, iniciativa da dona da papelaria local.

É assim: você olha o que quer e leva. E se quiser, deixa também. Outro dia, deixei por lá clássicos da literatura, livros de psicologia, e outros. Outro dia, encontrei para quem quiser o Menino Maluquinho, As Brumas de Avalon, Pais Ok Filhos OK… Tanta coisa boa! Tem coisa boa e tem coisa nova, e tem coisa atemporal, e tem livro didático… As palavras falam por si: é chegar, pegar para ler e mandar os livros que estão pegando poeira na sua prateleira para lá.

Mas atenção: se você vê um livro com o carimbo da biblioteca sendo vendido, não compre: esse livro pertence a todos graças a iniciativa de uma pessoa que ama a leitura. Tô pensando em fazer isso aqui em São Gonçalo também. Vamos espalhar a ideia?

(Arnaldo V. Carvalho)

 

 

Orixá Reichiano!

De tudo aqui, arrisco dizer que Reich só não concordará que “o amor só é bom se doer”. Nem eu!

Vai, vai, vai, vai amar! Vai, vai, vai, vai  sofrer! Vai, vai, vai, vai chorar! Vai, vai, vai, vai dizer!

Vai, vai, vai, vai VIVER!

e VIVA VINÍCIUS!


O homem que diz “dou” não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz  “vou” não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz “sou” não  é
Porque quem é mesmo é “não sou”
O homem que diz “estou” não  está
Porque ninguém está quando quer
Coitado do homem que cai
No canto  de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de  amor

Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai,  vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Que eu não sou ninguém  de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu  só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo  amor

Amigo sinhô
Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de  Ossanha, não vá
Que muito vai se arrepender
Pergunte pro seu Orixá
Amor  só é bom se doer

Vai, vai, vai, vai amar
Vai, vai, vai, vai  sofrer
Vai, vai, vai, vai chorar
Vai, vai, vai, vai dizer
Que eu não  sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que  passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de  um novo amor

Link:  http://www.vagalume.com.br/toquinho-e-vinicius/canto-de-ossanha.html#ixzz2FoOBHDPI